Ferrari se impõe com liderança sólida na Austrália. Mas Red Bull acompanha de perto

A Fórmula 1 está de volta à Austrália, mas a hierarquia de forças da temporada 2022 segue a mesma. Ferrari e Red Bull continuam na ponta da tabela, mesmo experimentando soluções diferentes em seus carros ao longo dos dois treinos livres desta sexta-feira (8). A verdade é que o novo regulamento ainda intriga e exige da criatividade dos engenheiros, mesmo daqueles que estão em garagens menos problemáticas. No caso, as duas rivais trouxeram pequenas novidades para Melbourne. E os vermelhos acabaram encontrando o caminho do sucesso muito mais rápido que os taurinos.

Carlos Sainz liderou a primeira sessão do dia, diante de arquibancadas cheias no remodelado circuito do Albert Park. Já à tarde, Charles Leclerc assumiu o topo da tabela e fechou o dia com a marca de 1min18s978 – apenas o monegasco andou abaixo de 1min19s. Curioso perceber que o desempenho veio na segunda volta rápida com os pneus macios, pouco antes do início das simulações do ritmo de corrida.

“Para mim, foi uma sexta-feira um pouco mais difícil. O TL1 foi um pouco complicado, melhorei em termos de pilotagem no TL2, mas ainda há muito trabalho a fazer. Acho que ninguém deu uma volta realmente boa hoje”, afirmou Leclerc após a segunda sessão do dia, acrescentando também uma questão que chamou a atenção durante as atividades: a Ferrari voltou a sofrer com o porpoising.

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De acordo com Charles, os saltos têm mais a ver com as características do circuito do que propriamente com o acerto do carro. “Não acho que seja relacionado ao combustível. Acho que depende mais da pista. No Bahrein, tivemos um pouco, em Jedá um pouco menos e agora é um pouco mais ainda. Não é tão agradável, mas estamos trabalhando nisso”, relatou.

Já Sainz ficou a quase 0s4 do companheiro ferrarista, mas seu programa técnico foi um pouco diferente. O espanhol focou no comportamento dos pneus por conta das singularidades de um traçado novo. “Foi uma sexta-feira interessante, pois tivemos que lidar com muitas coisas novas em comparação com a última vez que corremos aqui. A pista é completamente diferente do que costumava ser: é definitivamente mais rápida e o novo asfalto parece totalmente diferente em termos de aderência, tanto quanto me lembro”, explicou Carlos.

“Precisamos continuar trabalhando para entender como os pneus se comportam, mas, em geral, acho que temos uma boa base para começar a nos preparar para a classificação de amanhã”, acrescentou.

O fato é que os italianos têm um novo difusor e outros elementos na parte da traseira da F1-75. A ideia geral é tentar reduzir o arrasto e criar uma maior eficiência aerodinâmica em um traçado mais veloz, com quatro zonas do DRS. De toda a maneira, a Ferrari parece muito bem acertada para a performance tanto em classificação quanto em corrida.

Mas enquanto a Ferrari surge já em forma, a Red Bull precisou trabalhar mais nesta sexta-feira. O RB18 ainda lida com o excesso de peso – entende-se que o carro esteja 10 kg acima do limite. Por isso, os taurinos revisaram peças e também trouxeram mudanças para Melbourne. A configuração geral procurou aprimorar a aerodinâmica, reduzindo também o arrasto. Max Verstappen reclamou muito ao longo do dia do acerto, porque perdia rendimento nas curvas mais rápidas. A equipe também mexeu nas suspensões e asas para tentar uma melhor performance. Isso acabou se pagando na sessão vespertina.

“Fizemos progressivas mudanças que nos aproximaram mais e mais do tempo, e ao final, o ritmo de corrida também pareceu bastante decente”, disse o chefão Christian Horner à Sky Sports logo depois do final da sessão.

“Temos trabalho ainda para fazer esta noite. Há coisas para arrumar, mas acho que estamos numa boa direção, e o carro está começando a responder bem a essas mudanças”, avaliou.

Apesar dos 0s245 de diferença para Leclerc, Verstappen se colocou em segundo na tabela e acabou o dia satisfeito com a evolução dos energéticos. “Tudo pareceu certo e estável na simulação de corrida, o que me deixa feliz. Nós certamente fizemos progresso hoje. Tivemos de mudar coisas no carro porque estava complicado, mas estamos numa direção boa. Precisamos evoluir em cima disso e fazer pequenos ajustes amanhã. Eles [Ferrari] parecem fortes, mas estamos próximos”, explicou.

Diante disso, a classificação deste sábado tende a ser uma disputa acirrada entre os dois ponteiros, com uma leve vantagem para a Ferrari. E aí é que Sainz pode surpreender, repetindo o que Sergio Pérez fez na Arábia Saudita.

O dia também foi marcado por uma Alpine veloz. Fernando Alonso terminou o segundo treino na quarta colocação, seguido por Pérez e o companheiro Esteban Ocon. Os franceses também trouxeram novidades: um assoalho mais leve, além de uma nova cobertura do freio traseiro. A atualização funcionou muito bem, ao menos neste início de trabalho.

Outra equipe que surpreendeu foi a McLaren. Depois de duas corridas muito complicadas no Bahrein e na Arábia Saudita, os ingleses apareceram no top-10. Lando Norris foi o oitavo, enquanto Daniel Ricciardo foi o décimo. Entre eles, Pierre Gasly. “Em termos de competitividade, parece que demos um pequeno passo à frente. Teremos que trabalhar duro esta noite para tentar consolidar nossa posição com o objetivo de estar na disputa por uma posição no Q3 amanhã e esperamos lutar por alguns pontos no domingo”, afirmou o engenheiro da McLaren, Andrea Stella.

Por outro lado, o destaque negativo vai para a Mercedes, que terá uma longa noite em conexão com a fábrica em Brackley. A esquadra multicampeã terminou a segunda sessão fora da lista dos dez primeiros e segue cheia de problemas. “Nada que mudarmos fará diferença”, falou um pouco otimista Lewis Hamilton, 13º na tabela, a 1s2 da melhor marca do dia. Embora não tenha levado nenhuma atualização para Melbourne, os alemães trabalharam bastante no acerto do arisco W13. O carro continua sofrendo com os quiques e, por isso, perde rendimento. Além da dificuldade costumeira, o modelo prata também enfrentou problemas para atingir a temperatura ideal dos pneus. E isso comprometeu a performance nas curvas mais rápidas.

“Foi difícil gerar a temperatura dos pneus aqui, então essa é a grande coisa que precisamos trabalhar durante a noite. Estávamos claramente mais competitivos na primeira sessão do que nas condições mais frias da sessão da tarde, e os dados que estamos vendo do carro confirmam o fato de que não conseguimos aquecer os pneus. Se pudermos melhorar isso, é bem possível encontrar uma boa aderência”, apontou Andrew Shovlin, engenheiro de pista da Mercedes.

“Então, não foi um dia fácil no geral, mas estamos nos acostumando com isso este ano. Já temos algumas ideias de qual direção podemos seguir com a configuração e faremos mais trabalho durante a noite em Brackley para entender melhor essas mudanças, para que possamos seguir em frente durante a noite”, completou.

O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do fim de semana do GP da Austrália AO VIVO e EM TEMPO REAL. No sábado, o terceiro treino livre está marcado para as 0h (de Brasília). Mais tarde, a classificação acontece às 3h.

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