Corrida sprint é dispensável, mas muda GP da Itália e expõe dilema de Red Bull e Mercedes

O que aconteceu neste sábado (11) em Monza serviu para provar que esse formato de corridas de classificação é dispensável e não cabe na dinâmica da F1 atual. Só que, curiosamente, é por causa dele que o GP da Itália ganhou uma dose interessante de drama, na medida em que coloca os dois postulantes ao título na berlinda

Bottas vence e Verstappen fica com pole na corrida sprint em Monza (Vídeo: GRANDE PRÊMIO)

A Fórmula 1 viveu na Itália a segunda experiência da temporada 2021 do formato de corridas de classificação. O Mundial vem testando uma maneira de embaralhar as cartas favoritas por meio de uma mudança na definição do grid. Só que simplesmente esse sistema não funciona para a dinâmica atual do campeonato. A verdade é que a prova deste sábado (11) revelou que há muitos ajustes a serem feitos para que exista realmente uma ação verdadeira. E isso começa já com os carros, sem falar na escolha da pista. Há ainda uma confusão quanto aos resultados e à própria nomenclatura que a F1 dá para essa proposta, que é uma classificação, mas também uma corrida (?).

Sim, a largada foi o grande ponto alto do dia, muito em função de uma saída ruim de Lewis Hamilton, que desencadeou também um infortúnio de Pierre Gasly. Depois disso, entretanto, o roteiro se perdeu. Isso porque os carros da F1 têm notória dificuldade de seguir uns aos outros e, em Monza, foi ainda mais problemático. Acontece que as equipes optaram por uma configuração extrema de asa, com baixíssimo downforce, e essa condição ampliou a turbulência de quem vem atrás – daí o enorme trabalho que o heptacampeão teve ao tentar acompanhar Lando Norris, mesmo tendo nas mãos um W12 bem mais rápido. Inclusive, a perda de equilíbrio foi tão acentuada que Lewis quase perdeu o carro numa aproximação da curva de Lesmo. Então, é frustrante perceber que os pilotos ficam de mãos atadas e sem ter como atacar.

Outro aspecto que desabona esse formato é a duração e a ausência de um elemento que provoque as equipes do ponto de vista da estratégia. Hoje, os pneus têm um grande peso para o desempenho/tática e, ainda que a ousada escolha da McLaren pelos compostos macios tenha tido um efeito interessante na largada, a impressão geral é que todos optaram por um conservadorismo baseado na própria natureza dos pneus. E que isso acabou determinando as posições finais.

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A largada ruim colocou Hamilton atrás dos dois carros da McLaren (Foto: McLaren)

Por fim, o vencedor. Valtteri Bottas tirou bom proveito da performance da Mercedes com o vento na cara, mas não será beneficiado – apesar dos 3 pontos que leva pelo triunfo. O finlandês vai largar do fundo do grid no GP em decorrência da troca do motor. Esse cenário também contribuiu para uma prova menos trabalhosa para Max Verstappen, que se viu em segundo após o apagar das luzes. E só teve de levar seu carro até o fim, sabendo que amanhã vai sair da pole propriamente dita. Aqui, é um ponto que precisa ser considerado: as punições por mudanças da unidade de potência não poderiam ser aplicadas nesta corrida de sábado?

Dito isso, a única ressalva é que, curiosamente, esse formato acabou por provocar uma dose de drama para o GP da Itália, especialmente na disputa do título mundial. Verstappen tem a faca e o queijo nas mãos, é verdade. Em uma etapa em que não era favorito, o holandês não pode reclamar de nada e só tem mesmo de reproduzir a boa largada de hoje, para partir para uma vitória que pode ser um divisor de águas na temporada.

De novo, a equipe austríaca deve optar por uma opção de pneus padrão. Ou seja, vai sair de médios novamente, pensando no ritmo de corrida, que é consistente. É risco calculado e inteligente, mesmo imaginando que as McLaren de Daniel Ricciardo, segundo no grid, e Norris, terceiro, vão seguir com a tática de sair com os macios, que apenas dão uma vantagem inicial.

