Opinião GP: Abu Dhabi mostra que tanto Alonso como Vettel merecem conquistar título de 2012

Em um dia épico para a F1, o GP de Abu Dhabi coroou Kimi Räikkönen novamente vencedor depois de mais de três anos e provou que tanto Fernando Alonso como Sebastian Vettel são merecedores do título de 2012. Uma pena para o esporte, porque a temporada só pode ter um campeão

A F1 deu mais uma prova de que tem, em 2012, uma das temporadas mais incríveis e surpreendentes de todos os tempos. Quando todo mundo acreditava e cantava em verso e prosa que o GP de Abu Dhabi seria uma corrida chata, sem graça, modorrenta, acontece tudo ao contrário. A 18ª etapa do Mundial, no último domingo (4), foi uma das melhores do ano. Foi em Marina de Yas que Kimi Räikkönen foi coroado novamente vencedor depois de mais de três anos. Mas a corrida nos Emirados Árabes Unidos serviu também para mostrar ao mundo que os dois melhores pilotos da atualidade, Fernando Alonso e Sebastian Vettel, são merecedores da taça deste ano. E aí é que entra a doce injustiça do esporte, já que só um pode ser campeão.

O pódio do GP de Abu Dhabi foi perfeito para retratar o atual quadro da F1, já que os três melhores da temporada foram os que fizeram a festa depois da corrida. Räikkönen, com sua autenticidade impagável, fez uma prova perfeita, não cometeu erros — como sempre — e aproveitou o azar de Lewis Hamilton — mais um — para vencer pela primeira vez desde o GP da Bélgica de 2009, quando ainda corria pela Ferrari.

Vettel e Alonso merecem o título. Mas apenas um deles será o campeão de 2012 (Foto: Red Bull/ Paul Gilham/ Getty Images)

Ao lado do nórdico, os dois grandes nomes da temporada e igualmente vencedores: Alonso, que guiou o fino, comemorou um segundo lugar como se fosse o primeiro, num resultado daqueles que a Ferrari jamais sonharia, e Vettel. Naquela que já pode ser considerada, junto com o GP da Itália de 2008 (quando venceu, de Toro Rosso, sua primeira corrida na F1), sua melhor corrida na carreira, o alemãozinho só faltou fazer chover no deserto e fez uma prova soberba, partindo de último para chegar em terceiro.

O Opinião GP desta segunda-feira pós-GP de Abu Dhabi traz a seguinte questão: Alonso merece ser tricampeão, mas Vettel também. Mas e aí, como faz?

“Não se faz. O destino se encarregará de ser justo a um e injusto a outro”, opinou Ivan Capelli, blogueiro do Grande Prêmio, considerando que Sebastian ainda tem ligeiro favoritismo para conquistar o tricampeonato. “Da forma como o campeonato se apresenta a duas corridas do fim, a sorte sorri para o alemão da Red Bull. O momento da equipe é melhor, as quatro vitórias nas últimas cinco corridas falam por si, e ainda lidera o campeonato com uma folga de 10 pontos, com 50 a disputar.”

Mas claro que em um esporte que já surpreendeu tanto o mundo nesta temporada como a F1, tudo, mas tudo mesmo, pode decidir o campeonato em favor de um ou de outro, em favor de Vettel ou Alonso. Fato é que, como diria Roberto Carlos, serão os detalhes tão pequenos que definirão o campeão no confronto entre os dois melhores da F1 depois de Ayrton Senna e Michael Schumacher.

“Irônico ainda é imaginar que um abandono pode definir o campeonato”, considerou Capelli. “A diferença é tão pequena que talvez não seja a vitória de um ou de outro que vá destinar o troféu a alguém. O importante, para as duas corridas finais, é chegar ao pódio, somar pontos. E se alguém falhar, a sorte estará definida. Em resumo: quem quebrar ou bater, perde a taça”.

