Verstappen tem derrota com gol fora de casa ao salvar 2° lugar no GP da Rússia

Lewis Hamilton em primeiro, Max Verstappen em segundo. Não parece um resultado bom para a Red Bull. No contexto do GP da Rússia, foi: o holandês sai fortalecido na briga por título inédito

Max Verstappen estava destinado a ter um GP da Rússia difícil. O holandês trocou de motor e largou em último, e justamente numa pista pró-Mercedes e de poucas ultrapassagens. De quebra, enfrentou problemas inesperados de desgaste de pneus na corrida. Tudo parecia indicar um dia sem alegrias nos boxes da Red Bull. Isso até a chuva cair, abrindo caminho para um inesperado segundo lugar. O holandês volta a ficar atrás de Lewis Hamilton no Mundial de Pilotos, mas, paradoxalmente, em uma posição melhor na briga pelo título.

Explica-se: a tendência era de que Verstappen, que pousou na Rússia 5 pontos à frente de Hamilton, saísse bem atrás. Sair atrás era quase uma convicção, restando saber o tamanho do rombo. Se Hamilton vence e Verstappen termina em sétimo – cenário altamente provável até a chuva cair –, o britânico passa a ser líder com 15 tentos de vantagem, algo inédito na temporada 2021. Ainda seria reversível nas sete corridas finais, mas o holandês teria uma margem de erro quase nula daqui até dezembro, ainda mais sabendo da raridade que é uma falha mecânica da Mercedes.

LEWIS HAMILTON; MAX VERSTAPPEN; GP DA RÚSSIA; FÓRMULA 1; F1;
Max Verstappen e Lewis Hamilton lado a lado (Foto: Andy Hone/Getty Images/Red Bull Content Pool)

Ao invés de deixar Sóchi 15 pontos atrás, Verstappen fica com déficit de apenas 2 tentos. Ainda é uma situação desconfortável na briga pelo título, sabendo que Max poderia tranquilamente ter 30 pontos de folga por puro ritmo do carro, mas é uma que não gera tanto nervosismo.

É que as piores pistas para a Red Bull já estão no passado – dos sete GPs restantes, só em Abu Dhabi a Mercedes tem um histórico claramente favorável, e com uma vitória de Max em 2020 para servir de pulga atrás da orelha. Das outras seis pistas, duas são amplamente vantajosas para os taurinos. A equipe acumula bons vitórias e pódios nos GPs do México e do Brasil, por exemplo. Nas outras, a expectativa é de brigas apertadas, mas com o suposto carro superior de Milton Keynes em posição de dar as cartas.

O calendário por si só já seria um motivo para alegria na Red Bull. Ainda assim, não é o único. A equipe pode se orgulhar também da postura de Verstappen em Sóchi, mostrando maturidade acima das expectativas. O piloto gritão e rebelde de outras ocasiões conseguiu manter a cabeça no lugar na Rússia, mesmo quando tudo dava errado – perder posição para Fernando Alonso e ficar preso em um trem de carros poderia causar uma revolta em tempos passados. Mesmo quando a chuva começou a cair e ninguém sabia ao certo o que fazer, o #33 soube cooperar com o engenheiro de corrida para tomar a decisão correta: colocar intermediários tão cedo quanto possível e saltar para segundo. Compare esse comportamento com o de Lando Norris, que passou a berrar pelo rádio e, em um raro sinal de imaturidade, perdeu a cabeça e a vitória.

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Max Verstappen partiu de último para ser o segundo colocado no GP da Rússia (Foto: Red Bull Pool Content/Getty Images)

Frieza não é uma palavra frequentemente associada com Verstappen. Ainda mais na posição delicada de lutar por título pela primeira vez, e logo contra um heptacampeão. Só que, se a tendência de Sóchi se repetir nas próximas semanas, teremos um piloto ainda mais forte para desbancar Hamilton.

Fazendo uma comparação esdrúxula entre GP da Rússia e futebol, Verstappen perdeu por 4×3 fora de casa no jogo de ida de um mata-mata. Claro, é ruim perder, mas é a melhor derrota possível. Quem faz três gols fora é capaz de fazer um em casa para garantir a classificação. Traduzindo isso para o automobilismo: quem consegue ganhar 18 posições numa corrida difícil é capaz de ganhar uma ou duas, o que for necessário, numa mais fácil.

Dito isso, o 4×3 fora de casa é um placar que não permite desatenção no futebol. E isso é verdade também nas pistas. Um abandono de Verstappen acompanhado de uma vitória de Hamilton na Turquia, por exemplo, mudaria por completo o tom de qualquer análise. O mesmo vale se Lewis, onde quer que decida trocar de motor, conseguir uma recuperação meteórica de último para o pódio.

Essa é a melhor coisa sobre a temporada 2021 da F1. É possível apontar tendências, mas nunca convicções. Errou quem esperava um título fácil da Mercedes após as primeiras corridas. Errou quem esperava um passeio da Red Bull após as cinco vitórias seguidas. Ficamos agora com um campeonato equilibrado, e que dificilmente mudará de cara definitivamente até Abu Dhabi.

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