Opinião GP: Ferrari bate-cabeça internamente, perde mão do carro e entrega campeonato à Mercedes

Pela quinta vez consecutiva em 2019, a Mercedes coloca seus dois pilotos em uma dobradinha no pódio, fundamentada na excelência. Pela quinta vez consecutiva, a Ferrari se atrapalha, erra e agora entrega de bandeja o campeonato à maior rival

DAS CINCO ETAPAS realizadas até aqui em 2019, o GP da Espanha talvez tenha sido o de maior derrota para a Ferrari. A corrida espanhola guardava toda a expectativa de uma ‘remontada’ para os vermelhos. E tem explicação: a equipe italiana havia tido uma performance extraordinária durante a pré-temporada e procurava desesperadamente retomar aquela sensação de confiança para, enfim, começar a disputar o campeonato com a Mercedes. Para isso, preparou um largo pacote de atualizações, que foi do motor a elementos aerodinâmicos, especialmente na parte dianteira do carro. Só que a ideia de recuperar o terreno perdido caiu por terra devido à inacreditável incompetência dos ‘reds’.

E a surra foi doída

 
De novo, e como parecer ser uma espiral, a esquadra de Maranello não foi capaz de fazer os novos recursos funcionarem a contento – e ainda descobriu outros pontos fracos em termos mecânicos e de acerto –, bem como seguiu cometendo equívocos de estratégia. O pit-wall trabalhou muito mal, confuso e atrapalhado.
A Ferrari ficou atrás da Red Bull (Foto: AFP)
Ainda que a largada de Sebastian Vettel tenha sido boa, o alemão acabou perdendo o terceiro posto para um cada vez mais excelente Max Verstappen. Daí para frente, ficou evidente o desempenho oscilante. A SF90 ainda encontra problemas de equilíbrio e simplesmente não tem performance em setores de média e, principalmente, baixa velocidade – outrora grande força dos carros ferraristas. Ainda, se mostrou claro que as peças novas não tiveram o efeito esperado e que, no fim das contas, a equipe perdeu a mão do carro em algum momento. 
 
Mas o problema maior parece ser mesmo o bate-cabeça interno. Então quarto colocado, Vettel foi o primeiro a se queixar do “falatório no rádio”, algo iniciado por ele, inclusive. A esquadra cometeu erros de análise com ambos os pilotos. Primeiro, levou muito tempo para entender que Charles Leclerc, então quinto, vinha em melhor ritmo na parte inicial da prova e que tinha uma chance se superasse Vettel – que perdia desempenho em função dos pneus, após uma bela fritada depois da largada. Só que a decisão de deixá-lo ir veio tarde demais. Depois, quando o tetracampeão vinha mais rápido e com compostos novinhos, demorou uma eternidade para dar a ordem para o monegasco sair da frente. Aí ficou impossível caçar o holandês da Red Bull. Ou qualquer traço de dignidade. 
 

Até houve uma chance de brigar pelo pódio, mas a tática confusa, que incluiu o uso de um jogo de pneus duros para Leclerc, pôs tudo a perder. Aqui vale um parênteses para dizer que o jovem #16 não lembrou em nada o piloto das últimas corridas, também exibiu seus vacilos e, quando teve pneus novos, mostrou um ritmo inexplicavelmente ruim. 
 
Quer dizer, diante dessa nova sequência de equívocos, o resultado foi outro vexame para a conta. O time italiano não só foi incapaz de alcançar a Mercedes, como também perdeu para a Red Bull. Hoje, Verstappen é quem aparece na terceira colocação, à frente dos dois pilotos de Maranello
 
A não explicação do chefe Mattia Binotto após a corrida deixa o cenário ainda mais nítido: "Esta foi uma corrida que terminou bem abaixo das nossas expectativas. As atualizações que trouxemos para cá, tanto aerodinâmicas quanto de motor, trabalharam bem, mas foram insuficientes. Temos de analisar e pensar sobre o que aconteceu. Mas agora não temos uma resposta precisa para isso."
O pódio do GP da Espanha foi de Mercedes e Red Bull (Foto: AFP)
Ou seja, a escuderia não sabe o que fazer internamente, uma vez que é a quinta corrida consecutiva em que os erros persistem, além dessa SF90 que se tornou um ‘Frankenstein’ e em nada lembra o carro forte e veloz dos testes. 
 
E essa ausência de resposta apenas reforça a ideia de que o campeonato já tem dono, ainda que restem 16 corridas pela frente. A verdade é que a Ferrari se tornou presa muito fácil, enquanto a Mercedes parece comprometida não só em escrever uma história de sucesso, mas ‘a’ história na Fórmula 1.

A sexta etapa da temporada 2019 do Mundial de F1 acontece em 15 dias com o mais tradicional evento do calendário, o GP de Mônaco. O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO e em TEMPO REAL.

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