Alonso se renova com Aston Martin, mas ‘velho eu’ cairia bem para sacudir inerte Stroll

Se Fernando Alonso quiser provar algo na F1, é apenas por satisfação pessoal. Acolhido pela Aston Martin após o desdém da Alpine, é claramente um dos, senão o único que seria capaz de bater Max Verstappen em condições iguais. A fase, no entanto, é mais leve e despreocupada, só que um tiquinho do velho eu não faria mal para dar um sacode no companheiro de equipe, Lance Stroll

Fernando Alonso é um dos personagens mais repletos de camadas na Fórmula 1. Há quem olhe para os seus únicos dois títulos comparados a números mais corpulentos como os de Lewis Hamilton ou mesmo Sebastian Vettel e discorde do rótulo de ‘gênio do esporte’, mas também é praticamente um consenso de quem acompanha a categoria que ele seria um dos, ou mesmo o único do grid atual capaz de desafiar Max Verstappen em condições iguais. E mesmo assim, a impressão que passa é que na equipe em que chegou com status de estrela-mor, ainda é tratado como coadjuvante.

É preciso dizer, no entanto, que parte disso é por conta do próprio Alonso. E não, ninguém está dizendo que o espanhol deveria nas próximas dez corridas da temporada bradar a plenos pulmões contra o companheiro de equipe infinitamente inferior em termos de performance, uma vez que a pessoa em questão é simplesmente filha do dono do time. É claro que o bom senso impera nessas horas, e nem seria saudável, independentemente do piloto ali ao lado nos boxes, reviver uma guerra à la McLaren 2007.

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Fernando Alonso já colocou a Aston Martin em segundo lugar, no Canadá (Foto: AFP)

Esse é, aliás, um Alonso que nem existe mais — ou se existe, há coisas mais importantes para se preocupar do que iniciar uma guerra pública e declarada contra o seu companheiro. Na verdade, Lance Stroll nem é adversário para isso, uma vez que nem sequer consegue acompanhar o ritmo do espanhol. Não há, portanto, o que temer em termos de rivalidade ou risco de ser superado na pista. Isso, definitivamente, não vai acontecer.

Mas é verdade também que anda faltando em Alonso um tiquinho daquele ‘velho eu’: que fala abertamente dos problemas, que cobra publicamente melhorias, que traz uma dose de caos que às vezes é necessária para sacudir a equipe. Seria bom ter um pouco desse Fernando de volta, inclusive, para tirar o próprio Stroll da completa inércia.

É verdade, contudo, que o asturiano, após ver sua capacidade completamente subestimada pela equipe que por ela tanto fez no passado, viu no time de Silverstone uma espécie de lar de refúgio. Alonso foi acolhido pelo esquadrão gerido por Lawrence Stroll e não deixou por menos: de cara, enfileirou nas seis primeiras corridas cinco pódios, mostrando na prática que a aposta, tanto dele quanto da própria Aston Martin, foi mais que acertada.

Mas as coisas na F1 acontecem rápido demais, com total perdão do trocadilho, e se não teria fôlego para brigar de igual para igual contra a Red Bull, o time chefiado por Mike Krack já se vê numa batalha quádrupla pelo vice-campeonato no Mundial de Construtores, porém nem Alonso mais é garantia de levar o ‘prêmio de consolação’. Tudo porque, no momento, ele é o único com quem a Aston Martin realmente pode contar.

Apenas três pilotos pontuaram em todas as corridas realizadas até aqui em 2023: Verstappen, Hamilton e o próprio Alonso. E Red Bull à parte, porque a discrepância é absurda, a diferença entre o #14 e Stroll é de impressionantes 102 pontos. O segundo lugar, nesse momento, já foi tomado pela Mercedes com autoridade, mesmo tendo um George Russell apanhando muito mais do carro.

E é justamente por resultados assim que vem a pergunta: até quando Alonso se manterá compreensivo com a insistência da Aston Martin, querendo ser grande, em passar a mão por cima da cabeça de um piloto tão limitado quanto Lance? E o próprio também é passivo demais até em disputas diretas! Por mais que esteja claramente em uma fase mais leve e ciente de que não precisa provar nada a ninguém (a não ser por satisfação pessoal), não combina muito com o perfil do bicampeão essa polidez toda, além dos elogios constantes corrida após corrida quando o time que antes já projetava vitórias agora briga para terminar com os dois carros na zona de pontuação.

Restam mais dez corridas em 2023, e provavelmente o roteiro visto não será muito diferente do que já tivemos: Alonso dominando Stroll e só não incomodando Verstappen por falta de equipamento. É uma pena, pois é muito pouco para quem do alto dos seus 42 anos só se reinventa e parece até rejuvenescer. Ainda que o velho Alonso — aquele quando mais jovem — também viesse a calhar.

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