Verstappen se coloca a um passo do tri em dia de sorte da Mercedes e revés da McLaren

Max Verstappen esnobou a concorrência no Catar ao cravar a décima pole da temporada — 30ª da carreira. É favoritíssimo à vitória no domingo, mas antes deve sacramentar o tricampeonato neste sábado. Já a Mercedes tirou proveito do vacilo das rivais e agora pensa apenas no pódio em Lusail. Enquanto isso, a McLaren chora o revés de seus dois pilotos e torce pelo caos

Max Verstappen também é humano e deseja muito celebrar já neste sábado o tricampeonato da F1. E ninguém pode julgá-lo. Mas antes o holandês tratou de mostrar a razão pela qual tem a chance de fechar o Mundial mesmo sem disputar o GP do Catar. Na verdade, até se permitiu um raro erro no fim do Q3, e isso quer dizer o seguinte: o ainda bicampeão sequer precisou de uma segunda tentativa de volta rápida para cravar a pole-position da etapa catari. A espantosa marca de 1min23s778 bastou para assegurar a posição de honra do grid e mais: desenhou o tamanho da diferença de ritmo para quem mais perto está dele. Foram 0s441 de vantagem em relação ao tempo de George Russell, que parte da segunda colocação. Embora o registro seja, de fato, assustador, ainda não reflete o valor real da distância do taurino para os demais, mas é o bastante para garantir: o terceiro título será conquistado amanhã.

Agora, as referências de ritmo e a expectativa são mais complexas no Catar. Isso por causa da mistura de elementos como: formato sprint, asfalto totalmente novo e ainda sem a aderência necessária, além das condições severas do clima, com ventos fortes e areia, muita areia. Houve, é verdade, uma sessão no fim da tarde desta sexta-feira, mas de nada serviu em termos de desempenho. Os 60 minutos do único treino livre do fim de semana foram utilizados em três frentes: tentativa de emborrachar a pista, checagem geral e pneus. A maior parte das equipes optou por trabalhar com dois dos três compostos (macios e médios), usando dois jogos de pneus apenas, enquanto a Ferrari foi a única que preferiu andar com toda a gama, ou seja, três dos 12 conjuntos disponíveis. Mas quando a noite caiu em Lusail o cenário ficou mais nítido — ao menos em performance de classificação.

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E nesse aspecto, Verstappen não se afobou e foi ampliando o desempenho ao longo das três fases da sessão. No trecho final, como de costume, elevou o sarrafo e colocou 0s5 em cima dos rivais. A pole estava garantida — a décima da temporada 2023 e a 30ª da carreira. Max até saiu uma segunda vez dos boxes no Q3, mas um pequeno erro o fez voltar aos pits antes de todos. Ninguém o ameaçou, ainda que Lando Norris tenha cortado em pouco mais de 0s2 a diferença. Mesmo assim, a sensação que ficou é que o taurino tinha mais no bolso, e isso deve se confirmar neste sábado, durante a sprint. A corrida curta também deve melhorar a percepção da ordem de forças do grid, ainda que o líder do campeonato siga em liga própria.

Sobre a performance, o piloto #1 da Red Bull só citou mesmo o asfalto recém-recapeado como problema. “Ótimo começo de fim de semana. É bastante complicado na pista com o novo asfalto. Ainda precisa de borracha. Então, se, você força demais, a traseira sai”, disse o holandês, que precisa de apenas três pontos para garantir o título. “Amanhã será um pouco mais difícil preparar bem os pneus. Mas o carro está funcionando bem. Isso é tudo que posso esperar”, completou.