“Sabemos que os pneus macios funcionam por uns quatro metros. Eles [McLaren] estão na primeira fila com um pneu macio. A Mercedes terá o mesmo dilema. No fim das contas, você tem de estar inteiro para receber a bandeira quadriculada”, afirmou Christian Horner, chefão da Red Bull, em declaração à Sky Sports F1.

Valtteri Bottas venceu a corrida de classificação, mas quem levou a melhor mesmo foi Max Verstappen (Foto: Beto Issa)

“Tudo foi ditado desde a largada. Uma boa largada do Max [Verstappen], uma ruim do Hamilton, e nós conseguimos aproveitar isso. Com a boa largada das McLaren de pneus macios, ficamos vulneráveis, mas conseguimos compensar e fomos bem, enquanto Hamilton despencou. Uma vez à frente na curva 2, você está no caminho certo”, completou.

“O objetivo é converter a pole-position em vitória, então teremos alguns desafios amanhã”. E a primeira meta é largar bem e evitar os carros laranja ou a vida será mais difícil, porque o RB16B não possui a mesma velocidade de reta na Itália.

De outro lado, a Mercedes tem ainda mais a se preocupar, porque acabou entregando pontos e uma vantagem grande ao adversário em uma pista que deveria vencer. A má largada de Hamilton colocou tudo a perder e agora será preciso tomar decisões certeiras – e que até mesmo provoquem a rival. O caso é que o inglês sai em quarto e aí terá de optar entre uma escolha mais óbvia, pensando em um pit-stop tardio. Ou algo mais atrevido, mas arriscado. De toda a forma, a estratégia será mais crucial nas garagens alemãs.

“Vamos dar uma olhada nas opções estratégicas para Lewis amanhã, mas a realidade é que se nós lutamos para ultrapassar a McLaren hoje, vamos enfrentar a mesma situação amanhã, e isso vai dar a Max uma vitória muito fácil”, disse Andrew Shovlin, o engenheiro de pista da Mercedes, em comunicado após a corrida sprint na Itália.

LEWIS HAMILTON; MONZA; CLASSIFICAÇÃO; MERCEDES; FÓRMULA 1;
Lewis Hamilton vai largar da quarta colocação neste domingo, enquanto o rival sai da pole (Foto: Mercedes)

“Precisamos buscar todas as oportunidades possíveis, pois é nosso trabalho garantir que isso não aconteça [Max vencer], mas é possível uma corrida cheia de acontecimentos aqui, só não podemos nos dar ao luxo de cair no pelotão no primeiro stint como fizemos hoje”, emendou.

Há mais uma questão aí também. E de um ponto de vista da estratégia em relação a disputa pelo título. Não é segredo algum que Verstappen e Hamilton terão em algum momento efetuar a mudança para o quarto motor, o que vai, inevitavelmente, incorrer em uma punição com a perda de posições no grid. Tradicionalmente, muitas equipes decidem promover essa troca em Monza, devido à natureza do circuito. Talvez esse seja o caso para ambos os candidatos ao título. Mas quem vai tomar a decisão primeiro?

Ao que parece, ninguém quer dar muito espaço. “De acordo com minhas informações, isso não está no plano. Não acho que seria a solução mais inteligente fazer isso agora. Ainda tenho um motor saudável”, disse Hamilton, que foi apoiado pelo chefe Toto Wolff: “Não acho que seja a melhor opção aqui.”

Ainda que em posições diferentes, a tática dos dois postulantes segue a mesma: a de marcar em cima. E o novo capítulo começa neste domingo na Itália.

A Fórmula 1 acelera neste domingo para a disputa do GP da Itália, com largada prevista para 10h (de Brasília, GMT-3). Uma hora antes, o canal do GRANDE PRÊMIO no YouTube leva ao ar AO VIVO a edição pré-corrida do BRIEFING, com a análise do fim de semana e as últimas informações antes da largada em Monza. Com apresentação de Victor Martins e comentários de Pedro Henrique Marum e Fernando Silva.

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