Hamilton vence caótico GP do Brasil e leva decisão do título para Abu Dhabi. Massa emociona F1 na despedida de Interlagos
O GP do Brasil deu toda a pinta de que terminaria bem antes do previsto, mas foi até o fim mesmo com toda a chuva que desabou em São Paulo. Lewis Hamilton conquistou um triunfo crucial e levou a decisão do título para Abu Dhabi. Felipe Massa bateu, mas se emocionou e emocionou o mundo do esporte com seu adeus a Interlagos. E Felipe Nasr finalmente colocou a Sauber nos pontos pela primeira vez na temporada
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Interlagos foi o cenário de um domingo (13) bastante chuvoso, caótico, mas emocionante. As condições críticas da pista em razão do volume de água que desabou na região do circuito desde a noite do último sábado tornaram o GP do Brasil o mais lotérico de toda a temporada 2016 do Mundial de F1. Com os pilotos andando no fio da navalha e com uma margem de erro muito grande, todo cuidado era pouco. No fim das contas, brilhou mais forte a estrela de Lewis Hamilton. Depois de largar na pole-position, o britânico foi cerebral e controlou a prova sem ser ameaçado, mesmo depois de duas bandeiras vermelhas que acabaram por juntar o pelotão. O tão sonhado triunfo no GP do Brasil, além de isolar Lewis como o segundo maior vencedor da história da F1, adiou a decisão do título para daqui a duas semanas, em Abu Dhabi.
Nico Rosberg pouco pode fazer diante de uma corrida tão contundente por parte do rival. Restou ao alemão se conformar com o segundo lugar, que saiu no lucro depois de o alemão disputar posição com Verstappen e chegar a ser ultrapassado pelo holandês da Red Bull. Assim, a vantagem de Nico caiu de 19 para 12 pontos com a etapa de Abu Dhabi para encerrar a temporada 2016. Agora, Rosberg tem 367, contra 355 de Lewis. O alemão precisa terminar a última corrida do ano em terceiro lugar, independente do resultado do rival, para ser campeão do mundo.
Felipe Massa não completou a corrida depois de ter sido mais uma das vítimas da Curva do Café ao perder o controle do seu carro na pista molhada e bater no guard-rail. Mas tão logo desceu do carro, o brasileiro foi ovacionado pela torcida nas arquibancadas na sua despedida de Interlagos. Numa cena nunca antes vista na F1, Felipe pegou a bandeira do Brasil e foi aplaudido por todos no pit-lane, levando as lágrimas o próprio piloto e emocionando o mundo do esporte. E o xará Felipe Nasr, em casa, fez sua melhor corrida na temporada. O brasiliense figurou na zona de pontuação em praticamente toda a prova e garantiu os primeiros tentos da Sauber em 2016 ao cruzar a linha de chegada em nono. Assim, o time suíço passa a Manor no Mundial de Construtores.
Max Verstappen, numa atuação exuberante, brilhou do começo ao fim em Interlagos e só não fez mais em razão das decisões equivocadas da Red Bull na estratégia. Ainda asim, o holandês garantiu um grande terceiro lugar e subiu ao pódio mais uma vez neste ano, com Sergio Pérez terminando em quarto lugar e Sebastian Vettel fechando o top-5 em São Paulo. Carlos Sainz foi o sexto colocado, seguido por Nico Hülkenberg e Daniel Ricciardo. Nasr cruzou em nono, bem à frente do décimo, Fernando Alonso.
A decisão do título de 2016 já tem data marcada: 27 de novembro, quando será disputado o GP de Abu Dhabi, no faraônico circuito de Marina de Yas.
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Saiba como foi o GP do Brasil de F1
A corrida começou muito antes da largada na encharcada Interlagos para Romain Grosjean. Na volta de saída dos boxes em direção ao grid de largada, o franco-suíço aquaplanou na subida do Café, rodou e bateu com a sua Haas no muro de proteção, encerrando um fim de semana que tinha tudo para ter outro desfecho. Romain largaria em sétimo lugar.
