Drama de Hamilton na classificação muda GP da Rússia e exige cabeça e estratégia

A classificação do GP da Rússia começou como tantas outras neste ano e dentro do esperado. Ou seja, com a Mercedes na liderança. Mas Sebastian Vettel bateu e mudou decisivamente parte do roteiro. Não é que alterou o resultado imaginado, mas deixou a expectativa para uma corrida muito mais interessante neste domingo

O GP da Rússia de Fórmula 1 se desenha como um enorme tabuleiro de xadrez, em que será crucial movimentar as peças apenas o necessário. Isso porque a estratégia terá um papel ainda mais decisivo neste domingo. E tudo graças a uma das sessões de classificação mais complexas de toda a temporada. Um conjunto de elementos acabou por intervir ardilosamente no metódico enredo traçado pela Mercedes, e isso desencadeou uma série de fatores que agora dá um toque de imprevisibilidade a uma corrida que historicamente não proporciona grandes assombros. A verdade é que o grid de largada conta apenas uma parte do que realmente aconteceu no Parque Olímpico de Sóchi, neste sábado.

Ainda na primeira fase do treino que definiu as posições de largada, o sinal: Lewis Hamilton teve sua melhor volta eliminada por exceder os limites de pista. Os comissários de prova estabeleceram regras mais rígidas para as escapadinhas no traçado russo, especialmente ali na curva final, que é surge como um bom apoio para a entrada da reta principal. Aliás, os dois pilotos da Mercedes encontraram dificuldades para tirar o melhor desse trechinho do circuito. Não foi raro vê-lo deslizar na área após a zebra. E foi numa dessas que o hexacampeão exagerou. Até aí, porém, nada demais. Ele teve tempo para mais uma volta. Enquanto isso, Valtteri Bottas já se colocava à frente – quase 0s327 melhor que o companheiro. Chamou a atenção nessa fase da classificação também o fato de Max Verstappen ter testado o pneu médio. Certamente, foi uma forma de entender se era verdadeiramente possível fazer o Q2 com os mesmos compostos – algo que daria uma grande vantagem, mas chegaremos lá.

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A fase intermediária preparou uma armadilha. Hamilton completou uma volta velocíssima em sua primeira saída com os pneus médios. Era crucial usá-los, porque fazem parte da tática mais segura para a prova. Potencialmente, os compostos amarelos vão permitir uma primeira perna mais longa na corrida e um melhor trabalho em termos de tática. Bottas e Verstappen também seguiram o inglês no que diz respeito à borracha. Em tese, todos na mesma estratégia. Só que aí o giro do carro #44 foi novamente excluído da tabela. De novo, Lewis havia desrespeitado os limites de pista.

A perda da volta obrigou Hamilton a buscar um jogo novo de amarelos. Só que aí veio o acidente de Sebastian Vettel e mudou tudo. O líder do campeonato até pediu que não trocassem os compostos – pensava na corrida, afinal –, mas a equipe não quis arriscar a classificação. A batida de Vettel paralisou a sessão. Quando a luz verde foi acionada, restavam apenas 2min14s para o fim do Q2. Lá foi Lewis. Agora, com os pneus vermelhos para garantir a passagem para o Q3. Foi com emoção. No rádio, o engenheiro Peter Bonnington se desesperou: “Estamos no limite, vamos, vamos…”.

Hamilton passou instantes antes da bandeirada e conseguiu. Já a parte decisiva da classificação foi outra história. O inglês vestiu a capa de sempre e não deu chances a ninguém. Estabeleceu um novo recorde com a pole 96. Mas o drama do Q2 vai ecoar mesmo no domingo. Isso porque Verstappen também tem lá suas jogadas e se colocou entre os dois carros da Mercedes no grid. E tem ainda a vantagem de largar com o pneu médio, assim como Bottas, ao contrário do britânico, que vai de macios.

O acidente de Sebastian Vettel acabou por atrapalhar a estratégia de Hamilton

Como dito, a tática será um ponto chave na Rússia. Primeiro, porque a Pirelli escolheu levar a gama mais mole, muito diferente da escolha do ano passado, se aproximava de uma composição mais resistente. A combinação pista ‘verde’, borracha macia e calor já cria uma condição adversa. Ou seja, o cuidado com os pneus será fundamental, especialmente para fazer funcionar a estratégia. Os compostos vermelhos apresentaram especial preocupado, devido ao surgimento de bolhas e um desgaste acentuado.  E como Sóchi tem o pit-lane mais lento de todos, a melhor opção é sempre para uma vez só. Por isso, a tentativa de largar com os compostos médios para uma mudança única para os duros.

“Como esperado, os pneus tiveram um bom desempenho durante a classificação, mas a sessão em si foi certamente imprevisível”, disse Mario Isola, o chefe da Pirelli.

“Esperávamos que os primeiros colocados usassem o pneu médio durante o Q2 e foi o que aconteceu. Isso deve dar a eles a vantagem de um primeiro período potencialmente mais longo e uma maior flexibilidade em termos de estratégia. A bandeira vermelha representou um desafio adicional para as equipes, com algumas grandes surpresas – especialmente para Lewis Hamilton, que provavelmente pretendia passar pelo Q2 com o pneu médio. O cenário agora está montado para uma batalha estratégica tensa amanhã, que exigirá um pouco de gerenciamento de pneus para aqueles que estão começando com os macios e pretendem parar apenas uma vez”, adiantou o italiano.

Max Verstappen conseguiu o segundo posto no grid (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

De fato, será um interessante observar as decisões das equipes. Também de acordo com a Pirelli, o pneu macio pode durar aí entre 12 e 14 voltas. Já o médio usado pode passar dos 20 giros. E quem melhor andou com o composto duro foi Bottas.

Agora, Hamilton terá de driblar não só a desvantagem em termos de estratégia, mas o fato também de estar uma posição vulnerável. Curiosamente, o pole acaba virando uma presa fácil devido ao longo caminho que se tem entre o grid e a primeira grande freada. E a linha do segundo lugar é considerada mais limpa, o que também abre uma chance rara a Verstappen de tentar dar o bote. Valtteri é outro que pode pegar carona, se a cabeça estiver ainda no lugar, depois da derrota na classificação. Só não dá para duvidar da capacidade do hexacampeão em encontrar atalhos.

Por tudo isso, o GP da Rússia está diante de uma incomum oportunidade: oferecer um espetáculo de verdade.

A largada do GP da Rússia vai ser em horário mais cedo que o habitual e está prevista para 8h10 (horário de Brasília). Antes, às 7h, o GRANDE PRÊMIO inicia a transmissão ao vivo do BRIEFING pré-corrida com a análise do treino classificatório e as últimas informações vindas diretas de Sóchi. Tudo no canal do GRANDE PRÊMIO no YouTube.

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