Opinião GP: Em pânico, Mercedes dá ordem, cria saia justa e ameaça interferir em luta pelo título

Com a intenção de otimizar a estratégia diferente de Nico Rosberg, a Mercedes solicitou que Lewis Hamilton deixasse o companheiro passar durante o tumultuado GP da Hungria. Mas o inglês, pensando na luta pelo título, recusou-se a abrir caminho ? no fim das contas, a leitura do piloto se mostrou correta

 AS ORDENS DE EQUIPE INADEQUADAS voltaram ao noticiário do Mundial de F1. Dessa vez, por cortesia da Mercedes, que mandou Lewis Hamilton abrir caminho para Nico Rosberg durante o GP da Hungria deste domingo (27). Na tumultuada 11ª etapa da temporada, a equipe interpretou que teria mais chances de vencer em Hungaroring com a tática que estava sendo usada pelo alemão. Acontece que, para alcançar esse objetivo, o time precisaria que Hamilton não abrisse somente o caminho, mas também comprometesse sua posição na disputa pelo título — e foi aí que pegou mal. Naquele momento da prova, Hamilton estava em terceiro e tentando encontrar uma brecha para ultrapassar a Ferrari de Fernando Alonso — nenhum dos dois pretendia trocar pneus novamente. Já Rosberg teria, sim, de ir ao box para mais um pit-stop. Como o alemão estava mais rápido, a Mercedes queria dar-lhe a chance de atacar Alonso para então, com pista livre, ganhar tempo. 

Ocorreu, aí, o que Niki Lauda descreveu como "pânico" e o que Toto Wolff se recusou a chamar de "ordem": o pedido — que chegou a ser reforçado — para que Lewis deixasse a porta aberta para Nico. O inglês nem deu bola.
 
De dentro do carro, o britânico leu a prova corretamente e, acima de tudo, tratando-na como parte de um campeonato, não como uma corrida qualquer. Hamilton entendeu que aquela batalha, de fato, valia a vitória no GP da Hungria e não estava disposto a permitir que Rosberg aumentasse a vantagem na tabela de pontuação. Ignorou solenemente a ordem enquanto a Mercedes explicava para o alemão que seria preciso encontrar um espaço na pista mesmo. Brigou pela primeira posição até a 67ª volta.
 
Ao ordenar que Hamilton cedesse a posição para Rosberg, a Mercedes — ou pelo menos parte dela — foi contra o discurso que os dirigentes da escuderia têm adotado desde o início do ano: fazer de tudo para não estragar a disputa pelo título. Lauda, o presidente não-executivo, defendeu Hamilton em Hungaroring, ao passo que Wolff não condenou, mostrou-se compreensivo, mas deixou claro que a atitude custou a vitória ao time.

Hamilton e Rosberg andaram próximos neste fim de semana, mas o inglês levou a melhor (Foto: Mercedes)

Wolff, é preciso dizer, tem sido um dos principais defensores de mudanças na F1. Não acredita que o domínio que seu time está impondo neste ano é bom para a categoria — embora garantir tal domínio seja seu trabalho — e entende que é preciso gerar um espetáculo melhor para os fãs, dando mais importância para as disputas dentro da pista e aproximando os torcedores da categoria.
 
Mas o discurso que Wolff defendeu neste domingo foi o do "vença no domingo, venda na segunda", tão mencionado pelas montadoras que se envolvem no automobilismo. Claro que toda marca que entra em uma corrida pensa desta maneira, mas há momentos em que é preciso colocar o esporte acima disso.
 
A imagem que ficou clara para todos é que a Mercedes concorda em deixar Hamilton e Rosberg disputarem livremente desde que eles tenham 30s de vantagem para o resto, como foi no GP do Bahrein.
 
Wolff, Lauda e os pilotos prometeram sentar para conversar e decidir qual procedimento será adotado nas próximas provas. Se a Mercedes realmente está preocupada com a popularidade da F1, deve admitir que não havia a necessidade de colocar o dedo na corrida da Hungria podendo interferir na disputa intensa e extremamente competitiva que Hamilton e Rosberg vêm travando em 2014. O campeonato de Construtores não está ganho, mas está muito bem encaminhado e, portanto, não pode servir de desculpa para uma ordem inadequada e impopular como essa.

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