Pódio de Abu Dhabi foi um dos mais emblemáticos de toda a temporada (Foto: Red Bull/Getty Images)

Flavio Gomes, diretor da Agência Warm Up e do Grande Prêmio, entende que o pódio de Abu Dhabi colocou lado a lado alguns dos melhores pilotos da F1 e colocou Alonso de volta à briga pela taça, que parecia ter Vettel como dono.

“O pódio foi exemplar por isso. Nele estavam três pilotos que podem facilmente ser colocados entre os maiores da história. O Mundial, que viveu alguns meses modorrentos com a sequência de vitórias rubrotaurinas depois das férias, pega fogo de novo nas duas últimas provas”, analisou Flavio, apontando o grande destaque do fim de semana.

“Sebastian, com uma atuação exuberante, provou que além de ter um carro superior, possui também um talento acima da média, muito acima, porque não é qualquer um que faz o que ele fez hoje”, elogiou o jornalista.

Sobre a corrida, Gomes avaliou o GP em Marina de Yas, uma pista pavorosa cravada em um cenário suntuoso e faraônico, foi uma das melhores do ano. “Tenho uma teoria. Em pista ruim, ou a corrida é muito ruim, ou é muito boa. Não tem meio termo. Hoje foi muito boa. E há algumas explicações para isso”, apontou.

“Uma delas é que quando os pilotos estão dispostos, passam por cima da chatice de um traçado e vão buscar alguma coisa diferente. Hoje, muitos fizeram isso. Algumas ultrapassagens entrarão para qualquer antologia da F1. Foi, mesmo, uma corrida excepcional”, destacou o comandante do GP.

Gomes compartilha da opinião de Capelli sobre quem é o grande favorito à taça. “Vettel segue sendo o favorito. Mas tem jogo, ainda. É difícil para Alonso, mas o espanhol não está com jeito de ter desistido da luta”, opinou. De fato, a sua vibração ao receber o troféu em Abu Dhabi mostra muito bem que Fernando, enquanto tiver chances, jamais desistirá, como costuma dizer aqui e ali.

Os tempos de WRC fizeram bem a Kimi Raikkonen, que voltou a vencer na F1 após três anos (Foto: Red Bull/Getty Images)

E nada melhor para coroar um fim de semana histórico para a F1 do que a volta de dois nomes históricos ao topo do pódio. Kimi, com sua autenticidade ímpar, quebrou um jejum de mais de três anos sem vitórias e provou que os anos correndo no WRC lhe fizeram muito bem. De quebra, o nome Lotus voltou a vencer uma corrida, fato que não acontecia desde o GP dos Estados Unidos de 1987, quando Ayrton Senna, guiando aquele carrinho amarelo patrocinado pelos cigarros Camel e empurrado pelo motor Honda, triunfou em Detroit.

No entanto, a Lotus que venceu ontem em Marina de Yas só tem o nome em comum com aquela Lotus, criada pelo mitológico Colin Chapman. Ocorre que a equipe de Räikkonen é uma herança da Toleman, que foi comprada pela Benetton, que por sua vez foi adquirida pela Renault, que virou Lotus neste ano. Aquela histórica Lotus deixou a F1 para a eternidade em 1994.

Histórias à parte, a vitória de Kimi foi emblemática. Primeiro, porque a F1 chegou a oito pilotos vencedores no ano; seis equipes triunfaram. Tão sensacional quanto a vitória foram as mensagens de Räikkönen transmitidas via rádio ao seu engenheiro. ““Just leave me alone, I know what to do”, disse, uma hora, depois de uma instrução qualquer. Quando o cara pediu para Kimi cuidar dos pneus dianteiros, escutou: “É o que estou fazendo desde o começo da corrida, você não tem de me lembrar disso o tempo todo”. É uma figura, esse finlandês”, diz Gomes.

“E uma vitória de um sujeito como Räikkönen é a melhor coisa que poderia ter acontecido no ano. Kimi é aquele cara que nos lembra, a todo momento, que para ser feliz e vitorioso não é preciso seguir cartilha nenhuma. Basta ser autêntico”, concluiu o diretor do Grande Prêmio.

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