A chuva não deu trégua aos pilotos. O volume de água foi constante horas antes da corrida, e São Pedro não aliviou momentos antes da largada. Por motivos de segurança, a direção de prova determinou que a largada seria atrasada em dez minutos. Pouco depois, a F1 confirmou que a corrida iria começar sob regime de safety-car, forçando os pilotos a partirem com pneus de chuva intensa. Na prática, não havia a menor condição de uso dos intermediários.
Exatamente às 14h10, os carros saíram, bem lentamente, atrás do safety-car para a primeira de 71 voltas em Interlagos. A previsão do tempo indicava que a chuva seria ainda mais forte nos minutos seguintes. Hamilton e Rosberg, diretamente envolvidos na luta pelo título, eram os mais cautelosos, sendo que Nico era o que mais tinha a perder.
Com o passar das primeiras voltas, muitos pilotos sentiam que era possível correr diante de tais condições. Até que a direção de prova atendeu os pedidos e decidiu: a corrida começaria pra valer com a entrada do safety-car no pit-lane, na oitava volta. E Hamilton fez o dever de casa, abriu boa vantagem e partiu bem à frente de Rosberg. Na entrada do S do Senna, Verstappen começou a brilhar ao fazer a ultrapassagem sobre Räikkönen. Enquanto isso, Kevin Magnussen arriscava ao entrar nos boxes para colocar pneus intermediários.
Com pista livre, Hamilton seguia abrindo vantagem para Rosberg, mas o britânico se mostrava cauteloso, como o rival Rosberg. Massa aparecia em 11º, mas entrou sob investigação dos comissários por ter ultrapassado Esteban Gutiérrez antes da saída do safety-car, enquanto Felipe Nasr ganhou boas posições nas primeiras voltas e pulou para 15º. Outros pilotos como Button, Alonso, Bottas e, pouco depois, o próprio Massa, entravam nos pits para trocar os pneus de chuva forte pelos intermediários.
No mesmo ponto onde Grosjean bateu mais cedo, Vettel acelerou demais, passou pela grana e rodou, quase sendo acertado por Ricciardo e, depois, por Hülkenberg. Em seguida, o tetracampeão acabou indo para os boxes, sendo outro a colocar os pneus 'verdes'. Enquanto isso, ainda sem parar para trocar pneus, Nasr aparecia em nono. Os líderes também não paravam, já que a chuva permanecia intensa em Interlagos.
A pista parecia estar muito molhada para os intermediários. Tanto que pouco depois Marcus Ericsson rodava, também na subida do Café, e batia forte no muro. O sueco parou sua Sauber na entrada do pit-lane, obrigando a direção de prova a fechar temporariamente o acesso à entrada dos boxes, além de determinar a volta do safety-car à pista. Neste período, Ricciardo entrou nos pits para colocar pneus intermediários e, por isso, passou a ser investigado pelos comissários. Massa aparecia em 17º depois do seu pit-stop, enquanto Nasr, ainda sem parar, vinha num grande oitavo lugar.
Depois que os fiscais de pista tiveram de retirando com a mão os detritos espalhados pelo carro de Ericsson, a direção de prova autorizou a abertura do pit-lane. Tão logo foi liberada a entrada dos boxes, Jolyon Palmer e Daniil Kvyat fizeram nova troca de pneus e recolocaram os compostos de chuva.
A partir da 20ª volta, a corrida voltou ao seu curso normal com o retorno do safety-car ao pit-lane. Mas só por alguns segundos. Porque Räikkönen rodou na reta dos boxes e bateu no muro, ficando muito perto de ser acertado por outros pilotos. A direção de prova não teve outra alternativa a decretar bandeira vermelha em Interlagos.
Vettel se mostrava muito insatisfeito com a falta de segurança ao longo da prova. "Quantas pessoas eles querem que batam… quase bati em Kimi no meio da reta, não pude vê-lo. É loucura. Sinceramente! É simplesmente estúpido. Bandeira vermelha! Quantos eles querem ver bater?", indagou o tetracampeão.
Durante a paralisação, a direção de prova decretou as punições: 5s para Massa por passar Gutiérrez no período de safety-car e outros 5s para Ricciardo por entrar nos boxes com o pit-lane fechado. Depois de um bom tempo, os comissários determinaram que a corrida recomeçaria às 15h21 (horário brasileiro de verão). Todos os carros voltaram à pista com pneus 'azuis', para chuva forte.
