FIA condena invasão e determina que pilotos russos corram com bandeira neutra

Depois de uma reunião extraordinária do Conselho Mundial, a FIA decidiu que pilotos e equipes russos e bielorrussos poderão seguir no automobilismo, mas desde que corram com bandeira neutra. A entidade também cancelou a etapa russa da Fórmula 1

A reunião extraordinária da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) desta terça-feira (01) determinou que pilotos russos e bielorrussos ainda poderão competir nos campeonatos organizados pela entidade, desde que com uma bandeira neutra.

O Conselho Mundial de Automobilismo foi convocado em caráter urgente para discutir os desdobramentos do conflito no leste europeu, após pedido da Federação de Automobilismo da Ucrânia para que o órgão regulador suspendesse as licenças de pilotos russos.

A FIA declarou também, em comunicado emitido após a reunião, que nenhum evento da organização será realizado na Rússia ou em Belarus até segunda ordem e que o GP em Sóchi está oficialmente cancelado por motivos de “força maior”. “Nenhuma competição internacional será realizada na Rússia e na Bielorrússia, até novo aviso”, decretou o comunicado emitido pela entidade que rege o esporte.

A nota seguiu ainda com as seguintes determinações: “Nenhuma bandeira/símbolo ou hino da Rússia/Bielorrússia será usado em competições internacionais. Nenhuma equipe nacional russa/bielorrussa poderá participar de competições internacionais. Pilotos russos/bielorrussos, competidores individuais e oficiais poderão participar de competições internacionais apenas sob bandeira neutra e sob a ‘bandeira da FIA’, sujeitos a compromisso específico e adesão aos princípios de paz e neutralidade política da FIA.”

“Nenhum símbolo nacional russo/bielorrusso, cores, bandeiras [uniforme, equipamento e carro] devem ser exibidos ou hinos devem ser tocados em competições internacionais”, completou o documento.

Dessa forma, Nikita Mazepin, piloto russo da equipe Haas, terá a chance de seguir no grid da Fórmula 1 em 2022. O mesmo se aplica a Daniil Kvyat, piloto reserva da Alpine.

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NIKITA MAZEPIN; HAAS; F1; FÓRMULA 1; GP DE ABU DHABI;
Nikita Mazepin poderá seguir na Fórmula 1, mas terá de usar uma bandeira neutra, diante das determinações da FIA (Foto: FIA Pool/LAT Images/Haas)

Ainda dentro das decisões tomadas pela FIA, também está a medida que afasta membros dentro da própria entidade. “Membros representantes da FIA russos/bielorussos da FIA terão de se afastar temporariamente de suas funções e responsabilidades como dirigentes eleitos ou membros da comissão”, afirmou o comunicado.

O órgão regulador do automobilismo tomou por base as recomendações do Comitê Olímpico Internacional.

Confira o comunicado completo da FIA:

O Presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, presidiu hoje uma reunião extraordinária do Conselho Mundial do Desporto Automóvel (WMSC) para tratar de assuntos relacionados com a situação em curso na Ucrânia.

No seu discurso de abertura da reunião, o Presidente da FIA afirmou: “Como sabem, a FIA está acompanhando com tristeza e choque os acontecimentos na Ucrânia, e eu espero uma resolução rápida e pacífica para a situação atual. Condenamos a invasão russa à Ucrânia e nossos pensamentos estão com todos aqueles que sofrem como resultado dos desdobramentos na Ucrânia. Gostaria de salientar que a FIA, juntamente com nossos promotores, agiu proativamente sobre este tema na semana passada e se comunicou em conformidade na Fórmula 1, Fórmula 2, WTCR e na Copa Internacional de Drifting. Uma versão atualizada dos diferentes calendários internacionais será apresentada para aprovação na reunião da WMSC no Bahrein”.

De acordo com as recomendações do Comitê Olímpico Internacional, os membros do Conselho aprovaram as seguintes decisões a serem implementadas com efeito imediato:

Competições organizadas no território da Rússia e Belarus
_ Nenhuma competição internacional/regional a será realizada na Rússia e Belarus, até segunda ordem.
_ Nenhuma bandeira/símbolo ou hino de Rússia/Belarus será usado em competições internacionais/zona, até segunda ordem
.

