FIA vê abuso online como “praga do nosso esporte”, promete ação e pede postura coletiva

Presidente da entidade, Mohammed Ben Sulayem lançou carta aberta ao público e detalhou medidas a serem feitas pelo órgão regulador para conter abuso online de torcedores

Desde o fim polêmico da temporada de 2021 da Fórmula 1, vencida por Max Verstappen, o duelo entre fãs dos pilotos nas redes sociais aumentou de proporção. Insultos, ameaças e comentários negativos preenchem grandes espaços — especialmente em fins de semana de corrida — nos canais online das equipes do grid.

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Para tentar combater tais abusos, tanto na internet quanto nas arquibancadas, a F1 lançou em julho a campanha ‘Drive It Out’ (“expulse-o”, em tradução livre). A categoria reuniu pilotos e chefões em prol do esforço de identificação de agressores nas corridas.

Agora, Mohammed Ben Sulayem ‘encorpou’ o debate. Nesta terça-feira (8), o presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) lançou uma carta aberta ao público, publicada inicialmente na revista Motorsport, alertando para o ambiente tóxico — que “atingiu um ponto crítico” — vivido pelo esporte.

Mohammed Ben Sulayem assumiu a presidência da FIA neste ano (Foto: Andrej Isakovic/AFP)

“O abuso online tornou-se uma praga em nosso esporte. É hora de todos nós nos unirmos – e agir. Recentemente, uma das comissárias da FIA, Silvia Bellot, foi alvo de ameaças de morte. É absolutamente deplorável que uma comissária como Silvia — ou qualquer um de nossos oficiais, que se voluntariam para nos permitir correr —, seja objeto de tal ódio. Vários funcionários da FIA também foram alvo de assédio e postagens de ódio nos últimos anos”, começou Ben Sulayem.

“É totalmente inaceitável que nossos voluntários, comissários e funcionários sejam submetidos a esse abuso extremo. Não tem lugar no nosso esporte. (Abuso) tem um efeito devastador em nossa saúde mental e de nossos entes queridos. Eu sempre defenderei minha equipe. E deixe-me ser claro — sem essas pessoas, não teríamos corridas. Temos que nos perguntar: quem gostaria de se tornar um funcionário de topo nesse tipo de ambiente? A realidade é óbvia. Se isso continuar, destruirá nosso esporte. Como presidente, é claro que você espera que as pessoas discordem das decisões que você toma. Mas você deve esperar que essas opiniões e comentários sejam respeitosos, e isso é cada vez mais raro”, seguiu.

O presidente da FIA também citou uma “abordagem colaborativa” para combater os níveis de abuso. Com isso em mente, Ben Sulayem revelou que a entidade entrou em diálogo com diversas plataformas nas redes sociais, cobrando fiscalização. Além disso, há conversas também com órgãos governamentais em prol de um compromisso de ação conjunta.

A FIA também encomendou pesquisas sobre discursos de ódio e comentários tóxicos nas redes sociais — para ter uma plataforma de compartilhamento de conhecimento de tais práticas, com fins de educação e prevenção. Por fim, o órgão regulador anunciou que implementou um software para detectar e remover conteúdo tido como impróprio de seus canais.

“Nos próximos meses, lançaremos uma campanha conjunta, alavancando o poder e o alcance de toda a FIA, que conta com 244 organizações automobilísticas e esportivas em 146 países, em 5 continentes. Esta campanha se baseará no trabalho colaborativo da FIA e da Fórmula 1 por meio da iniciativa Drive It Out. Falarei mais sobre isso no GP de Abu Dhabi, no final deste mês. As paixões são intensas no esporte, mas o assédio, o abuso e o discurso de ódio online não devem ser tolerados. Todos no nosso esporte, desde a imprensa até equipes, pilotos e fãs, têm um papel a desempenhar. Não podemos ignorar isso. Convido todo o ecossistema do automobilismo a se posicionar. Devemos alertar. Isso tem que parar”, finalizou Ben Sulayem.

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