Com os pilotos atrás do safety-car, os motores voltaram a roncar em Interlagos. Hamilton estava na frente, seguido por Rosberg, Verstappen, Nico Hülkenberg, Sergio Pérez, Carlos Sainz e Felipe Nasr vindo num excelente sétimo posto. Daniel Ricciardo aparecia em oitavo e os dois carros da Manor na zona de pontuação, com Esteban Ocon em nono e Pascal Wehrlein fechando o top-10. Felipe Massa estava em 16º. Ao mesmo tempo, a meteorologia apontava mais chuva forte para a sequência da prova.
Antes da largada pra valer, Hülkenberg levava azar mais uma vez ao ter de entrar nos boxes para trocar o pneu traseiro direito, que furou na primeira volta atrás do safety-car. Outro que não tinha boa sorte era Palmer, que estava fora da corrida depois de o britânico bater no carro de Daniil Kvyat. Enquanto isso, com 27 voltas de corridas completadas, o safety-car continuava na pista… Até que a direção de prova, novamente, determinou a bandeira vermelha em Interlagos, para a reprovação geral da torcida.
Depois de alguns minutos de reunião com os comissários de pista e o diretor de corridas da FIA, Charlie Whiting, veio a decisão: a corrida seria retomada novamente. Na prática, era outra tentativa da entidade de garantir uma grande corrida aos fãs nas arquibancadas em Interlagos. A prova recomeçou oficialmente às 16h02 com os carros andando logo atrás do safety-car. O carro de segurança só voltou aos boxes na abertura da volta 31 da corrida.
Enquanto Massa entrava nos boxes para cumprir a punição, Verstappen, atrevido como sempre, passava Rosberg na Curva do Sol e conquistava a segunda posição. A pista havia piorado bastante e estava mais encharcada do que no começo da prova. Ainda assim, as ultrapassagens davam um brilho especial à disputa, com Ricciardo lutando e passando Carlos Sainz. Mais atrás, Vettel escalava o pelotão ao ganhar a colocação de Wehrlein e subir para décimo.
Em clima de tensão, a corrida seguia seu curso em Interlagos com Hamilton tentando abrir vantagem para Verstappen, enquanto Rosberg buscando se segurar em terceiro. Pérez vinha em quarto e fazia uma corrida estável, se colocando à frente de Ricciardo e Sainz. Nasr havia caído para sétimo, mas ainda assim era uma ótima colocação do brasileiro, que era seguido por Alonso, Ocon e Vette. Hülkenberg, depois de se recuperar do revés com o pneu furado, escalava o pelotão usando os compostos intermediários, que rendiam bem naquelas condições.
Na volta 38, Verstappen deu um grande susto e aquaplanou na reta dos boxes, conseguindo 'salvar' o carro de uma batida no muro de forma incrível. E o holandês foi ainda mais brilhante por conseguir se manter à frente de Rosberg, em segundo lugar. Max, sem dúvidas, era o Piloto do Dia em Interlagos. Já seu companheiro de equipe, Ricciardo, pagava punição e fazia a troca para os intermediários. Assim, Vettel subia para oitavo e pressionava Alonso e Nasr, que estavam à sua frente. Seb dividiu curva com Alonso na entrada da Junção e passou para sétimo lugar após grande batalha, causando reclamações do piloto da Ferrari.
Com a parada de Verstappen para colocar pneus intermediários, Rosberg ganhou um breve refresco e voltou ao segundo lugar, com Pérez em terceiro e Sainz vindo em quarto lugar. Pouco mais atrás, Vettel ganhava a posição de Nasr, que se mantinha à frente da McLaren de Alonso, com Hülkenberg e Ricciardo fechando o top-10.
Massa, por sua vez, corria em 13º até antes de ser mais uma vítima da Curva do Café e bater no guard-rail. Safety-car novamente na pista em Interlagos na volta 49. Felipe foi ovacionado pelo público nas arquibancadas e também no pit-lane e não escondeu as lágrimas de quem está prestes a encerrar uma bela carreira na F1. Uma cena para entrar para a história do esporte.