Pilotos, competidores e oficiais
_ Nenhuma equipe nacional russa/bielorrussa poderá participar de competições internacionais/regionais (por exemplo, o FIA Motorsport Games), até segunda ordem.
_ Pilotos russos/bielorrussos, competidores individuais e oficiais poderão participar de competições
. internacionais/regionais somente em sua capacidade neutra e sob a ‘bandeira da FIA’, sujeitos a compromisso específico e adesão aos princípios de paz e neutralidade política da FIA, até segunda ordem.
_ Nenhum símbolo nacional russo/bielorrusso, cores, bandeiras (uniforme, equipamento e carro) deve ser exibido ou hinos devem ser tocados em competições internacionais/regionais, até segunda ordem
.

Apoio financeiro da FIA
_Nenhum apoio financeiro da FIA será concedido aos membros russos e bielorrussos.
_Nenhum financiamento existente da FIA será pago aos membros russos e bielorrussos*
*Sujeito à aprovação do Conselho Mundial para a Mobilidade e Turismo

Calendário Esportivo Internacional da FIA
Sob proposta do detentor dos direitos comerciais da F1, o GP da Rússia de 2022 está cancelado por motivo de força maior.

“Quero agradecer aos membros do Conselho por sua pronta ação ao decidir estas medidas no interesse do esporte e da paz. Somos solidários com Leonid Kostyuchenko, o Presidente da Federação Automobilística da Ucrânia (FAU) e a família mais ampla da FIA no país. As medidas tomadas hoje reconhecem a autoridade da FAU na Ucrânia e também estão alinhadas com as recomendações feitas recentemente pelo Comitê Olímpico Internacional. Estamos em ativa discussão com nossos membros enquanto continuamos a estender nossa compaixão e apoio neste tempo de necessidade. Esperamos sinceramente uma resolução pacífica para suas intoleráveis dificuldades”, finalizou o presidente da FIA.

Entenda o conflito entre Rússia e Ucrânia:

No último dia 21, o presidente russo Vladimir Putin reconheceu, em decreto, a independência das províncias separatistas ucranianas de Donetsk e Luhansk. O movimento gerou sanções da União Europeia e dos Estados Unidos ao governo e a empresas russos, aumentando também o medo de um confronto na região.

A tensão escalou de vez no leste europeu no último dia 24,quando a Rússia atacou a Ucrânia em um movimento classificado por Kiev como uma “invasão total”. Às 5h45 [23h45 de quarta-feira, no horário de Brasília], Putin anunciou em um pronunciamento uma “operação militar especial” para “proteger a população do Donbass”, uma área de maioria étnica russa no leste ucraniano.

O comando militar russo alega que “armas de precisão estão degradando a infraestrutura militar, bases aéreas e aviação das Forças Armadas da Ucrânia”. Na TV, Putin afirmou que a Rússia não planejava uma ocupação da Ucrânia, mas ameaçou com uma resposta “imediata” qualquer um que tentasse interromper a operação. O mandatário russo recomendou que os soldados ucranianos se rendam e voltem para casa. “Do contrário, a própria Ucrânia seria culpada pelo derramamento de sangue”, avisou.

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky decretou lei marcial em todo o país, instaurando regime de guerra e convocando grande parte dos reservistas das forças armadas – inclusive impedindo que qualquer homem entre 18 e 60 anos de idade saiam do país nos próximos 30 dias.

O conflito chega nesta terça-feira ao sexto dia. Segundo o Acnur (Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para Refugiados), mais de 600 mil pessoas já deixaram a Ucrânia. Somado a isso, cerca de 1 milhão de pessoas fugiram de suas casas, mas continuam no país.

Nesta manhã, um míssil atingiu o centro de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, afetado um prédio do governo local no centro da Praça da Liberdade. Pelo menos dez pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. O presidente Zelensky classificou o ataque russo como “terrorismo de Estado”.

Segundo o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, quase 75% das forças russas deslocadas para as fronteiras ucranianas já estão dentro do país. Contudo, forte resistência dos combatentes da Ucrânia têm retardado o progresso das tropas russas, embora a expectativa seja de que o exército de Vladimir Putin esteja preparando um ataque ainda mais destrutivo para tomar a capital Kiev.

A crise militar é uma das maiores desde a Segunda Guerra Mundial e a mais grave da Europa envolvendo uma potência nuclear.

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