Obter o melhor dos pneus parece ser o segredo no Catar. As altas temperaturas e a baixa qualidade de aderência são um desafio, e muita gente se viu preocupada com isso. A Mercedes faz parte dessa lista. No entanto, a equipe alemã viu a sorte sorrir para o seu lado, no revés da McLaren. De toda a forma, as Flechas Pretas parecem mais fortes em Lusail do que foram em Suzuka — ainda que precisem colocar os pneus na janela correta. O ponto positivo é que o time costuma ir melhor em ritmo de corrida, e a sprint vai mostrar em que patamar estão Russell e Lewis Hamilton — que sai da terceira posição. A estimativa é que a esquadra tenha um déficit de 0s3 em relação à Red Bull, mas que, em relação à McLaren e Ferrari, esse número seja mais parelho.

Norris errou no fim e perdeu a volta do Q3, o que beneficiou Russell (Foto: AFP)

Portanto, a Mercedes tem uma grande chance de pódio no domingo, ampliando a vantagem para a Ferrari na briga pelo vice. Mesmo longe dos taurinos em termos de performance de corrida, Russell e Hamilton parecem ter ritmo suficiente para liderar a F1 ‘A’ e lidar bem com a estratégia, ainda que os pneus sejam um ponto de atenção. “As McLaren estão muito rápidas no momento”, reconheceu George. “Max [Verstappen] e a Red Bull estão em um nível próprio. Se quisermos vencer a Ferrari no Mundial de Construtores, precisamos ser consistentes”, emendou.

Russell acertou na avaliação. A consistência será fundamental e, sim, a McLaren é o segundo carro na ordem de força no Catar. O problema é que o time laranja perdeu uma enorme oportunidade na classificação. Norris foi quem mais perto chegou de Verstappen, mas um erro na parte final da sessão limou qualquer possibilidade de uma primeira fila que parecia certa. O inglês teve a volta deletada e caiu para o décimo lugar. O mesmo aconteceu com o colega Oscar Piastri. No giro derradeiro, o australiano escapou na linha branca e teve o tempo eliminado. Piastri parte em sexto.

“Simplesmente penso no trabalho que deveria fazer hoje, que é fazer boas voltas e não cometer erros — e, hoje, cometi”, lamentou Lando. “Então, não foi um bom dia para mim”, completou o britânico.

O revés é doloroso porque a McLaren tem o equilíbrio necessário nos diferentes trechos do traçado e só fica atrás da Red Bull em performance nas curvas de alta velocidade. A questão é que a pista catari é de difícil ultrapassagem, então a dupla do time de Woking terá de trabalhar bem a largada e, principalmente, a estratégia.

Fernando Alonso mostrou que ainda há esperança para a Aston Martin (Foto: Aston Martin)

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Isso porque há uma Aston Martin ainda na quarta colocação, com Fernando Alonso, e uma Ferrari em quinto, com Charles Leclerc. O carro verdinho #14 ainda respira. O bicampeão foi capaz de tirar mais ao longo da sexta-feira e cravou uma peformance potente — o domingo, porém, vai depender muito do ritmo de corrida, que, neste momento, não chega ao que entregam os oponentes da frente. Já a equipe italiana vem em contenção de danos. Não é o melhor traçado para a SF-23 e ainda há a preocupação com o desgaste excessivo dos pneus, que segue como uma dor de cabeça em Maranello. É importante ainda destacar aqui a Alpine. Pierre Gasly e Esteban Ocon estão no top-10 em um desempenho dos mais interessantes. Dado o equilíbrio desse pelotão, o gerenciamento de pneus e tática devem ser decisivos no domingo.

Por fim, há ainda um terceiro ponto, detalhado pelo engenheiro, Simone Berra, da Pirelli. “Na verdade, a sprint é que vai fornecer alguma indicação sobre o comportamento dos pneus em ritmo de corrida, embora tenhamos de ter em mente que o vento deve, mais uma vez, soprar muita areia para a pista nas próximas horas, o que efetivamente vai reverter as condições de aderência.”

Fórmula 1 volta neste sábado (7), com a classificação para a sprint marcada para as 10h (de Brasília, GMT-3). O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades AO VIVO EM TEMPO REAL e ainda exibe a corrida curta em segunda tela, às 14h15, em parceria com a Voz do Esporte.

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