Mas ainda tinha corrida pela frente. A partir da 54ª volta, a direção de prova já poderia encerrar a corrida sem prejuízo à totalidade dos pontos, o que seria fundamental para Hamilton. Na relargada, Lewis controlou a vantagem para Rosberg, que tinha Pérez logo atrás, seguido por Sainz e Vettel. Alonso quase foi outra vítima da Curva do Café, mas conseguiu evitar um acidente e seguiu na prova, mas em 17º. Nasr continuava com uma corrida excepcional e vinha em sexto lugar, mas acabou sendo ultrapassado depois de um grande duelo travado com Hülkenberg.
Mais atrás, Esteban Gutiérrez abandonava mais uma corrida na temporada e voltava irritado ao box da Haas, a ponto de se desentender com aquele que ainda é seu chefe, Guenther Haas. E Verstappen, buscando se recuperar após a Red Bull errar na estratégia com os pneus intermediários — retornando ao uso dos compostos de chuva forte —, abria caminho em meio ao pelotão travando grandes disputas com Kvyat, Ocon e Nasr, que caiu para oitavo.
Com um desempenho próximo da perfeição, Verstappen não tomou conhecimento da concorrência: passou Hülkenberg e ganhou na marra a posição de Vettel. Praticamente ignorou Sainz e chegou em outro piloto 'osso duro de roer', Pérez, com quem disputou posição na mesma Interlagos no ano passado. Mas o holandês brilhou muito, passou o mexicano e subiu para terceiro, sendo ovacionado em São Paulo, fechando um grandioso GP do Brasil.
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F1, GP do Brasil, Classificação Final:
1 | 44 | LEWIS HAMILTON | ING | MERCEDES | 3:01:01.335 | 71 voltas |
2 | 6 | NICO ROSBERG | ALE | MERCEDES | +11.455 | |
3 | 33 | MAX VERSTAPPEN | HOL | RED BULL TAG HEUER | +21.481 | |
4 | 11 | SERGIO PÉREZ | MEX | FORCE INDIA MERCEDES | +25.346 | |
5 | 5 | SEBASTIAN VETTEL | ALE | FERRARI | +26.334 | |
6 | 55 | CARLOS SAINZ JR. | ESP | TORO ROSSO FERRARI | +29.160 | |
7 | 27 | NICO HÜLKENBERG | ALE | FORCE INDIA MERCEDES | +29.827 | |
8 | 3 | DANIEL RICCIARDO | AUS | RED BULL TAG HEUER | +30.486 | |
9 | 12 | FELIPE NASR | BRA | SAUBER FERRARI | +42.620 | |
10 | 14 | FERNANDO ALONSO | ESP | McLAREN HONDA | +44.432 | |
11 | 77 | VALTTERI BOTTAS | FIN | WILLIAMS MERCEDES | +45.292 | |
12 | 31 | ESTEBAN OCON | FRA | MANOR MERCEDES | +45.809 | |
13 | 26 | DANIIL KVYAT | RUS | TORO ROSSO FERRARI | +51.192 | |
14 | 20 | KEVIN MAGNUSSEN | DIN | RENAULT | +51.555 | |
15 | 94 | PASCAL WEHRLEIN | ALE | MANOR MERCEDES | +1:00.498 | |
16 | 22 | JENSON BUTTON | ING | McLAREN HONDA | +1:21.994 | |
17 | 21 | ESTEBAN GUTIÉRREZ | MEX | HAAS FERRARI | +10 voltas | NC |
18 | 19 | FELIPE MASSA | BRA | WILLIAMS MERCEDES | +23 voltas | NC |
19 | 30 | JOLYON PALMER | ING | RENAULT | +46 voltas | NC |
20 | 7 | KIMI RÄIKKÖNEN | FIN | FERRARI | +50 voltas | NC |
21 | 9 | MARCUS ERICSSON | SUE | SAUBER FERRARI | +57 voltas | NC |
22 | 8 | ROMAIN GROSJEAN | FRA | HAAS FERRARI | +71 voltas | NL |
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