Conta-giro: Mercedes chega ao Brasil na iminência de igualar marcas históricas de McLaren e Ferrari

A Mercedes está muito perto de escrever mais um capítulo da história da F1 na temporada 2014. Com 14 vitórias conquistadas até o GP dos Estados Unidos, a equipe alemã viaja para o Brasil para a penúltima corrida do ano na iminência de igualar o recorde de vitórias em uma mesma temporada. O MP4/4, a F2002 e a F2004 são carros que entraram para a história entre os melhores de todos os tempos. Cada um venceu 15 corridas nos campeonatos em que foram utilizados — 1988, 2002 e 2004, respectivamente. Com o F1 W05 Hybrid, a Mercedes está bem perto de se juntar a esse grupo.

Já foram 14 vitórias em 2014, e a Mercedes quer mais (Foto: Getty Images)

A razão do sucesso do W05 está na traseira: a unidade de força V6 turbo, construída para essa nova era do Mundial de F1. A Mercedes acertou em cheio na receita e já começou o ano com uma enorme vantagem que dificilmente seria revertida.

Em 17 corridas, os alemães ganharam 14, sendo dez com Lewis Hamilton e quatro com Nico Rosberg. O título de Construtores foi assegurado de forma antecipada no GP da Rússia, e o de Pilotos, em Austin — só resta saber se ele vai para Hamilton ou Rosberg.

Na temporada 1988, a McLaren sofreu um revés: em Monza, para a Ferrari. Já as Ferrari amargaram mais derrotas. Em 2002, a Williams ganhou na Malásia e, a McLaren, em Mônaco. Em 2004, deu Renault em Mônaco, McLaren na Bélgica e Williams no Brasil.

Até aqui, a Mercedes também perdeu três vezes: no Canadá, na Hungria e na Bélgica, todas para a Red Bull de Daniel Ricciardo.

OS CARROS QUE VENCERAM 15 GPs

MCLAREN MP4/4

O MP4/4, projetado por Steve Nichols e Gordon Murray, foi o primeiro e único carro da McLaren equipado com o potente motor turbo da Honda, uma parceria que se mostrou quase infalível. O ano já começou com a expectativa de que Alain Prost e Ayrton Senna dominassem, e foi o que eles fizeram: 15 poles e 15 vitórias em 16 corridas. No Mundial de Construtores, o time de Woking somou o triplo dos pontos da Ferrari.

FERRARI F2002

De todos os carros que deram à Ferrari os 14 títulos mundiais da década passada, o mais reverenciado é o de 2002. O modelo, cujo desenvolvimento foi liderado por Ross Brawn e Rory Byrne, tinha uma dirigibilidade muito boa, favorecida por um motor V10 que não era o mais potente, mas era leve e eficiente. Michael Schumacher venceu 11 vezes e foi ao pódio em todas as provas com a F2002.

FERRARI F2004

Outro projeto de Ross Brawn e Rory Byrne, a F2004 foi a 'sucessora tardia' da F2002, visto que a F2003-GA não rendeu tanto quanto. Na época em que os carros de F1 estiveram mais rápidos, também estabeleceu os recordes oito dos 18 circuitos que recebem a categoria até hoje. Com esse carro, Schumacher atingiu também o recorde de 13 vitórias no mesmo campeonato, marca igualada por Sebastian Vettel em 2013.

A diferença no número de GPs de cada campeonato, contudo, é um detalhe que não pode tirar o brilho do feito da Mercedes. É óbvio que é mais fácil ganhar 15 de 19 do que 15 de 16, mas é inegável o tamanho da conquista e o modo como a equipe trabalhou para alcançar isso.



A cada embate entre Hamilton e Rosberg, Toto Wolff sempre se preocupava em dizer que a Mercedes liberaria os dois para disputarem desde que eles garantissem dobradinhas. Montadoras, entram no esporte em busca de, tanto quanto tecnologia, boa publicidade para impulsionar as vendas de carros. É o famoso "vença no domingo, venda na segunda". A partir dessa ótica, fica mais fácil entender a controversa ordem de equipe dada no GP da Hungria: a vitória estava em xeque.



Se o recorde de vitórias pode ser igualado, há um que pode ser superado já neste fim de semana em Interlagos: o de dobradinhas. Ao anotar o décimo 1-2 de 2014, a Mercedes atingiu a marca da McLaren de 1988.



E ainda dá para empatar com a Red Bull como a equipe que mais poles fez em uma temporada: 18. Para isso, será necessário garantir a posição de honra do grid em Abu Dhabi e na Marina de Yas. A única derrota aos sábados aconteceu no GP da Áustria, quando Felipe Massa fez a pole.

VITÓRIA CIRÚRGICA

Os 120 mil espectadores que superlotaram o fabuloso Circuito das Américas acompanharam de perto e foram ao delírio neste domingo (2) com a manobra que pode ter selado o título de 2014. Se o circuito para muitos lembra o de Suzuka, a ultrapassagem de Lewis Hamilton sobre Nico Rosberg remeteu à daquela corrida sob chuva: no meio da prova, cirúrgica, determinante e psicológica. Novamente sem reação, o alemão só comboiou o inglês e agora vê a distância no campeonato subir para enormes e pomposos 24 pontos.

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