Como Maradona impediu o Brasil de ver o início da marca registrada de Senna na F1

No GP dos EUA de 1986, Ayrton Senna quis ir à desforra depois da derrota do Brasil para a França na Copa do Mundo e ganhou mostrando a bandeira brasileira. O problema: ninguém viu ao vivo pela TV por causa de Don Diego Armando Maradona

Há pouco mais de oito meses, por ocasião da data de aniversário de 60 anos de Ayrton Senna, o jornalista Ubiratan Leal contou na Trivela, parceira do GRANDE PRÊMIO, uma história que mostrava como o futebol influenciou uma das marcas do piloto brasileiro: o gesto de carregar a bandeira do Brasil após as vitórias. Tal ato surgiu como resposta a uma derrota da Seleção na Copa do Mundo em 1986 – um dia depois do Brasil x França, no México.

Mas o torcedor brasileiro, curiosamente, não viu aquele GP dos Estados Unidos em Detroit. Domingo à tarde, na segunda metade de junho, em uma corrida com o mesmo fuso horário da sede da Copa, era inevitável que houvesse uma partida do Mundial no mesmo horário da F1. E havia. A Globo passou a a vitória de Senna em compacto, preferindo transmitir ao vivo o futebol. Aproveite e acesse a brazil-bonusesfinder.com para as melhores ofertas disponíveis.

A Globo exibiu Argentina x Inglaterra. O Argentina x Inglaterra que ficou para sempre pelos gols que entraram para a história das Copas pelo genial Maradona.

A história, com foco em Senna e naquela corrida, pode ser lida na íntegra aqui.

Senna nas ruas de Detroit em 1986 (Foto: Reprodução)

Maradona, o craque que transcendeu

Diego Armando Maradona Franco é um dos maiores atletas de todos os tempos. É também um dos personagens mais ricos do esporte e do mundo. De origem humilde, nascido na cidade de Lanús, na província de Buenos Aires, em 30 de outubro de 1960, fez história dentro e fora dos campos, ganhando status de Deus e até uma religião própria, com a Igreja Maradoniana, fundada em 1998, na Argentina.

Maradona sempre foi um personagem controverso, complexo e nunca teve medo de esconder isso. Desde a dependência química até outras polêmicas, Diego nunca fez questão de guardar seus problemas para si. Ainda, foi sempre muito atuante em questões políticas, tanto batendo de frente com a Fifa, quanto expondo seus ideais sociais e progressistas, tendo amizades com lideranças como Fidel Castro, Luiz Inácio Lula da Silva e Evo Morales e uma idolatria pelo revolucionário Ernesto ‘Che’ Guevara.

Maradona nunca deixou seus problemas em segredo (Foto: AFP)

Nos campos, seu legado já seria suficiente para que fosse eternamente cultuado com paixão. Cria das categorias de base do Argentinos Juniors, clube modesto da capital argentina, Diego se tornou ídolo e até o nome do estádio do ‘Bicho’, como é conhecida a equipe campeã da Libertadores de 1985. Mas foi no Boca Juniors que Maradona ganhou ainda mais projeção.

Mesmo que já merecesse ter feito parte da conquista da Copa do Mundo de 1978, Don Diego só foi jogar seu primeiro em 1982, ficando marcado pela expulsão após entrada violenta em Batista, no jogo que custou a eliminação argentina, diante do Brasil. A redenção veio em 1986, com aquela que é tida como a maior participação de qualquer jogador em qualquer edição de Copas do Mundo.

Diego ganhou uma Copa quase que sozinho (Foto: AFP)

A Copa de 1986 e a guerra contra a Inglaterra

A atuação de Maradona na Copa do Mundo do México de 1986 fez o craque virar Deus aos olhos do povo argentino. Diego e a Argentina fizeram uma primeira fase mais tímida, somando 5 pontos em um grupo com a forte Itália, a Bulgária e a Coreia do Sul. O meia-atacante saiu dela com apenas 1 gol, diante da Itália, mas uma série de chances criadas para os companheiros, especialmente diante da Bulgária.

Veio o mata-mata e, após eliminar o Uruguai por 1×0 nas oitavas de final, Dieguito mudou de patamar. O jogo seguinte não valia apenas a classificação para a semifinal de uma Copa, valia também a honra de uma nação que recém havia perdido uma guerra e, consequentemente, um território, as Ilhas Malvinas, diante do Reino Unido. Assim, aquele Argentina x Inglaterra não era um jogo, era uma batalha.

O épico gol de mão anotado por Maradona sobre a Inglaterra (Foto: Reprodução)

E foi justamente na batalha, no dia da vitória de Senna em Detroit, que El Diez resolveu que era hora de de virar lenda, mito, imortal: a maior atuação individual de todos os tempos. A Argentina venceu a Inglaterra por 2×1, dois gols de Maradona, mas, definitivamente, não foram gols comuns.

Aos 6 minutos do segundo tempo, El Pibe de Oro consagrou o que ficou conhecida para sempre como La Mano de Dios, ao desviar uma bola espirrada com um soquinho na saída do goleiro Peter Shilton. O lance revoltou os ingleses, mas foi validado. E seguido por outro gol tão famoso e histórico quanto: aos 10 minutos, Maradona arrancou do meio de campo, deixou seis adversários para trás, limpou o goleiro e tocou para a meta vazia. O gol do século, o gol da história do futebol.

Aquela atuação, com dois dos gols mais lendários da história do esporte e uma vitória que lavou a alma de seu povo, não poderia passar batida. E nem iria, claro, mas ficou aninda maior com o que veio depois. Na semifinal, diante da Bélgica, Diego fez outro golaço driblando meio time, foi às redes duas vezes em um 2×0 categórico. Na decisão, no 3×2 contra a Alemanha Ocidental, não fez gol, mas teve nova atuação especial. O gol de Jorge Burruchaga consagrou a geração, gerou o bicampeonato mundial argentino, mas ajudou Maradona a entrar em uma categoria que talvez seja hoje e sempre só dele.

Maradona celebra golaço contra Inglaterra (Foto: Reprodução)

O técnico e o apaixonado Diego

Maradona ainda teve uma passagem monumental pelo Napoli, a ponto de fazer milhares de italianos torcerem contra a própria seleção quando a Itália encarou a Argentina na Copa de 1990, jogou também por Sevilla, Newell’s Old Boys, além do retorno ao Boca, clube do coração, após cair no doping na Copa de 1994 por uso de efedrina, mas ficou praticamente sem jogar por lá.

Diego fez a transição para o cargo de treinador, primeiro pelo Textil Mandiyú, em 1994, depois pelo Racing, em 1995. Só que a carreira não parecia que seguiria até um inesperado convite, em 2008. No período todo, em mais de década, Maradona viveu como quis, fez de tudo um pouco, mas foi, acima de tudo, um apaixonado pela Argentina e por esportes.

Foi a paixão que o levou a aceitar o cargo de técnico da seleção de seu país, em 2008, mesmo após tanto tempo parado. Diego treinou o time e levou até as quartas de final na Copa de 2010, mas atraiu as atenções mais do que qualquer jogador naquela edição. Al Wasl, Al-Fujairah, Dorados de Sinaloa e, finalmente, o Gimnasia y Esgrima, de La Plata, foram as outras equipes treinadas por Don Diego, que trabalhou até quando pode.

Diego Armando Maradona Franco morreu nesta quarta-feira, aos 60 anos, após uma parada cardiorrespiratória.

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