Mágico Verstappen escapa na última hora e põe Ferrari e McLaren na roda em Abu Dhabi

Antes da classificação, a Red Bull enfrentava problemas, mas Max Verstappen não permitiu sucumbir e, como de costume, elevou o sarrafo quando a coisa esquentou. De quebra, ainda provocou uma disputa das mais interessantes entre Ferrari, McLaren e até Mercedes. O holandês é muito favorito à vitória, mas o trio tem com que sonhar em Abu Dhabi

No papel, a primeira fila do grid não reserva mesmo nenhuma grande surpresa, mas olhando com mais atenção à maneira como a classificação do GP de Abu Dhabi se deu, é possível dizer que a decisão das posições de largada para a etapa derradeira do ano foi bem menos óbvia do que de costume e muito mais parelha. Sim, Max Verstappen é pole, mas o caminho até o posto de honra ficou marcado por mudanças certeiras da Red Bull entre o treino final e o início do Q1. E ainda que não tenha sido perfeito, Max soube lançar seus truques no instante que valeu, para garantir a ponta pela 12ª vez na temporada — a 32ª da carreira. Mais que isso, ainda instigou a concorrência, numa batalha vencida por Charles Leclerc contra McLaren e Mercedes.

De fato, o começo do sábado para a Red Bull foi mais tenso do que o habitual. Isso porque os solavancos da pista árabe causaram dores de cabeça aos engenheiros. O RB19 se mostrou desequilibrado e arrancou queixas do tricampeão. No entanto, piloto e equipe foram capazes de entender os problemas e promoveram uma série de alterações no acerto. Ajudou também a queda de temperatura entre o TL3 e o Q1 — algo acima dos 10ºC. E isso provocou ainda um comportamento diferente do carro. Mas Max sabe como lidar com situações extremas. A enorme sensibilidade com relação aos pneus faz muita diferença. No caso de hoje, a preparação para a tentativa de volta rápida foi essencial.

“Foi muito estranho”, admitiu Verstappen. “O fim de semana tem sido sofrido, mas definitivamente conseguimos melhorar o carro para a classificação. Tudo pareceu melhor dessa vez. Conseguimos, enfim, acelerar mais. É claro, fico muito feliz por estar na pole”, celebrou.

Ainda, o tricampeão confirmou que o principal problema da Red Bull foi o comportamento dos pneus, com muitas escorregadas ao longo do traçado de Abu Dhabi. No entanto, o acerto escolhido pelos taurinos para a hora de definir o grid fez a diferença. “Você sofre muito com os pneus aqui, com aquelas escorregadas que te fazem perder muito tempo”, analisou. “Era isso que estava acontecendo nos treinos livres, mas, na classificação, tudo pareceu mais conectado”, destacou Max, que precisou apenas da primeira tentativa no Q3 para garantir a pole — na segunda oportunidade, o tempo não veio, enquanto Leclerc pulava para a segunda posição, apenas 0s159 atrás do taurino.

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E verdadeiramente, a Ferrari foi quem mais perto esteve da Red Bull. Também como a rival, a equipe italiana se perdeu entre a sexta-feira, quando liderou o dia, e a segunda fase da classificação. Talvez as temperaturas mais altas tenham tido um peso nos problemas encontrados tanto por Leclerc quanto por Carlos Sainz. Inclusive, o espanhol acabou, uma vez mais, prejudicado por um acidente, além do clássico tráfego na volta final. O dono do carro #55 caiu ainda no Q1 e vai partir apenas em 16º — uma temeridade para os planos ferraristas de luta contra a Mercedes pelo vice-campeonato.

Voltando ao monegasco. O Q2 também foi bem esquisito, até o momento final, quando o piloto escapa bem da degola. O chefe Frédéric Vasseur chegou a temer pelo pior. “Estava um pouco instável, mas a classificação foi tão equilibrada que qualquer coisa era possível. Em certo momento, estava com medo que Charles ficasse fora no Q1 ou Q2”, revelou o francês, em entrevista à emissora inglesa de TV Sky Sports. “[Os problemas] aconteceram muito nas voltas de saída dos boxes, mas, no final, entendemos um pouco a abordagem”, prosseguiu Vasseur.

Foi exatamente essa sacada que fez Leclerc pular para a frente no fim da fase decisiva da classificação. Se Verstappen chamou os rivais para a roda, quando também mostrou certa fragilidade na volta que não melhorou, Charles entregou um giro belíssimo, superando Oscar Piastri. É um passo importante na disputa contra os alemães. É claro que a jornada de domingo tende a ser mais complexa, mas a escuderia tem no que se apoiar. Um melhor gerenciamento de pneus pode colocá-la em vantagem. Inclusive, aproveitando a presença da McLaren e o fato de que a Mercedes parece ter jogado a toalha.

Piastri é o terceiro colocado, enquanto Lando Norris, que errou na volta final e poderia ter realmente ameaçado Verstappen, larga em quinto. Entre eles, um danado George Russell, que emergiu em uma Mercedes que não vê a hora de acabar a temporada. Mas o caso aqui é que o carro laranja respondeu bem ao traçado de Yas Marina. O ritmo de corrida é intrigante — ainda que exista um entendimento de que a Red Bull possui a melhor performance a longo prazo, seguida do trio McLaren-Ferrari-Mercedes.

Em tese, a esquadra britânica tem desempenho para enfrentar a Red Bull, já a Ferrari vai precisar de um pouquinho do que mostrou em Las Vegas na semana passada e torce por uma queda de temperatura.

Max Verstappen sai na frente no grid de largada do GP de Abu Dhabi (Foto: AFP)

“Ninguém pode prever o que vai acontecer. O ritmo está lá, então vamos ver amanhã. Precisamos pontuar com os dois carros e seremos agressivos com a estratégia de Carlos, com certeza”, garantiu o chefão ferrarista.

Pelos lados da Mercedes, o cenário é sombrio. A imprevisibilidade do W14 é o ponto fraco. Russell se deu bem no grid, mas Lewis Hamilton sequer passou ao Q3. Então, há muito que os octacampeões precisam entender, especialmente dentro de uma janela de temperatura tão complexa como em Abu Dhabi. A esquadra alemã sofreu com as mudanças, e isso deve se repetir neste domingo. Daí não foi uma surpresa o tom melancólico do chefe Toto Wolff. “O terceiro treino livre foi determinante [para a classificação]. A propósito, [Lando] Norris poderia provavelmente estar mais à frente. As coisas só não se encaixaram, mas provavelmente era o máximo que poderíamos tirar do carro. As expectativas infelizmente não eram as mais altas”, explicou o dirigente.

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“Estou cansado de dar explicações sobre por que as coisas não correram bem. Fomos bem no calor e não tivemos ritmo no frio. E antes na temporada já aconteceu o contrário. Estou feliz que tenha sido a última classificação da temporada. Vamos chegar [no ano que vem] com um carro novo”, completou.

Por fim, importante dizer que a corrida em Abu Dhabi tende a ser de uma única parada. O pneu médio deve ser o escolhido para começar a prova, para uma troca pelos duros mais para frente. O composto macio dificilmente será usado. Então, a largada é o primeiro passo fundamental.

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