Juventude e experiência: McLaren equilibra bastidores e renasce na Fórmula 1

Depois do avanço de 2019, reestruturação conduzida por Zak Brown segue dando frutos na McLaren. Na estreia da temporada, Lando Norris mostrou que tem o que precisa para ser o trunfo da escuderia de Woking no ano de despedida de Carlos Sainz Jr.

Demorou, mas a McLaren encontrou o rumo na Fórmula 1. Depois de quatro anos de resultados decepcionantes ― sendo o melhor deles apenas o sexto lugar nos Mundiais de Construtores de 2016 e 2018 ―, a escuderia de Woking acertou a mão na gestão e fez as pazes com o pódio.

Sob a regência de Zak Brown, a lendária equipe inglesa conseguiu encontrar o trampolim no fundo do poço. O dirigente montou um time experiente com a chegada de Andreas Seidl, responsável pelo sucesso da Porsche no Mundial de Endurance, e de James Key, que veio da então Toro Rosso para assumir o posto de diretor-técnico. E somou a isso a juventude de Carlos Sainz Jr. e Lando Norris.

Foi uma mudança e tanto para uma equipe que até então contava com a experiência Fernando Alonso. O espanhol, porém, não conseguiu fazer valer sua comprovada capacidade e, além de não ter deixado grandes resultados para trás, também serviu como grande incentivador do crescimento de uma Honda que cansou de ser alfinetada e se aliou à Red Bull para fazer deslanchar o projeto do motor V6 turbo.

A McLaren é uma das equipes que mais cresceu de 2019 para 2020 (Foto: McLaren)

No total, foram três anos com a montadora nipônica, que foi substituída pela Renault em 2018 ― e será sucedida pela Mercedes no ano que vem. A melhora em relação ao ano anterior foi nítida ― com a pontuação mais do que dobrando ―, mas o grande salto aconteceu mesmo no ano passado.

Já com Sainz e Norris, a McLaren fechou o ano com o quarto posto no Mundial de Construtores, o melhor resultado desde o terceiro lugar de 2012, quando contava com motor Mercedes e era defendida por Lewis Hamilton e Jenson Button. Além disso, o terceiro lugar do espanhol no GP do Brasil marcou o fim de um jejum de pódios que vinha desde o GP da Austrália de 2014 ― também um terceiro lugar, mas com Kevin Magnussen e Button.

Na atrasada abertura da temporada 2020 da F1, a evolução ficou ainda mais clara: afinal, é o segundo pódio no intervalo de três corridas. E, curiosamente, são dois top-3 com histórias repetidas: aproveitando uma punição de 5s a Hamilton por um incidente com Alexander Albon.

Ainda assim, os méritos da McLaren são reais. Em novembro passado, em Interlagos, Sainz fez uma impressionante prova de recuperação para estrear no top-3 do Mundial. Desta vez, no Red Bull Ring, Norris já tinha conseguido uma boa posição de largada e, além de uma atuação sólida, ainda contou com o bom serviço de informações da McLaren para acelerar forte na volta final, assegurar o melhor tempo da corrida e garantir uma diferença boa o bastante para ficar o terceiro posto após a aplicação da sanção em Hamilton.

Lando Norris foi ao pódio do GP da Áustria, que abriu a temporada 2020 da F1 (Foto: AFP)

Mas não é só trabalho dos pilotos. Se no MCL34 ainda não era possível ver o toque do novo diretor-técnico, o MCL35 leva a assinatura de Key. E o comando de Seidl tem sido mais um acerto.

A McLaren apresentou o carro deste ano sonhando em manter o crescimento apresentando no ano passado e, quem sabe, ameaçar o top-3. Passada apenas uma corrida, é cedo para dizer se os ingleses podem sonhar tão alto, mas a atual vice-liderança do Mundial já ajuda a alimentar o sonho.

Embora Carlos esteja de partida para a Ferrari em 2021, o espanhol ainda vai querer mostrar serviço. Do outro lado dos boxes, Norris, agora mais experiente, também vai querer demarcar território antes da chegada de Daniel Ricciardo.

A McLaren é uma clara evidência de que não bastam bons pilotos na Fórmula 1. Claro, competidores talentosos podem marcar a diferença, mas o trabalho dos bastidores é igualmente fundamental. Woking acertou a mão não só com Zak Brown, mas também com Seidl e Key. Apesar de curta e espremida, a temporada 2020 é uma ótima oportunidade para colher frutos.

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