Opinião GP: Alonso, insolente que é, decide ser herói e pode salvar Fórmula 1 2023

Aos 41 anos, Fernando Alonso se recusa a deixar o esporte – e sair sem brilhar, longe dos holofotes. Afinal, não teria nada a ver com ele. E o acerto com a Aston Martin é só mais um capricho desse homem que não cansa de impressionar. Agora, decidiu ser salvador também. Para a sorte da F1 2023

VOCÊ PODE TER TODO o tipo de opinião sobre Fernando Alonso. Pode achar que ele tomou decisões erradas e apressadas ao longo da carreira. Também pode falar que ele não sabe trabalhar em equipe ou ainda que tem idade demais para seguir na Fórmula 1. Pode até dizer que ele é falastrão. Só não dá para negar uma coisa: o espanhol sabe como se colocar no papel de alguém imprescindível. E insolente que é, Alonso agora também decidiu ser herói – não só de uma inusitada Aston Martin, mas também de uma F1 que parece ter apenas um dono: Max Verstappen.

Nada disso é exatamente uma surpresa. Fernando não ocupa esse lugar de lenda à toa. Do bicampeonato em cima de Michael Schumacher à rivalidade com Lewis Hamilton, das muitas equipes no grid às diversas categorias recentemente – WEC, Dakar e a Indy 500 –, o asturiano conquistou o direito de estar onde quiser. Ninguém tem uma jornada como a dele, que mistura coragem e ousadia, confiança em si em si mesmo e uma habilidade absurda para cativar quem está a seu redor. Por isso, é até justo que, em 2023, seja ele o homem que pode salvar o Mundial.

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Alguns pontos corroboram: o temperamento explosivo, embora mais controlado com a experiência, o assombroso talento e, claro, o fato de que é o único que corre sem qualquer pressão ou cobrança – sim, até Verstappen possui a missão de garantir o tri. Assim sendo, na medida em que o AMR23 ganhar velocidade e performance, Fernando vai funcionar como o estopim do caos.

O GP do Bahrein foi só um aperitivo, mas empolgou. Os duelos contra Carlos Sainz e George Russell fizeram cócegas, sim, enquanto a batalha contra Hamilton foi o ponto alto. A disputa entre os dois gigantes se estendeu por várias curvas em manobras arriscadas. Foi digno dos títulos de ambos, diga-se. Mas o que aconteceria se Alonso tivesse largado melhor? Quem sabe uma bela dividida contra o outro bicampeão do grid?

Vai acontecer? Depende da Aston Martin. Por ora, o que se tira é que o carro verde tem enorme potencial para encarar ao menos Ferrari e Mercedes. O modelo é muito rápido e provavelmente é a segunda força do campeonato até aqui. Nas mãos de um Alonso muito bem preparado do ponto de vista físico – há quem diga que ele, inclusive, mudou a alimentação e os treinos para chegar ainda melhor em 2023 – e forte mentalmente, a chance de uma temporada de sucesso é enorme e muito bem-vinda, no momento em que a F1 tenta disfarçar o domínio dos taurinos.

Ainda sobre o AMR23, a equipe inglesa prometeu um desenvolvimento intenso ao longo do ano. Lawrence Stroll investiu pesado em recursos na fábrica e também de pessoal. O carro é bem-nascido. Em Sakhir, a Aston Martin não enfrentou qualquer questão relacionada aos pneus: tudo funcionou a contento, enquanto italianos e alemães tiveram de lidar com um desgaste maior da borracha da Pirelli.

Ultrapassagem que rendeu a Alonso o terceiro posto no GP do Bahrein (Foto: Reprodução/F1)

O modelo também é capaz de imprimir uma boa velocidade em linha reta e ainda consegue gerar uma eficaz pressão aerodinâmica, o que proporcionou mais equilíbrio – daí as brigas bem-sucedidas de Fernando. E o mais importante: a Aston Martin tem um desempenho genuíno, ratificando o que se viu na pré-temporada.

“É simplesmente irreal!”, disse o bicampeão após cruzar a linha de chegada na terceira colocação. Esse foi o primeiro pódio de Alonso desde o GP do Catar em 2021.

“Para ser honesto, achávamos que as três primeiras equipes seriam intocáveis este ano com a vantagem que tiveram no ano passado. Mas largamos em quinto e lutamos com a Ferrari pelo pódio, e isso é simplesmente incrível. Vamos continuar, manter os pés no chão, executar a corrida sem erros e ver onde estamos”, emendou o piloto, que ainda desfruta de um ritmo técnico invejável.

Fernando foi aplaudido pelo paddock e merece o reconhecimento. O retorno do espanhol, depois de mais de uma década longe de um cockpit competitivo, também é a melhor história que a F1 pode contar em 2023. Por fim, Alonso é o elemento surpresa que faltava ao campeonato, é uma espécie de coringa do bem. E não há ninguém melhor do que ele para essa tarefa.

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