Opinião GP: Morte de Salom reacende debate sobre segurança, mas mostra força dos pilotos e devolve paz ao paddock

A trágica morte de Luis Salom em decorrência de forte acidente na segunda sessão de treinos da Moto2 reacendeu o debate sobre a segurança no Mundial de Motovelocidade, mas também mostrou a força dos pilotos para influenciar decisões nessa matéria. Além disso, a tragédia de sexta-feira também foi responsável por levar a paz de volta ao paddock

Cinco anos depois da morte de Marco Simoncelli, o Mundial de Motovelocidade voltou a ser assombrado pela tragédia. Na sexta-feira, durante a segunda sessão de treinos livres para o GP da Catalunha de Moto2, Luis Salom sofreu um acidente ainda inexplicável e sucumbiu às lesões sofridas em decorrência do choque com a Kalex, que rebotou após impactar no air-fence.

Nascido em Palma de Maiorca, Salom ganhou fama no Mundial por conta de sua excelente performance na parte final da corrida em seus anos de Moto3. Postulante ao título em 2012 e 2013, a carreira de Luis tem duas provas que merecem um especial destaque: Indianápolis 2012 e Valência 2013.

O lendário traçado norte-americano foi palco de seu primeiro triunfo, uma vitória disputada até o fim com Maverick Viñales e Sandro Cortese. O hoje piloto da Suzuki acabou caindo, mas o alemão ficou na pista até o fim para ver Salom receber a bandeirada com 0s056 de vantagem.

Luis Salom é atendido na pista de Barcelona após forte acidente no TL2 da Moto2 (Foto: Reprodução/Twitter)
No ano seguinte, Salom chegou à corrida final da temporada no circuito Ricardo Tormo brigando com Viñales e Álex Rins pelo título. O ‘Mexicano’ liderava a disputa com dois pontos de vantagem para Maverick e cinco para o atual titular da Pons. O revés, no entanto, veio ainda no início da prova, com uma queda que acabou lhe tirando da briga. A taça acabou nas mãos do #25.
 
O salto para a Moto2 veio pelas mãos da Pons, que foi defendida pelo espanhol durante dois anos. Sem resultados muito expressivos — com apenas dois pódios: um terceiro lugar no GP da Argentina e um segundo no GP da Itália de 2014 —, Salom partiu para a Stop & Go em 2016 e começou o ano em alta, com um segundo posto no Catar, um pódio inesperado fruto de uma corrida marcada por um festival de punições por queima de largada.
 

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Na sequência da temporada, os resultados não foram muito positivos, mas não mudaram a reputação de Luis: um piloto capaz, sorridente e dono de reações inesperadas em momentos de decepção.
 
O acidente de sexta-feira tira de cena um piloto qualificado, querido pelo paddock e, além disso, coloca em debate a segurança do Mundial.
 
A área de escape da curva 12 tem asfalto no lugar de brita, um fator que pode ter sido decisivo no desfecho do acidente. O layout da escapatória é resultado de uma modificação feita para atender à F1, que nem sequer usa mais aquele trecho do circuito.
 
Ainda assim, Carmelo Ezpeleta, diretor-executivo da Dorna, a promotora do certame, afirmou que a colocação de brita não foi considerada, já que ninguém esperava um acidente de tal dinâmica.
 
Mas existia, sim, a preocupação com a segurança naquele ponto do traçado, onde os pilotos da MotoGP, por exemplo, chegam a uma velocidade de 177 km/h, de acordo com os dados fornecidos pela Brembo, a fabricante dos freios da categoria. Por isso, foram colocados air-fences, uma proteção inflável que é utilizada para absorver o impacto em áreas onde não é possível afastar o muro.
 
A avaliação da organização do Mundial é de que o air-fence cumpriu seu papel, mas o fato de Salom ter se chocado com a própria moto foi decisivo para o desfecho fatal.
 
Assim como o reforço nos air-fences foi resultado de um acidente — com Niccolò Antonelli —, a morte de Salom também trouxe uma reação rápida. Da mesma forma como acontece toda sexta-feira em fins de semana de corrida, a Comissão de Segurança se reuniu para abordar o assunto.
 
