Alonso sublinha com pódio realidade que Alpine esconde: retorno à F1 é sucesso

Embora carro da Alpine seja imensamente decepcionante, Fernando Alonso tem sido exatamente o que a equipe francesa buscava para 2021

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Quando Fernando Alonso resolveu deixar a Fórmula 1 pela falta de uma opção melhor, no fim de 2018, havia a convicção de que ele gostaria de voltar, mas a dúvida sobre possibilidades futuras. E houve quem olhasse de maneira tortuosa à decisão de voltar dois anos depois, na beira dos 40 anos, abandonando o sucesso que encontrava em outros mundos para navegar ao lado de uma equipe de meio de pelotão. Quase um ano depois da decisão, dá para dizer que ele é exatamente o que a Alpine procurava.

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Sim, esta análise nasce do resultado do fim de semana: retorno de Alonso ao pódio após sete anos, desde 2014. A quebra de um jejum histórico que indicava bem as situações em que o bicampeão esteve ao longo do tempo desde que participou ativamente do processo de implosão da Ferrari no final daquela temporada. Mas isso pouco importa agora. O que importa mesmo é que o pódio do Catar serve como catalisador do restante da temporada. É a manchete que permite chamar a atenção do que Fernando fez no restante do campeonato.

“É um alívio, estou suando”, disse Marcin Budkowski, diretor-executivo da Alpine, logo após a corrida catari. “O pódio dele era algo que estávamos esperando há muito tempo, para ser sincero. Todos concordam que a pilotagem de Fernando neste ano merecia esse pódio, então é ótimo vê-lo lá em cima”, destacou.

E o que ele fez no restante do campeonato? Bom, para começar, conseguiu ser habitué dos pontos com um carro tremendamente decepcionante. A Alpine esperava incomodar McLaren e Ferrari pelo posto de terceira força do Mundial de Construtores, mas não se aproximou de maneira consistente em nenhum momento do ano. É verdade que a Aston Martin deveria entrar nessa onda, mas o carro é ainda pior. A questão principal é o carro da AlphaTauri é melhor que o dos franceses, mas vai terminar atrás no campeonato pelo fato de ter um piloto estreante e que ainda precisa provar que pertence ao grid da Fórmula 1. Mas não seria o caso com dois Pierre Gasly.

Fernando Alonso terminou em terceiro no GP do Catar, melhor resultado do ano para o espanhol (Foto: Alpine)
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Avaliar a temporada de Alonso é entender os altos e baixos de um piloto que passou dois anos fora da Fórmula 1 e voltou para um carro que, em fim de uma geração de bólidos, estava basicamente pronto para quem viesse substituir Daniel Ricciardo em 2021. O começo teve lá os percalços, a comparação que favorecia um jovem talentoso como Ocon, mas durou pouco.

No pós-Mônaco, Alonso começou a tirar do carro, na maioria dos fins de semana, o que era possível. Os pontos se tornaram constantes, Ocon passou a ganhar ares de sidekick e as coisas caíram de volta ao normal. Até a chegada das férias de verão, seis corridas seguidas nos pontos. A última delas na Hungria, com um quarto lugar quando o francês, que marcara somente dois pontos no pós-Mônaco até ali, venceu. Alonso foi quarto, mas brilhou na briga contra Lewis Hamilton.

A expectativa era ver uma Alpine mais forte na segunda parte do ano, após encerrar o trecho de abertura do campeonato com vitória e quarto lugar – ainda que com ajuda fundamental das circunstâncias. O que se viu a partir da Bélgica foi o contrário: uma Alpine que parecia aceitar que o objetivo de 2021 havia sido alcançado e o resto do ano era apenas uma transição. E embora não haja uma chefia de boca grande – como tinha em Cyril Abiteboul no passado – e não dê para dizer que há crise, os boatos começaram a correr de que trazer Davide Brivio da MotoGP fora um erro que duraria somente um ano. Otmar Szafnauer é o nome para o futuro? Ele e a Aston Martin negam, mas há um preocupante silêncio na Alpine sobre Brivio e os planos para o futuro.

“Para mim, ele é o melhor piloto na pista”, elogiou o tetracampeão mundial e consultor da Alpine, Alain Prost. “A visão geral que ele tem de corrida é inacreditável, assim como o entendimento dos pneus, o feedback sobre o carro e a forma como informa os engenheiros. Fernando me disse que se tornou uma pessoa diferente [no período fora da F1], e devo dizer que é verdade. Está totalmente a serviço da equipe”, afirmou.

Fernando Alonso e EL PLAN (Foto: Alpine)

Mesmo em meio à instabilidade, o que Alonso mostrou com um carro que chegou a cair para pior que a Alfa Romeo em dado momento, foi um piloto tão estável quanto se podia esperar. Quando as coisas dão errado, como na Turquia, Ocon assume o manche e descola somente um ponto, mas Esteban não é o melhor piloto da Alpine em 2021. É Alonso, que conseguiu ir aos pontos em seis das nove corridas pós-recesso, mesmo com todas as dificuldades. São 39 pontos que parecem um erro de soma no período, quando se avalia a qualidade do carro. Ocon, para efeito de comparação, fez 24.

“Inacreditável! Faz sete anos…”, falou logo após sair do carro em Losail. “Finalmente conseguimos. Ficamos perto em algumas corridas, mas não foi o suficiente. Porra! Eu estava esperando há tanto tempo por isso”, finalizou, maravilhado. O jejum terminou.

O pódio do Catar é justiça e serve de fio condutor para textos como esse, que avaliam de maneira positiva toda a temporada. O Alonso de agora é exatamente aquilo que a Alpine precisava: estável e responsável por resultados possíveis. Se a Alpine é o que Alonso precisava, é outra história, para outro texto.

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