Coluna Safety-car, por Felipe Giacomelli: Farfus e Massa
Os dois brasileiros tiveram carreiras parecidas na Europa, venceram a F-Renault e conquistaram a F3000 Europeia. Apesar disso, enquanto um se engraçou com a Ferrari o outro viu as portas da BMW se abrirem. E não foi na F1
Quando a BMW retornou ao DTM em 2012, com uma escalação cheia de estrelas do próprio campeonato e de outras categorias, quem diria que um ano depois seria Augusto Farfus a estar na luta pelo título. Apenas no segundo ano no turismo alemão, o brasileiro ignorou nomes como Andy Priaulx, Bruno Spengler e Martin Tomczyk e se colocou como líder da montadora de Munique nesta fase final de campeonato.
Com a vitória no último fim de semana, em Oschersleben, o piloto da BMW alcançou 91 pontos, mas está 33 atrás do líder, Mike Rockenfeller. Com 50 pontos em jogo nas últimas duas corridas, não há dúvidas: Farfus precisa de um milagre para terminar com a taça. O que parece ainda mais improvável levando em conta que o adversário alemão terminou todas menos uma corrida no top-5.
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Apesar de essa tarefa parecer quase impossível, ela não tira os méritos do curitibano. Nas últimas quatro temporadas pela BMW, Farfus competiu com destaque no WTCC, em provas de endurance e no DTM. É difícil encontrar dentro da casa bávara um piloto com tamanha regularidade. E tudo isso sem os holofotes que cercam Spengler, Timo Glock e até mesmo Priaulx e Joey Hand todos os dias.
Essa, na verdade, já é uma realidade na carreira de Farfus. Você pode não se lembrar, mas ele foi o último brasileiro campeão da F-Renault Europeia, em 2001, ao superar o agora colega Spengler, Robert Kubica e Ryan Briscoe. Dois anos mais tarde, triunfou na F3000 Europeia, repetindo exatamente o caminho feito por Felipe Massa no início da carreira.
Contudo, enquanto o paulista engatou um relacionamento com a Ferrari, que durou até a última semana, Farfus viu as portas nos monopostos se fecharem até ser acolhido por outra montadora, a BMW, que defende desde 2007.
Mesmo com a carreira bem sucedida nas terras alemãs, não tenho dúvidas de que o paranaense pensaria bem se tivesse a oportunidade de repetir Massa e ganhar uma vaga na F1. É o que todo piloto quer, ter um carro competitivo e poder mostrar que é o melhor do mundo.
Farfus não teve essa chance. Mas o destino sorriu para ele. Enquanto Massa hoje luta com todas as forças para reunir o orçamento necessário para correr pela Lotus – quiçá pela McLaren – e poder continuar na F1, Farfus vive o sucesso na BMW. Ele é pago para correr e, por méritos próprios, chegou na Meca das categorias de turismo do automobilismo mundial.
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