50 anos de F1 no Brasil: o dia marcado pelo ‘quase’ de Massa e 1º título de Hamilton

É impossível pensar em F1 no Brasil e não lembrar da decisão dramática de 2008. Quando Felipe Massa fez tudo certo, mas ficou no 'quase' quando Lewis Hamilton, na última curva, nos últimos metros, ultrapassou Timo Glock e terminou num quinto lugar suficiente para se tornar campeão mundial pela primeira vez

A todo brasileiro fã de automobilismo, é quase impossível pensar em Interlagos e não lembrar da temporada da Fórmula 1 em 2008. Foi um ano em que a maior categoria do automobilismo viveu de tudo um pouco: marcos históricos, polêmicas, recordes. E, por isso, a última etapa não poderia ser diferente. O GP do Brasil, naquele 2 de novembro, seria o pontapé inicial na carreira de uns, ao passo em que também deixaria um gosto amargo na boca de outros.

O campeonato daquele ano teve 18 corridas. Começou no dia 16 de março, com o GP da Austrália. Lewis Hamilton, que fazia seu segundo ano na F1, venceu a corrida — inclusive, foi caótica: contou com nove abandonos. Depois da vitória de Kimi Raikkönen, atual campeão, na Malásia, Felipe Massa quis esquecer os abandonos nas duas primeiras etapas e levou a melhor no Bahrein. O brasileiro largou em segundo e, após ultrapassar o pole-position Robet Kubica, dominou a prova para marcar a primeira dobradinha da Ferrari em 2008. Hamilton e Massa. Nomes que seriam os protagonistas de Interlagos, sete meses mais tarde.

A competição seguiu com um ótimo desempenho de Massa. Ao todo, foram seis vitórias, 10 pódios e seis poles-positions. O britânico, por outro lado, havia triunfado quatro vezes, mas sua consistência chamava atenção: também somava 10 pódios. É por isso que a guerra entre Ferrari e McLaren era tão forte e muito equilibrada.

Massa fez uma temporada de muito destaque em 2008 (Foto: Reprodução)

Nesse meio-tempo, antes da prova no Brasil, muitas coisas haviam acontecido. O jovem Sebastian Vettel, pela Toro Rosso, conquistou a pole e também venceu o GP da Itália. À época, com 21 anos, dois meses e 12 dias, o alemão fez uma excelente prova para terminar 12s5 de vantagem sobre Heikki Kovalainen e cruzar a linha de chegada em primeiro. Também foi a primeira e única vitória do time de Faenza, que hoje é reestruturado com o nome da marca AlphaTauri.

Na rodada seguinte, a F1 teria pela primeira vez em sua história uma corrida noturna. Singapura chegou no calendário para ser ‘diferentona’ em termos de espetáculo. Aconteceu, mas de uma maneira nada positiva. Durante a corrida — em que, inclusive, Massa liderava —, o nome de Nelson Piquet Jr ficaria marcado para sempre por causar uma batida proposital com a Renault, para favorecer seu companheiro de equipe, Fernando Alonso.

O ‘acidente’ ficou conhecido como Singapuragate e, embora tenha gerado muita desconfiança na época, a farsa só veio à tona um quase um ano depois. O então chefe Flavio Briatore foi banido dos esportes a motor, enquanto o chefe de engenharia Pat Symonds tomou supensão por cinco anos. O piloto brasileiro se livrou de qualquer punição por cooperar com as investigações, e Alonso foi inocentado porque, segundo o Conselho Mundial de Esporte a Motor, ele desconhecia esse plano.

Mas, duas rodadas depois, enfim o GP do Brasil. As arquibancadas estavam lotadas e o clima era festivo. Afinal, Massa estava só sete pontos atrás do britânico da McLaren. Isso significa que o paulista poderia ser campeão, caso Lewis terminasse abaixo da sexta posição.

A instabilidade do clima naquele fim de semana se refletia no paddock. Após uma sexta-feira chuvosa de treinos, a pista chegava aos 36°C no sábado de clima duvidoso. Felipe, no entanto, fez o que era necessário: conquistou a pole com um tempo de 1min12s368. Ele dividiria a primeira fila com Jarno Trulli, com Kimi Räikkönen e Hamilton atrás.

Lewis Hamilton conquistou o primeiro título na F1 de forma dramática e no Brasil, em 2008 (Foto: AFP)

A previsão de chuva chegou a adiar a corrida em dez minutos no domingo. Contudo, os termômetros marcavam 28°C. Um domingo quente, nas arquibancadas e na pista. Dada a largada, Massa manteve a liderança, com Trulli, Räikkönen, Hamilton e Kovalainen atrás.

Nas 71 voltas seguintes, o brasileiro fez seu trabalho com maestria: liderou a corrida de cabo a rabo. Hamilton, por sua vez, sofria muito: o britânico sofria até para pontuar, abrindo a última volta em sexto – insuficiente para ser campeão. Pena que as coisas só acabam quando terminam: Glock, lento com pneus macios em uma pista cada vez mais molhada, despencou para sexto, entregando o quinto posto e o título para Lewis. Na última curva, nos últimos metros. Felipe foi protagonista da decisão de título mais surreal de todas, mas não foi o herói.

Foi o primeiro título do piloto que viria a ser heptacampeão no futuro. E também foi o ‘quase’ mais frustrante para um piloto que poderia ser o primeiro campeão após Ayrton Senna, no ‘quintal’ de sua casa. Frustrante para ele e os milhares de fãs nas arquibancadas, que ficaram com o grito entalado na garganta.

Ainda assim, 14 anos mais tarde, Massa é sinônimo de sucesso na F1. Mesmo sem o título, tão desejado pelo público brasileiro, Felipe teve uma trajetória respeitável na F1. Seja na Ferrari ou na Williams, o brasileiro agiu como aquele piloto que poderia ter encerrado o jejum de títulos que já dura 31 anos.

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