Depois de consultar a SAG e a família de Luis, a decisão foi a de seguir adiante com o GP, mas desde que o traçado fosse alterado. O que levou o Mundial de Motovelocidade a utilizar o layout da F1 a partir de sábado.
 
A Comissão de Segurança da MotoGP existe desde 2003 e é uma consequência direta da morte de Daijiro Kato. O grupo é formado por pilotos, representantes da FIM (Federação Internacional de Motociclismo) e também da Dorna.
 
As reuniões tem data e horário fixo, mas nem mesmo a morte de Salom foi suficiente para inflar a audiência do encontro. Apenas dez pilotos compareceram à Comissão na sexta: Aleix e Pol Espargaró, Cal Crutchlow, Marc Márquez, Andrea Iannone, Andrea Dovizioso, Jack Miller, Bradley Smith, Álvaro Bautista e Tito Rabat.
 
Esse grupo, em conjunto com a FIM e a Dorna, decidiu pela modificação do traçado, mas não só no ponto do acidente, como também alguns metros antes, na La Caixa, a curva dez do traçado — chamada pelos pilotos de curva nove. A alegação era de que também de trata de um ponto arriscado, uma vez que a área de escape não é suficiente para parar um piloto antes da chegada ao muro.
 
A modificação do traçado, no entanto, não foi bem aceita por todo mundo. Na nova configuração, o layout acabava favorecendo a Honda, já que tirava a principal força da Yamaha: o ritmo de curva.
Nova chicane de Montmeló para MotoGP (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)
Valentino Rossi chegou a declarar que a modificação tinha sido feita para beneficiar quem teve a ideia de alterar o traçado — uma insinuação dirigida a Márquez —, com Jorge Lorenzo reclamando que, como atual campeão e então líder do Mundial, deveria ter recebido um convite para participar da Comissão.
 
A reação da dupla de Iwata causou revolta de alguns pilotos, especialmente os irmãos Espargaró e Smith. O trio cobrou a presença de Rossi e Lorenzo nos encontros e lembrou que os pilotos precisam especialmente do italiano, por conta de sua experiência e importância.
 
E aqui vale um parêntese. Rossi era presença frequente na Comissão de Segurança, mas abandonou os encontros depois do GP da Malásia do ano passado, quando a polêmica entre ele e Márquez ganhou um contorno mais dramático. Lorenzo, por outro lado, não comparece já há algum tempo, já que deixou de ir às reuniões por sentir que não foi ouvido quando se queixava de Marco Simoncelli. O piloto italiano morreu em um acidente em 2011.
 

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Apesar de estarem seguindo o desejo da equipe e da família de Salom, continuar correndo não foi fácil para ninguém e a tensão foi clara durante a coletiva de imprensa de sábado. Dani Pedrosa chegou a admitir que não se incomodaria com o cancelamento da corrida. Pol Espargaró e Danilo Petrucci também admitiram que não gostariam de correr.
 
Mas não foi só isso. A justificativa de Lorenzo para a ausência na Comissão não foi bem aceita e levou Márquez a reagir, lembrando que o encontro tem data e hora fixa e está aberto a todos os pilotos.
 
Os representantes das categorias menores — Johann Zarco e Brad Binder, naquela ocasião — também foram questionados sobre o motivo de não participarem, com o francês respondendo que eles talvez não sejam “tão famosos”.
 
Pedrosa, então, interviu e lembrou que muitas decisões são tomadas pensando na MotoGP por conta do peso e da velocidade das motos, mas que os pilotos da classe rainha também abordam assuntos referentes às categorias menores.
 
A tensão, entretanto, ficou ainda mais evidente quando um jornalista do diário italiano ‘La Gazzetta dello Sport’ decidiu perguntar quem estava mentido: Ezpeleta, que afirmou que a curva 12 nunca tinha sido alvo de queixas, ou Rossi, que afirmou que aquele ponto do traçado era alvo de debates há seis anos.
 
