Dupla Stroll/Sirotkin naufraga, Williams sente e espera 2019 sem patrocinadora-máster e principal mecenas

A dúvida paira sobre a Williams. Em dificuldades financeiras, a equipe ainda vai perder a patrocinadora-máster e o principal mecenas para a temporada 2019. Na questão esportiva, a situação é tão ruim quanto. De mãos dadas com dois pilotos pagantes jovens e de qualidade discutível, tem um carro mal nascido e que não consegue ser desenvolvido. Assim, vive as férias de verão como a última colocada no Mundial de Construtores

O que será da Williams? A temporada 2018 só fica pior e pior para o time de Grove em resultados, desempenho e notícias. A escolha por dois pilotos jovens, inexperientes e de talento discutível fazia sentido levando em conta de que era necessária uma reserva financeira, mas agora sem a principal patrocinadora e sem o apoiador mais importantes, como fazer? Para que haja um futuro, a Williams precisa solucionar o presente.

 
Desde o ano passado, quando fechou com Lance Stroll primeiro para a vaga de Felipe Massa e depois para a de Valtteri Bottas, a Williams confirmou que o dinheiro do bolso de Lawrence Stroll, investidor canadense de amplo sucesso sobretudo do ramo da moda, teria um papel fundamental no processo de remontagem financeira.
 
Depois de uma temporada com o quinto posto do Mundial de Construtores, a Williams preferiu dar a Sergey Sirotkin o lugar que era de Massa. Com forte aporte financeiro, o Sirotkin complementava a renda. A Williams tinha dificuldade mesmo com os reforços bancários.
 
Logo no início do ano, o primeiro golpe: o vermute Martini anunciou que deixaria a F1 ao fim da temporada – e do contrato – atual. Segundo o diretor-técnico da Williams, Paddy Lowe, a Martini havia "atingido todos os objetivos" e estava pronta para buscar novos horizontes. O que impôs, de forma unilateral, o fim do patrocínio-máster que acompanhou a equipe desde 2014 e fez com que até a pintura do carro mudasse.
Sergey Sirotkin com uma Force India atrás (Foto: Beto Issa)

A Williams lidou com isso. Na pista, o resultado era horroroso. Stroll e Sirotkin vivem de raros lampejos em que conseguem se esgueirar para perto ou dentro da zona de pontos. Com dois jovens, a evolução do carro fica dificultada. Após mais de metade da temporada disputada, a Williams não apenas tem o pior bólido do grid: tem também o carro que menos evoluiu.

 
Quaisquer que sejam as reclamações que podem apresentar ou fraquezas maiores em determinados tipos de traçado, McLaren, Sauber e Toro Rosso são todas superiores. Contam com carros mais bem nascidos, evoluções e melhores pilotos. Até a falida Force India segue nadando de braçada em relação à rival mais próxima que teve na disputa para ser 'melhor do resto' em 2016 e 2017.
 
Tão grave a situação que até Claire Williams passou a ser discutida. Chefe da equipe na prática desde que o pai, Frank, se afastou por questão de saúde, Claire ouviu do campeão mundial de 1997 pela equipe, Jacques Villeneuve, que o irmão deveria ter sido colocado no cargo em vez dela. A própria Claire admitiu que não tinha ideia de que a situação do campeonato seria de tamanha dificuldade e afirmou que estava com medo de ser demitida por Frank.

“Qualquer um que tivesse me dito na última temporada que agora estaríamos passando por isso, eu ficaria horrorizada. Jamais imaginamos isso. Claramente, é um grande choque. É como experimentar uma grande tristeza”, disse em entrevista ao ‘New York Times’.

"Achei que seria um ano para aproveitar meu filho e meu marido, mas não tem como", afirmou.
 
"Meu pai depositou toda sua confiança em mim. Sempre estou preocupada e acho que ele vai me mandar para casa. Mas ainda não o fez", também falou.
 
Do outro lado está Lowe. Um dos principais nomes da Mercedes para construir o domínio dos últimos anos na F1, chegou à Williams em 2017 com status de estrela. Trabalhou para controlar a temporada e assumiu o projeto técnico de 2018. Lowe é o grande cabeça do que a Williams colocou na pista nesta temporada e, talvez por ainda ser novo na escuderia, tem passado por baixo do radar. Paddy mesmo admitiu que se trata do maior desafio da carreira.
"Houve outros desafios que encarei em diferentes situações, mas isso é um novo desafio para mim de qualquer maneira. Tive sorte que em minha carreira não trabalhei em equipes que não estavam ao alcance da ponta. Ali era sempre onde estávamos, no top-10, mais para frente ou até mesmo na ponta. É uma nova experiência para mim, trabalhar em uma equipe que tem muito trabalho a ser feito para voltar para onde queremos estar”, argumentou.
 
“Então isso cria novos desafios pessoais para mim e estou aprendendo o tempo todo. Algumas coisas você acerta, outras coisas, se pudesse refazer meu último ano, teria feito diferente. Mas é essa a natureza da vida. Você encara desafios e aprende com eles e espera que isso te traga experiências para fazer um trabalho melhor da próxima vez”, completou.
Claire Williams e Paddy Lowe (Foto: Reprodução/Twitter)

É difícil saber o quanto da dificuldade da Williams está nos pilotos, seus problemas nas pistas e a dificuldade de dar feedback aos engenheiros e desenvolver o carro. A própria Williams para apontar para o fato de que existe uma complicação neste sentido. Mas não é apenas isso. Com um carro mediano de 2017, Stroll conseguia se sair melhor – e foi até ao pódio no GP do Azerbaijão. O carro é mal nascido.

A situação piorou ainda mais nesta semana. Um consórcio de ricos empresários liderado exatamente por Lawrence Stroll entrou em acordo para assumir o controle da então falida Force India. Com Stroll, o time saiu do processo de insolvência, pagou as muitas dívidas e garantiu o emprego de todos os funcionários. 

 
Bom para o time de Silverstone, mas péssimo para o de Grove. Sem a Martini, a Williams vai perder Stroll no ano que vem. Resta saber qual será a resposta financeira e na escolha de pilotos, visto que é praticamente certo que Lance deixe Grove em direção a Silverstone.
 
A mera de existência de um futuro para a mais tradicional equipe privada da F1 é dúvida. Para que a Williams não seja uma história triste de uma lenda que sai de cena, precisa encontrar soluções urgentemente. Pelo legado de Frank Williams, o mundo do esporte a motor torce para que isso aconteça.
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