Explosivo, Tsunoda precisa de autocontrole para superar momento ruim na F1

Com um começo de carreira turbulento na Fórmula 1, Yuki Tsunoda mostra que precisa ter mais autocontrole. O japonês pontuou na estreia pela AlphaTauri, mas só andou para trás desde então

Trailer dos personagens clássicos do F1 2021 (Vídeo: Codemasters)

O caminho para o topo na Fórmula 1 é árduo e longo. Todos sabem disso, assim como é de conhecimento geral que a categoria pode agir como um moedor de pilotos, sem muito espaço e tempo para a adaptação a médio ou longo prazo. A rapidez fora das pistas também é desejada. Dito isso, vamos a Yuki Tsunoda: após uma estreia com pontos no Bahrein, três corridas sem pontos bastaram para criar muitas interrogações a respeito do nipônico.

É que o GP do Bahrein, onde Tsunoda terminou na nona colocação após disputa com Fernando Alonso, parece ter sido um caso icônico de empolgação demasiada. O piloto da AlphaTauri arrancou elogios de Ross Brawn, diretor-esportivo da categoria, que o definiu sem cerimônias como “o melhor estreante dos últimos tempos”. Passadas mais algumas semanas, não parece ser exatamente o caso.

O japonês é bom piloto, sem dúvidas, mas não era para tanto. Até aqui, passado o GP do Bahrein, Tsunoda colecionou erros nas pistas: a batida precoce no Q1 em Ímola, o apagado 12º lugar na corrida, a má atuação em Portugal, onde finalizou a prova na 15ª posição. Na Espanha, para manter a série de resultados ruins, abandonou. Com tanta expectativa criada, Tsunoda parece ter sentido e já se declarou decepcionado com seu início na F1.

“Os resultados obtidos nas três primeiras corridas não foram os que eu gostaria. Minha expectativa era maior no início da temporada. Se eu olhar pelo lado positivo, cometi grandes erros em Portimão e Ímola já no começo do ano, então preciso triar coisas boas disso e aprender”, disse Tsunoda ao site RacingNews365.

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Yuki Tsunoda bateu no Q1 da classificação do GP da Emília-Romanha e causou bandeira vermelha (Foto: Reprodução)

A luta por um bom ritmo, chave para engatar uma sequência de boas corridas, será travada em muitos rounds. Afinal, é o começo. Começos são assim, de adaptações, passos dados para trás para depois pular à frente. Basta maturidade e cabeça no lugar para que ele entenda todo o processo ao qual está inserido. Só que algumas mudanças de atitude precisam ser mudadas. O ponto mais urgente: o comportamento.

Há quem goste e aprove os áudios xingando Deus, o mundo, o diabo e a si mesmo como algo engraçado, irreverente e visceral do japonês. Talvez seja, realmente. Dito isso, em um ambiente com uma disputa tão feroz por um lugar ao sol, ter um temperamento assim pode indicar destempero, descontrole, fraqueza. Algo que a Fórmula 1 não permite, principalmente em alguém que vive sob a lupa atenta e corrosiva de Helmut Marko, consultor da Red Bull, matriz da AlphaTauri.

Chega, por um lado, a ser cômico ver o jovem japonês ao longo de um fim de semana de corrida mudar de comportamento e atitude. O Tsunoda que esbraveja contra o mundo e contra si e não tem nenhuma papa em sua língua no quesito palavras de baixo calão, é o mesmo piloto que depois, envergonhado, saí pedindo desculpas a todos, pois sabe que o comportamento que teve não foi o mais adequado.

O grande exemplo disso, se deu durante em Barcelona. Ainda no treino classificatório, Tsunoda acusou a AlphaTauri de entregar um carro melhor para seu companheiro, Pierre Gasly, supostamente favorecido.

“É sempre um feedback diferente na comparação com meu companheiro de equipe. Todas as vezes é o oposto, então tenho uma interrogação sobre se é o mesmo carro. Claro que é o mesmo carro, mas o caráter do carro é muito diferente”, acusou à época Tsunoda.

Yuki Tsunoda (Foto: Red Bull Content Pool/Getty Images)

O juízo bateu e na sequência, via Twitter, o japonês logo tratou de pôr panos quentes na situação, se desculpando com a equipe.

“Quero me desculpar com a equipe pelos meus comentários de hoje. Não queria criticar, eles fizeram um grande trabalho durante todo o fim de semana. Eu estava simplesmente frustrado com meu desempenho”, consertou Tsunoda.

Verdade seja dita que Helmut Marko tem um certo carinho pelo japonês, sempre deixando claro que não quer “queimar” Tsunoda, como fez com tantos outros pilotos. Porém, logo após o fatídico treino classificatório, o consultor usou palavras mais duras.

“O Yuki tinha um carro rápido. Certamente ele conseguiria um lugar no Q3. Foi apenas um erro estúpido e você não pode diminuir isso. Eu conversei com o Yuki após a corrida. Ele estava completamente arrependido. Ele teve ótimos tempos nos setores na primeira volta, mas marcar um ótimo tempo na primeira volta não muda nada. Foi arrogante”, declarou Marko em entrevista à emissora austríaca ServusTV, parceira da Red Bull.

As constantes reclamações, e grande cobrança pública que faz a si mesmo, aliada ao desempenho irregular, até natural para um piloto iniciando sua jornada na Fórmula 1, podem deixar de ser um ponto admirável na personalidade de Tsunoda, tornando-se seus grandes algozes na Fórmula 1.

Marko pode ter afirmado que não queimará o jovem piloto de sua academia de pilotos. Dito isso, nada impede que Tsunoda próprio desgaste sua imagem com comportamentos indesejados. Na pista, existem pontos para serem lapidados, e, no caso do nipônico, o mesmo vale para fora dela. Para se chegar ao topo, o autocontrole será imprescindível.

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