Sempre ponderado, Zarco reagiu. Ao pedir a palavra, o titular da Ajo classificou a pergunta como “uma merda” e mandou o jornalista se calar, alegando que ele tentava criar um problema que os pilotos não precisavam.
 
Márquez, então, respondeu, dizendo que ninguém mentiu, já que o reforço ao air-fence tinha sido feito para atender essa preocupação, mas que um acidente com a dinâmica do que vitimou Salom era inesperado.
 
Polêmica à parte, a Comissão de Segurança da MotoGP é um exemplo a ser seguido por todas as outras categorias. FIM e Dorna permitem e, mais importante, consideram a opinião dos pilotos, dando a eles a chance de estarem diretamente envolvidos em um assunto de extrema importância.
 
Ainda assim, é questionável a ausência de tantos pilotos. Lorenzo e Rossi foram os mais lembrados, especialmente por serem os dois primeiros na classificação do ano passado, mas não foram os únicos ausentes. O que pode ser mais importante do que isso?
Pol Espargaró prestou uma homenagem especial a Salom (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)
É preciso lembrar também que, como pilotos de Moto3 e Moto2 não participam dos encontros, os titulares da MotoGP também têm a incumbência de zelar por eles.
 
O último presente de Salom
 
Ao contrário do que aconteceu na morte de Simoncelli, quando Paolo, o pai do piloto, pediu por um minuto de barulho, Salom foi homenageado com um minuto de silêncio.
 
Durante a homenagem, realizada após o warm-up e antes da largada da Moto3, a emoção dos pilotos ficou clara, com muitos deles segurando as lágrimas. E a torcida fez o que pôde para amparar os competidores e membros do paddock.
 
É claro que todos eles sabem do risco do esporte que praticam, mas isso não significa que eles viajem para cada etapa pensando que um acidente fatal pode, efetivamente, acontecer.
 
Além disso, as mortes recentes — Kato, Shoya Tomizawa e Simoncelli — aconteceram por conta de acidentes em corrida, o que deu aos pilotos a oportunidade de encerrar o trabalho e absorver o que aconteceu em casa. Desta vez, eles tiveram de encarar mais dois dias de trabalho — ou três, se levarmos em conta que a MotoGP faz um teste coletivo nesta segunda.
Valentino Rossi e Marc Márquez, enfim, deram as mãos (Foto: Repsol)
O ambiente era de tristeza, mas o tributo ao piloto espanhol também serviu para unir o paddock, especialmente o da MotoGP, rachado depois de toda a polêmica do ano passado.
 
Incumbidos da missão de correr, os pilotos fizeram o que puderam para homenagear Luis. E da única forma que podiam: com boas corridas.
 
Ao fim de cada uma delas, os competidores vestiram uma camiseta preta em homenagem ao #39 e a maioria dedicou seus resultados ao colega.
 
Na MotoGP, entretanto, o tributo foi um pouco mais surpreendente. Naquilo que a imprensa espanhola tem chamado de ‘Último presente de Salom’, Rossi, enfim, estendeu a mão para Márquez, selando a paz entre os dois pilotos que se estranham desde o ano passado e que tinham acabado de ter um belo confronto pela vitória.
 
Claro que ninguém espera que os dois voltem a ter a mesma relação de outrora, mas foi um passo importante para acalmar um ambiente que parecia ir de mal a pior.
 
Questionado sobre o gesto, Rossi contou que entendeu que era necessário normalizar as coisas com Márquez. Indagado, então, se isso vai ajudar a melhorar a relação com o rival da Honda, Valentino respondeu que “sim” e reconheceu que a morte de Salom teve ligação direta com a atitude, já que o levou a pensar que os pilotos precisam de um ambiente mais tranquilo, uma vez que estão expostos a tantos riscos.
 
O #93, por sua vez, celebrou a aproximação, contou que esperava por um gesto de Valentino e avaliou que o aperto de mãos não podia ter acontecido em um momento melhor. “O motociclismo precisava disso”, disse Marc.
 
E precisava mesmo.

Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.

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