Retrospectiva 2023: Marc Márquez sofre com Honda e abisma MotoGP com troca histórica

Marc Márquez sucumbiu à falta de performance da Honda e decidiu jogar tudo para o alto para poder correr com a Ducati. A temporada 2023 mostrou um espanhol ainda aguerrido, mas claramente limitado pelo equipamento

MARC MÁRQUEZ PODE ATÉ NÃO CONHECER CHARLIE BROWN JR., mas a discografia da banda traz uma música perfeita para definir o que foi o 2023 do espanhol. Como bem disse Chorão, “jogar tudo pro alto me convém”. E assim o #93 fez.

Acostumado a vencer, o espanhol viu a carreira virar de ponta cabeça com a lesão de 2020. Depois de quatro cirurgias no braço direito, 2023 foi o primeiro campeonato que viu um Marc em plena forma. Fisicamente, o piloto de Cervera se apresentou em Portugal completamente preparado.

Mas a Honda não acompanhou o movimento. Enquanto o mais velho dos irmãos de Cervera lutou para voltar ao combate, a marca da asa dourada ficou estagnada. Após fechar a temporada 2022 na lanterna do Mundial de Construtores, 293 pontos atrás da campeã Ducati, a marca japonesa pouco fez na RC213V. Tanto é assim que o resultado se repetiu neste ano, mas agora com 515 pontos a menos que a campeã — em uma temporada que distribuiu 728 pontos, 45,6% a mais do que no ano anterior.

Em um esporte cada vez mais europeu — apesar do histórico dominante das marcas japonesas —, a velocidade de reação e o trabalho, especialmente em aerodinâmica, são as ordens do dia na MotoGP. E, nesse campo, a Honda vem deixando a desejar.

Marc Márquez decidiu deixar a Honda para voltar a ser competitivo (Foto: Gold & Goose/ Red Bull Content Pool)

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É fato, porém, que a Honda tentou se movimentar. Os japoneses fizeram mudanças na estrutura da companhia e trouxeram novas pessoas, tudo para acelerar o desenvolvimento. Mas isso chegou tarde.

Como também escreveu Chorão, “desesperado com o mundo eu estou também”. O mais velho dos Márquez vai fazer 31 anos em fevereiro próximo e sente que não tem mais tempo para esperar. Além da fome de alguém acostumado a vencer, mas que está longe do topo do pódio há mais de 700 dias, o #93 também busca respostas. Ele ainda quer saber se pode ser o mesmo de antes ou se a lesão e as muitas cirurgias deixaram sequelas permanentes.

Pelo que se viu em 2023, Márquez segue capaz de ser aquele velho Márquez, mas a limitação da moto o impediu de fazer mais. Em alguns momentos, o piloto espanhol se pôs competitivo, mas era muito difícil fazer frente às motos de Aprilia, KTM e Ducati, especialmente.

Mas Marc ainda conseguiu operar milagres. E com aquele toque especial: foi terceiro colocado no GP do Japão, a corrida de casa da Honda. Foi uma espécie de despedida, já que a passagem por Motegi foi decisiva para o que viria a seguir.

Marc Márquez busca recuperação plena em 2024 (Foto: Divulgação/ MotoGP)

Mesmo assim, não foi suficiente. O espanhol quer mais. E é por isso que optou por uma troca sem precedentes na MotoGP: abandonar uma equipe de fábrica para, por escolha própria, defender uma satélite.

Nos últimos anos, mesmo com a mudança de comando, já que Nadia Padovani tomou frente da equipe após a morte do marido, a Gresini conseguiu se converter em uma protagonista. Ainda que correndo com uma moto defasada, a equipe de Faenza foi o bastante para permitir, por exemplo, que Enea Bastianini fosse bem sucedido o bastante para garantir o salto para a Ducati.

Mas o #23 provavelmente não foi a melhor referência. Caçula da família, Álex corre pela Gresini desde o início do ano e, além de se encantar de cara com a moto da Ducati, também viu os resultados melhorarem. O piloto de 27 anos saltou de 17º na classificação de 2022, quando ainda corria pela LCR Honda, para nono em 2023, com dois pódios em GP, uma pole e uma vitória na corrida sprint da Malásia.

Álex, com certeza, pôde dar ao irmão as referências necessárias em relação à Gresini. A Ducati, por outro lado, fala por si. Das oito motos de que dispõe — quatro do ano e outras quatro defasadas —, apenas duas não venceram GPs: as de Álex Márquez e Luca Marini. Além disso, a marca de Borgo Panigale foi campeã do Mundial de Construtores e fez um 1-2-3 na classificação do Mundial de Pilotos, com Francesco Bagnaia, Jorge Martín e Marco Bezzecchi.

Importante destacar, também, que a Ducati é uma moto muito mais equilibrada do que a Honda. Marc se machucou demais nos últimos anos e nem 2023 escapou da estatística. O #93 fraturou a mão direita ainda no primeiro fim de semana da temporada e precisou passar por cirurgia. Mas o pior momento veio mesmo na Alemanha, uma pista onde enfileirou vitórias por anos.

Marc caiu tantas vezes em Sachsenring que, depois do quinto tombo, no warm-up, optou por não correr. Ele tinha fratura em um dedo da mão esquerda, além de hematomas e uma lesão no tornozelo. Na prova seguinte, na Holanda, os tombos voltaram a se repetir, o que piorou uma fratura de costela e culminou em nova ausência.

Mas, mesmo neste cenário, deixar a Honda não foi fácil. Marc encara a montadora como família e disse reiteradas vezes que trata-se de um até logo, não um adeus. Só o tempo vai dizer o desfecho desta história.

Marc Márquez bem encaixado na Ducati é dor de cabeça para todos os demais
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