Opinião GP: Fase atual da F1 permite recuperação sem esforço de Hamilton e tira brilho de atuação impecável

GP DO BRASIL DE 2017 não foi uma corrida para a história, mas teve seus momentos divertidos. No entanto, a maioria deles não passou por Lewis Hamilton, por mais que o tetracampeão tenha saído do pit-lane de Interlagos – especialmente depois do acidente bobo da classificação – para a quarta colocação em atuação inspirada.

 

Longe de Hamilton não merecer destaque pelo brilhantismo de sua atuação, acontece que a fase atual da F1, com uma disparidade gigantesca de equipamentos, permite que um piloto da Mercedes saia de último para quarto sem parecer fazer qualquer esforço.

 

Para ilustrar a situação diante desse abismo de performance entre os motores e outras peças entre os times, vale a pena recordar o desempenho de Michael Schumacher em 2006 na mesma pista paulista, quando o então piloto da Ferrari também precisou protagonizar uma prova de recuperação depois de largar em décimo e estar ainda em um duelo com Fernando Alonso pelo título daquela temporada.

 

Nos dias de hoje, é basicamente impossível imaginar que o alemão, em 2017, com o equipamento de Hamilton, faria algo parecido, travando roda, dividindo curva, passando pela grama. Simplesmente não faria. 

Talvez até pudesse ter conseguido um pódio nas condições de Lewis, tamanha compreensão que tinha do comportamento de pneus, do carro em si e da estratégia. 

 

google_ad_client = “ca-pub-6830925722933424”;
google_ad_slot = “5708856992”;
google_ad_width = 336;
google_ad_height = 280;

Acontece que Hamilton deixou os boxes com uma Mercedes muito bem acertada para o circuito paulistano – basta ver seus tempos de simulação de corrida na sexta-feira e também no sábado. Além disso, a esquadra alemã optou por trocar diversas peças do motor, aproveitando o incidente do treino, e ainda introduziu uma versão totalmente atualizada, possivelmente a que será usada a partir do próximo ano. Quer dizer, a superioridade técnica do W08 aliada ao talento do inglês se refletiram na plena recuperação que ele foi capaz de apresentar no circuito brasileiro. A verdade é que Lewis não teve qualquer trabalho para superar seus adversários – talvez apenas Brendon Hartley e Sergio Pérez tenham oferecido algum trabalho, mas, no mais, foi até fácil. E não é culpa do britânico, cuja capacidade não é questionada aqui.

 

Mas essa ‘facilidade’ preocupa. Hamilton terminou a corrida a 5s do vencedor Sebastian Vettel.  Sim, Lewis fez uma baita corrida. Não errou, partiu do fim para uma escalada empolgante, mas isso não gerou o brilho que deveria. E aí que está o grande problema. Por que a F1 atual não permite que um de seus maiores pilotos, depois de uma prova em que quase foi ao pódio depois de largar da última colocação, brilhe de verdade. 

 

É algo que a se pensar, especialmente em um momento que a F1 busca formas de igualar a performance técnica, baratear os custos e se tornar popular por disputas de pista reais.