Mercedes ainda é muito forte, mas tem suas kriptonitas: calor e alta velocidade

A Mercedes passou o rodo na primeira fase do campeonato, mas até o W10 tem pontos fracos. O GP da Áustria mostrou uma aversão do carro ao calor intenso e dificuldades com grandes retas. Resta saber quem vai conseguir capitalizar

O GP da Áustria teve um momento raro. Não, não estamos falando de vitória da Honda, de Max Verstappen ou do ponto de Antonio Giovinazzi. Estamos falando da Mercedes: a equipe que regeu a Fórmula 1 ao longo do primeiro semestre, com 100% de aproveitamento nas oito primeiras prova, desmoronou no Red Bull Ring. Parecia que a equipe não tinha pontos fracos, mas as últimas semanas trataram de mostrar realidade diferente.
 
Na Áustria, Lewis Hamilton e Valtteri Bottas não mostraram em momento algum o ritmo necessário para brigar por vitória. Quando muito, Bottas acompanhou Leclerc, 5s adiante. Os dois viraram coadjuvantes no show de Verstappen. Após a corrida, o lamento dos dois pilotos prateados tinha ponto em comum: o W10 estava superaquecendo ao longo das 71 voltas de prova.
 
Tratava-se de um segredo bem guardado. Hamilton comentou que, na verdade, o problema com o sistema de refrigeração está presente desde o começo do ano. A Mercedes toma medidas aqui e ali para aliviar a situação, mas ainda não há solução permanente. Isso deixa a equipe vulnerável em casos extremos, e o Red Bull Ring certamente trouxe um deles. A temperatura ambiente alcançou 33ºC, com a do asfalto chegando a 58ºC. O abandono era um risco real caso medidas não fosse tomadas, o que levou Toto Wolff e companhia a ordenarem o uso da configuração de motor mais cautelosa possível.
Lewis Hamilton, leão na temporada 2019, virou gatinho persa na Áustria (Foto: AFP)

De certo ponto de vista, funcionou. Nenhum dos carros abandonou, com o de Bottas inclusive ainda levando um pódio para casa. Entretanto, a possibilidade de uma Mercedes fraca em certas etapas do campeonato traz uma nova dinâmica para os próximos meses, com Ferrari e Red Bull tendo uma noção mais clara de onde e como podem se beneficiar.

 
No caso do calor, os próximos meses podem ser conturbados – ao menos em alguns casos. Os GPs da Alemanha e da Hungria, ambos nas próximas semanas, tem histórico de altas temperaturas, na toada do verão europeu. Resta saber se será tão extremo quanto na Áustria, ou se a Mercedes vai conseguir tirar de letra como aconteceu em Paul Ricard.
 
A Mercedes tem ainda uma segunda kriptonita, mas que ainda não foi tão bem aproveitada. A equipe alemã não é imbatível em pistas de alta velocidade, situação evidenciada nos GPs do Bahrein e do Canadá. A Ferrari teve chances claras de vitórias nessas duas etapas, perdendo no detalhe. Curiosamente, a equipe italiana também perdeu no detalhe na Áustria, com as mesmas características, mas para ninguém menos do que a Red Bull.
Valtteri Bottas, mesmo no pior dia da Mercedes, ainda conseguiu um pódio (Foto: AFP)

Isso é bom e ruim para a Ferrari. É chato saber que a briga pelo título fica impossível quando só se pode brigar por título em condições inusitadas, mas é bom saber que existe uma oportunidade que outra de ao menos ter felicidade em 2019. O fim da temporada europeia reserva as corridas na Bélgica e na Itália – essa última obviamente especial para os italianos. Vencer ao menos uma dessas já parece bem factível, isso enquanto a Mercedes passa o rodo no resto.

 
No fim das contas, a Mercedes não construiu um carro sem pontos fracos. O W10 também tem dias difíceis, abrindo espaço para a concorrência. O problema é saber quem vai conseguir tirar proveito, seja em termos de competência ou em termos de velocidade. Enquanto a briga pelo título segue exclusividade para Hamilton e Bottas, o prêmio de consolação é saber que o hall de vencedores pode contar com mais membros.
 
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