FIA admite investigação interna após denúncias de manipulação contra presidente

A FIA confirmou, em nota oficial publicada nesta terça-feira (5), que o departamento de compliance da Federação está realizando uma investigação interna sobre “membros dos seus órgãos sociais”. Na última segunda-feira, estourou a notícia de que o presidente Mohammed Ben Sulayem teria interferido no resultado do GP da Arábia Saudita de 2023.

A Federação não cita Ben Sulayem de forma nominal, mas avisa que o “departamento de compliance está avaliando a situação, como é comum neste assunto, para garantir que o processo seja seguido meticulosamente”.

Na ocasião, Ben Sulayem teria tentado reverter uma punição de cinco segundos dada ao espanhol Fernando Alonso, da Aston Martin. O piloto foi punido em 5 segundos por alinhar o carro fora do colchete na largada. Ao pagar a punição durante um pit-stop, recebeu uma nova sanção, agora de 10 segundos, pelo entendimento de que a equipe tocou no carro para reparos antes do tempo total da punição anterior ser cumprido.

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Na penúltima volta, Alonso ainda foi avisado de que teria de abrir mais de 5s para George Russell para garantir o pódio, porém a nova punição renderia 10s a mais no tempo final. E foi o que aconteceu. Alonso caiu para quarto, enquanto Russell herdou o terceiro lugar.

Nem o veterano, muito menos a Aston Martin ficaram satisfeitos com a decisão da FIA, e a equipe entrou com um pedido de revisão, enviando à entidade outros sete vídeos provando que a mesma situação já havia acontecido, porém sem ser considerada infração. Com isso, 3h após o final da corrida, o órgão regulador emitiu documento definitivo revogando a segunda punição dada a Alonso.

Segundo a BBC, o caso está no comitê de ética e no departamento de compliance da FIA. Segundo a acusação, Sulayem ligou para o xeique Abdullah bin Hamad bin Isa Al Khalifa, atual vice-presidente esportivo da FIA na região do Oriente Médio e Norte da África, deixando claro que a punição de Alonso deveria ser revogada.

O relatório assinado por Paolo Basarri, membro do departamento de compliance da FIA, diz que o denunciante relatou que Ben Sulayem “esperava que os comissários mudassem a decisão” de punir Fernando. O comitê de ética deve levar entre 4 a 6 semanas para divulgar o relatório sobre o caso.

Nesta terça-feira, a BBC informou que Sulayem também passa por outra tentativa de interferência: a de aprovação do circuito de rua de Las Vegas, que recebeu a Fórmula 1 no ano passado. Segundo o relatório, o denunciante foi contatado por um empresário que, “a pedido do presidente da FIA, o instruiu a encontrar algumas preocupações para impedir a FIA de certificar o circuito antes do fim de semana da corrida” realizada em 19 de novembro.

O texto segue dizendo que “o objetivo era encontrar falhas na pista para reter a licença” e acrescenta: “Solicitado a ser mais específico, [o denunciante] disse que os problemas do circuito deveriam ser identificados artificialmente, independentemente da existência real, com o intuito final de reter a licença.”

Ainda de acordo com o relatório de compliance ao qual teve acesso à emissora britânica, o denunciante afirma que encarregou um funcionário para tal tarefa e designou outros dois, também presentes na sala no momento. O documento completa que os fiscais “não conseguiram encontrar qualquer questão com o circuito e, portanto, certificaram a pista apta para a corrida”.

Um porta-voz da FIA se manifestou sobre o caso e afirmou que, “do ponto de vista esportivo e de segurança, a aprovação do circuito de Las Vegas seguiu o protocolo da FIA em termos de inspeção e certificação. Se vocês se lembram, houve atraso na disponibilização da pista para inspeção por conta das obras em andamento do promotor local.”

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