Kvyat se opõe à guerra, mas protesta contra veto a russos no esporte: “Não é justo”

Reserva da Alpine na Fórmula 1 e piloto da G-Drive no Mundial de Endurance, russo torceu por uma solução pacífica para o conflito entre Rússia e Ucrânia, mas defendeu que esporte e política não devem se misturar

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Às vésperas de uma reunião extraordinária da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), Daniil Kvyat usou as redes sociais para protestar contra a escalada de veto à participação de atletas e equipes russos em eventos mundiais. O reserva da Alpine na Fórmula 1 e titular da G-Drive no Mundial de Endurance avaliou que esporte e política não devem se misturar.

Na segunda-feira (29), na esteira de uma pedido da Federação de Automobilismo da Ucrânia para que a entidade suspenda as licenças de pilotos russos, a FIA convocou uma reunião extraordinária do Conselho Mundial para debater os desdobramentos do conflito no leste europeu.

Daniil Kvyat é o atual piloto reserva da Alpine (Foto: Alpine)

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O ataque não provocado para cima Ucrânia resultou em uma onda de reações em todo o mundo. Enquanto os países se ocupam de sanções, federações esportivas atuam dentro dos limites daquilo que lhes é possível. No último fim de semana, por exemplo, a Fifa decidiu suspender por tempo indeterminado a Rússia das competições internacionais de futebol, uma medida que afeta não só a seleção, mas também os clubes. Equipes que deveriam jogar contra os russos nas eliminatórias para a Copa do Mundo de futebol do Catar, por exemplo, já tinham anunciado a recusa em entrar em campo.

O próprio Comitê Olímpico Internacional, que evita tomar partido em conflitos, divulgou um comunicado recomendando que atletas e oficiais russos e de Belarus ― que tem prestado apoio no ataque à Ucrânia ― sejam excluídos de competições.

Pelas redes sociais, Kvyat se opôs à guerra e pediu uma solução pacífica para o conflito. Por outro lado, considerou que esporte e política não devem se misturar.

“Realmente espero por uma solução pacífica desta situação com a Ucrânia, e que possamos todos viver em paz”, escreveu Kvyat. “Tomara que todas as partes envolvidas possam encontrar uma solução sentando juntas e mantendo um diálogo respeitoso. Me aterroriza ver duas nações irmãs em conflito. Não quero que ações militares e guerras influenciem o futuro do humanidade, quero que minha filha e todas as crianças aproveitem este belo mundo”, continuou.

“Também gostaria de sublinhar e dizer a todas as federações esportivas do mundo, incluindo o Comitê Olímpico Internacional, que o esporte deveria ficar de fora da política. Barrar atletas e equipes russas de participarem de competições mundiais é uma solução injusta e vai contra o que o esporte nos ensina em princípio, que é união e paz”, avaliou. “O que mais, se não o esporte, vai ajudar a unir as nações no futuro” questionou.

Entenda o conflito entre Rússia e Ucrânia:

No último dia 21, o presidente russo Vladimir Putin reconheceu, em decreto, a independência das províncias separatistas ucranianas de Donetsk e Luhansk. O movimento gerou sanções da União Europeia e dos Estados Unidos ao governo e a empresas russos, aumentando também o medo de um confronto na região.

A tensão escalou de vez no leste europeu no último dia 24,quando a Rússia atacou a Ucrânia em um movimento classificado por Kiev como uma “invasão total”. Às 5h45 [23h45 de quarta-feira, no horário de Brasília], Putin anunciou em um pronunciamento uma “operação militar especial” para “proteger a população do Donbass”, uma área de maioria étnica russa no leste ucraniano.

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O comando militar russo alega que “armas de precisão estão degradando a infraestrutura militar, bases aéreas e aviação das Forças Armadas da Ucrânia”. Na TV, Putin afirmou que a Rússia não planejava uma ocupação da Ucrânia, mas ameaçou com uma resposta “imediata” qualquer um que tentasse interromper a operação. O mandatário russo recomendou que os soldados ucranianos se rendam e voltem para casa. “Do contrário, a própria Ucrânia seria culpada pelo derramamento de sangue”, avisou.

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky decretou lei marcial em todo o país, instaurando regime de guerra e convocando grande parte dos reservistas das forças armadas – inclusive impedindo que qualquer homem entre 18 e 60 anos de idade saiam do país nos próximos 30 dias.

O conflito chega nesta terça-feira ao sexto dia. Segundo o Acnur (Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para Refugiados), mais de 600 mil pessoas já deixaram a Ucrânia. Somado a isso, cerca de 1 milhão de pessoas fugiram de suas casas, mas continuam no país.

Nesta manhã, um míssil atingiu o centro de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, afetado um prédio do governo local no centro da Praça da Liberdade. Pelo menos dez pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. O presidente Zelensky classificou o ataque russo como “terrorismo de Estado”.

Segundo o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, quase 75% das forças russas deslocadas para as fronteiras ucranianas já estão dentro do país. Contudo, forte resistência dos combatentes da Ucrânia têm retardado o progresso das tropas russas, embora a expectativa seja de que o exército de Vladimir Putin esteja preparando um ataque ainda mais destrutivo para tomar a capital Kiev.

A crise militar é uma das maiores desde a Segunda Guerra Mundial e a mais grave da Europa envolvendo uma potência nuclear.

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