Disputa por vice da temporada 2020 com Verstappen já depõe contra inofensivo Bottas

Dona do melhor carro do grid em 2020, a Mercedes poderia tranquilamente empilhar dobradinhas, mas não é o que acontece. Valtteri Bottas não é capaz de acompanhar Lewis Hamilton e até aí, tudo bem, mas ficar atrás de Max Verstappen parece um problema bem grave

A história da F1 conta que uma das situações mais difíceis que há na carreira de um piloto é ter de dividir as garagens com um gênio do esporte. Se você está na melhor equipe do grid, esse cenário se torna ainda mais assustador. No caso de Valtteri Bottas, é quase um pesadelo, porque a Mercedes domina de uma forma nunca vista nos 70 anos desta categoria. Assim, as expectativas acabam se transformando em um fardo. E o que você faz quando olha para o lado e ainda vê Lewis Hamilton? Portanto, qualquer avaliação sobre a performance do finlandês de 30 anos precisa levar em consideração a presença do hexacampeão. Só que nem por isso esse sarrafo será mais baixo, uma vez que Valtteri guia o mesmo ótimo carro do inglês e vive sob uma política de igualdade de condições raramente vista em grandes equipes. Então, embora seja uma tarefa inglória enfrentar alguém que possivelmente se tornará o maior piloto de todos os tempos, o nórdico simplesmente não pode aparecer 43 pontos atrás do britânico, depois de apenas seis corridas. E mais, na terceira colocação do Mundial.

Como aconteceu no ano passado, Bottas abriu a temporada com um sólido desempenho para vencer na Áustria, depois de largar da pole. Foi uma demonstração de força, pena que durou pouco, como parece ser o tom de sua carreira desde que chegou à Mercedes, há três anos. Na primeira parte da temporada 2019, Valtteri ganhou também na Austrália e no Azerbaijão, depois de uma sequência de segundos lugares, para então começar a se afastar da disputa do campeonato a partir da corrida em Barcelona. Para se ter uma ideia, o finlandês só voltou a triunfar no fim do ano, no Japão, e, depois, nos EUA, mas aí Inês é morta. Hamilton já estava com as duas mãos na taça.

Agora, a coisa desandou muito antes.

Há quatro etapas, o dono do carro #77 vem sofrendo derrotas preocupantes, em atuações altamente inofensivas. E quem tira proveito é esse extraordinário Max Verstappen, que não possui nem de longe um carro capaz de encarar de igual para igual os W11. Na Hungria, uma largada ruim de Valtteri colocou tudo a perder. No fim, não foi capaz de superar Max. No GP da Inglaterra, não teve chance diante de um Hamilton impecável em Silverstoneafinal, o cara venceu se arrastando com três pneus. Bottas, é verdade, sofreu com a borracha, teve um estouro de pneu e precisou fazer um pit-stop extra nas voltas finais. Quem apareceu ali? Verstappen.

Uma semana depois, a Mercedes tomou um drible homérico da Red Bull no calor e nos pneus mais macios no GP dos 70 Anos. Mesmo saindo da pole, o piloto nascido em Nastola nada fez e ainda buscou se isentar de qualquer falha, apontando o dedo para a equipe: “Acho que o time dormiu com a estratégia”. Foi rebatido imediatamente. “Não acho que estávamos dormindo, mas aceito a perspectiva dele”, disse Toto Wolff, o chefão do time da estrela.

“Acho que simplesmente tínhamos um carro mais lento hoje e é necessário admitir isso. Se a gente deveria fazer o contrário do Max [Verstappen]? A questão é que isso não mudaria nada porque o Max voltaria com pneus novos, a gente seguiria com pneus piores, e ele terminaria na nossa frente. Não sei o que poderíamos fazer de melhor”, seguiu.

De novo, uma má largada fez Valtteri Bottas se distanciar de qualquer chance de brigar pela vitória na Espanha (Foto: Mercedes)

O fato é que Verstappen venceu em Northamptonshire e Hamilton tratou melhor os pneus, para garantir ao menos o segundo lugar. Sem qualquer ação, Valtteri foi terceiro e viu o holandês pular para a vice-liderança do Mundial.

Agora, no mesmo GP da Espanha, Bottas terminou atrás de Max de novo, tudo por uma outra má largada, que o fez perdeu posição, inclusive, para Lance Stroll. De novo, não se viu qualquer movimento de ameaça ao piloto da Red Bull ou a Hamilton. É simbólico que tenha completado a prova mais de 44s atrás do inglês e a 10s de Max.

Neste momento, parece claro que o nórdico enfrenta mais dificuldade de gerir os compostos do que o companheiro de equipe, e isso talvez explique uma parte do déficit, mas o que realmente causa espanto é a tabela de pontos, em que o filho de Jos surge intrometido entre os dois pilotos da equipe alemã. Aliás, Verstappen poderia ter até uma vantagem menor para Lewis, não fosse o abandono na primeira corrida de 2020 e talvez uma eventual vitória na etapa inglesa.

Max Verstappen é o grande favorito, inclusive, a ficar com o vice-campeonato neste ano (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

É notável perceber também que o finlandês teve o contrato renovado com a Mercedes entre as corridas em Silverstone. Desde a pré-temporada, Valtteri dizia que gostaria de resolver o acordo o mais rápido possível, para evitar “distrações” que pudessem interferir em seu rendimento de pista. A equipe alemã decidiu pela continuidade com apenas quatro corridas na temporada. Portanto, é no mínimo curioso que esse desempenho aquém aconteça sem distrações.

De toda a forma, o cenário não poderia ser mais real: a temporada parece já ter um campeão, dada a performance exemplar de Hamilton. Mas há uma briga séria pelo vice-campeonato, e o fato de Bottas fazer parte dela e estar em desvantagem, depõe muito contra ele.

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