Hamilton cita raiva, tristeza e descrença: “Continuamos a falhar como humanidade”

Lewis Hamilton fez um profundo desabafo sobre a dor que sente desde que George Floyd foi assassinado pela polícia em Minneapolis, nos Estados Unidos. O hexacampeão mundial também clamou: “Por favor, não fique em silêncio, não importa a cor da sua pele. Vidas negras importam”

Desde que George Floyd foi assassinado de forma covarde pelo policial Derek Chauvin em Minneapolis, nos Estados Unidos, há pouco mais de uma semana, Lewis Hamilton tomou a frente como um dos principais ícones do esporte a se manifestar de forma veemente contra o racismo e as estruturas que mantém o racismo em pé, como a brutalidade policial. O hexacampeão mundial de F1 se uniu a grandes nomes do esporte, como LeBron James, e se indignou pela letargia dos seus colegas de trabalho. Após colocar o ‘dedo na ferida’, como consequência, pilotos como Charles Leclerc, Lando Norris, Antonio Giovinazzi e Sergio Pérez se expressaram nas redes sociais. Só então, sua equipe, a Mercedes, divulgou um post de contrariedade ao racismo, assim como o fizeram também a F1 e o Indianapolis Motor Speedway nesta terça-feira (2).

Também nesta tarde, o britânico de 35 anos voltou a se manifestar nas redes sociais no momento em que grandes manifestações ganham cada vez mais corpo nos Estados Unidos e avançam para o oitavo dia em centenas de cidades, sobretudo em grandes centros como Washington, Los Angeles, Nova York ou mesmo em Minneapolis, e contam com a adesão de negros, brancos, hispânicos e asiáticos. Os protestos dos últimos dias só têm paralelo com o levante popular após o assassinato de Martin Luther King em abril de 1968 e agora ecoam para além das fronteiras da América e são percebidos com força em países como Brasil, Holanda e França, por exemplo.

Ver essa foto no Instagram

This past week has been so dark. I have failed to keep hold of my emotions. I have felt so much anger, sadness and disbelief in what my eyes have seen. I am completely overcome with rage at the sight of such blatant disregard for the lives of our people. The injustice that we are seeing our brothers and sisters face all over the world time and time again is disgusting, and MUST stop. So many people seem surprised, but to us unfortunately, it is not surprising. Those of us who are black, brown or in between, see it everyday and should not have to feel as though we were born guilty, don’t belong, or fear for our lives based on the colour of our skin. Will Smith said it best, racism is not getting worse, it’s being filmed. Only now that the world is so well equipped with cameras has this issue been able to come to light in such a big way. It is only when there are riots and screams for justice that the powers that be cave in and do something, but by then it is far too late and not enough has been done. It took hundreds of thousands of peoples complaints and buildings to burn before officials reacted and decided to arrest Derek Chauvin for murder, and that is sad. Unfortunately, America is not the only place where racism lives and we continue to fail as humans when we cannot stand up for what is right. Please do not sit in silence, no matter the colour of your skin. Black Lives Matter. #blackouttuesday ✊🏽

Uma publicação compartilhada por Lewis Hamilton (@lewishamilton) em

Ao mesmo tempo em que provoca seu seguidor a refletir sobre o racismo enraizado na sociedade, e não somente na norte-americana, Lewis vai além ao expressar sua dor, tristeza e decepção com a humanidade como um todo.

“A semana passada foi muito sombria. Não consegui conter minhas emoções. Senti tanta raiva, tristeza e descrença no que meus olhos viram. Fico completamente enraivecido ao ver esse flagrante desrespeito pela vida do nosso povo. A injustiça que estamos vendo nossos irmãos e irmãs sofrerem em todo o mundo repetidamente é nojenta e DEVE parar”, escreveu o piloto em post nas suas redes sociais.

“Muitas pessoas parecem surpresas, mas, para nós, infelizmente, não surpreende. Aqueles de nós que somos negros, mulatos ou pardos veem isso todos os dias e não devem ter a sensação de que nascemos culpados, que não pertencemos ou tememos por nossas vidas com base na cor da nossa pele. Will Smith disse: o racismo não está piorando, está sendo filmado. Só agora que o mundo está tão bem equipado com as câmeras é que esse problema pode vir à tona de forma tão grande”.

Hamilton reclamou da injustiça e a falta de empatia das autoridades, que só se mexeram mesmo depois que as manifestações ganharam proporções poucas vezes vista na história recente dos Estados Unidos. “E somente quando há tumultos e gritos por justiça que os poderes que estão envolvidos desmoronam e fazem alguma coisa, mas, a essa altura, já é tarde demais e pouco foi feito. Foram necessárias centenas de milhares em protestos e prédios em chamas para que as autoridades reagissem e decidissem prender Derek Chauvin por assassinato, e isso é triste”.

Por fim, o dono de 84 vitórias e 88 poles na F1 reforça que a chaga do racismo não é exclusiva do país de George Floyd e é o reflexo de uma humanidade que deu errado.

“Infelizmente, os Estados Unidos não são o único lugar onde o racismo vive e continuamos a falhar como seres humanos quando não podemos defender o que é correto. Por favor, não fique em silêncio, não importa a cor da sua pele. Vidas negras importam”, bradou.

[leiamais]

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.