Aston Martin se livra de Pérez, mas ganha fama de mentirosa para ter Vettel

Racing Point/Aston Martin: mentiu. Otmar Szafnauer: mentiu. Sergio Pérez: mentiu. Sobra para Sebastian Vettel o papel de bom moço na equipe a partir de 2021

Não é tão difícil entender jogo de cena no mundo do esporte: quando algo está cristalino ao público de que é iminente, mas o anúncio oficial ainda não pode ser feito, dirigentes e atletas tentam ‘sambar’ na cara de todos, dando declarações que ou despistam, ou dão mais força aos boatos – mas sem confirmá-los. O assunto se mantém, a mídia é ganha e todos seguem as vidas esportivas dentro deste padrão, sem incomodar ninguém.

Mas omitir é uma coisa. Tergiversar, outra. O que não pode é mentir.

No caso Sergio Pérez/Sebastian Vettel, a Aston Martin, ainda Racing Point, acabou indo pela única vertente que traz fama negativa. Ela enganou o público.

Otmar Szafnauer se irritou fácil com o assunto Vettel (Foto: Racing Point)

Os rumores sobre Vettel na Aston Martin em 2021 começaram em julho, quando a Fórmula 1 voltou após a paralisação por causa da pandemia. Como tudo na ‘silly season’ da categoria, ninguém iria confirmar rapidamente, ainda mais com dois pilotos sob contrato na equipe de Lawrence Stroll: Lance, o filho do dono, e Pérez.

Mas despistar o assunto não precisa incluir atos como o de Otmar Szafnauer, chefe da equipe, nesta semana. Em entrevista à revista Auto Motor und Sport, ele deu um chilique e encerrou a conversa ao ser questionado sobre Vettel.

Pior: afirmou, claramente, que a equipe escolheu a dupla de 2021 “há dois anos”. O que isso quer dizer? Que os dois de contato assinado seriam mantidos. Bem, não foi o caso.

Ele não poderia ter apenas dito algo como “Vamos ver. Analisamos todas as possibilidades”, como toda entrevista clichê do paddock da F1? Seria, ao menos, educado.

Sergio Pérez vai para onde? (Foto: Racing Point)

Outro que faltou com a verdade foi Pérez. O mexicano poderia ter usado a famosa tática do ‘João Sem Braço’: “não sei, não vi, vamos esperar, o futuro dirá”. Mas, não.

Ele optou por dizer que os “boatos iriam desaparecer com o tempo”; que sua posição era segura, “pelo que a equipe me passa”; e que não havia razão para mudar, afinal, “tudo estava funcionando bem”.

Se tudo isso é verdade, ele foi pego de surpresa pela saída. Como o anúncio foi feito pelo próprio em suas redes sociais, impossível: ele estava preparado há tempos para isso. Ou seja…

Ainda há algo pior, que é o exemplo: Pérez teve Covid-19, ficou fora das corridas em Silverstone, e isso pois, antes da viagem para a Inglaterra, quebrou qualquer protocolo existente e foi passear por aí. Deu de bandeja mais um motivo para ser sacado.

Para alguém que assinou contratos de um ano em 2015, 2016, 2017 e 2018, a confiança parece ter subido demais quando um acordo de três temporadas foi fechado em 2019. Não rolou.

SEBASTIAN VETTEL; FERRARI; GP DA ESPANHA; BARCELONA;
Sebastian Vettel (Foto: Ferrari)

Por fim, quem escapa dessa é Vettel. Conhecido por sem bom moço, ele foi o único a não usar frases afirmativas sobre o caso. Inclusive, assumiu que conversava com a Aston Martin, “mas que nada estava fechado”. Ou seja: seguiu o protocolo de negociações da F1.

Ainda há a chance de chegar como salvador da imagem da equipe – afinal, depois de um ano sofrido na Ferrari, é difícil achar alguém que torça contra a ideia dele se recuperar e voltar a brigar no topo.

Com tantas mentiras na equipe, e um Lance Stroll que não é exatamente o mais querido pelos fãs da categoria, Vettel pode ser um oásis de carinho para com o time rosa.

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