De volta à prefeitura do Rio, Paes diz que “não vai ter autódromo” em Deodoro

Eduardo Paes tomou caminho diferente do antecessor, Marcelo Crivella, ao se colocar em oposição ao projeto de autódromo em Deodoro

A Floresta do Camboatá, em Deodoro, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, não será casa do autódromo planejado para a cidade. Ao menos foi o que afirmou o prefeito recém-empossado, Eduardo Paes (DEM-RJ), na tarde desta terça-feira (5).

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O prefeito anterior, Marcelo Crivella, foi um dos grandes cabos eleitorais do projeto de autódromo entregue nas mãos do consórcio Rio Motorsports e que também conta com a anuência do governo do Estado e da presidência da República.

Agora, entretanto, o novo velho prefeito – Eduardo Paes já ocupou o cargo em dois mandatos entre 2009 e 2016 – falou em realizar o projeto em outra parte.

“Não vai ter autódromo em Deodoro. É meu compromisso com os ambientalistas, com o Partido Verde, que me apoiou nas eleições, é de identificar uma nova área para esse autódromo, um novo local”, disse Paes em entrevista concedida para a Rádio Bandeirantes.

Uma das áreas aventadas é em Guaratiba, também na Zona Oeste. Há que se levar em considerações também as alternativas locacionais incluídas no Estudo de Impacto Ambiental do autódromo. Estas estão no Gericinó, em Realengo, Santa Cruz e Campo Grande.

No último mês de novembro, mesmo depois da Fórmula 1 confirmar que o GP brasileiro em seu calendário seguirá sendo realizado em São Paulo, a Comissão Estadual de Controle Ambiental [CECA], manteve o projeto de autódromo em Deodoro vivo. Mesmo negando a licença ambiental, não seguiu totalmente o parecer do Instituto Estadual do Meio Ambiente [INEA] e evitou descartar o projeto de autódromo. Ao contrário, deu a possibilidade do Rio Motorsports apresentar novo estudo de impacto, modificando as áreas rejeitadas pelo órgão ambiental.

O projeto de pit-lane de Deodoro (Foto: Reprodução)

Entenda o caso

O processo de construção do autódromo na região militar é alvo de suspeitas pelo envolvimento da citada Rio Motorsports, de José Antonio Soares Pereira Júnior, que virou JR Pereira para evitar expor os problemas judiciais que enfrenta desde que uma de suas empresas, a Crown Processamento de Dados, acumulou dívidas superiores a R$ 25 milhões à União.

A Rio Motorsports, através do próprio JR Pereira e de uma das companhias vertentes da Crown, acabou participando da regulação do processo de licitação da obra, algo que qualquer ente público proíbe. Ainda, nunca houve comprovação, por parte da Rio Motorsports, da origem dos mais de R$ 800 milhões inicialmente previstos para a obra — na região da floresta do Camboatá, área de Mata Atlântica.

A promessa da Rio Motorsports era tirar o GP do Brasil de Interlagos já a partir de 2021 para correr em Deodoro. A proposta ganhou apoio do presidente Jair Bolsonaro, que, em 24 de junho do ano passado, disse que era “99% certo” que a corrida passaria a ser realizada no RJ. O projeto do novo autódromo de Deodoro segue parado e, em novembro, sofreu novo baque: o GP do Brasil segue em Interlagos, conforme confirmado pela própria F1.

Os últimos meses foram marcados por intensa batalha judicial envolvendo o licenciamento do autódromo. É que ainda em maio a juíza Neusa Regina Larsen de Alvarenga Leite, da 14ª Vara da Fazenda Pública, suspendeu a audiência pública para apresentação do EIA/RIMA [Relatório de Impacto do Meio Ambiente] referente à tentativa de construção da pista na região do Camboatá.

Meses e liminares depois, em meio a uma pandemia de coronavírus, o prefeito Marcelo Crivella pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a realização da audiência pública virtual. O governante obteve êxito.

Em agosto, na audiência pública virtual que durou mais de dez horas e atravessou a madrugada, o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro concluíram que o projeto de autódromo de Deodoro é ilegal por conta do impacto ambiental em área de mata atlântica, além do processo de licitação irregular.

A indefinição da permanência da Fórmula 1 no Brasil ganhou um capítulo nebuloso quando o site DIÁRIO MOTORSPORT, parceiro do GRANDE PRÊMIOpublicou que Chase Carey, diretor-executivo do Liberty Media, grupo que gerencia a Fórmula 1, enviou uma carta ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, tentando influenciar, mesmo que subliminarmente, que acelerem as licenças ambientais para a construção do autódromo de Deodoro, no Rio de Janeiro.

Após da confirmação de São Paulo e Interlagos como casa do GP, o futuro do projeto ficou em suspenso. Mas, após a reunião do conselho do CECA, conseguiu ganhar mais uma chance. Ainda não está claro o que seguirá a partir da negativa do novo prefeito.

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