Opinião GP: Verstappen é tão impecável que é desonesto apontar Ferrari como rival

Uma vez mais, Max Verstappen demonstrou a razão pela qual vive em outro patamar na Fórmula 1. Nem a punição que o jogou para a parte debaixo do grid foi capaz de impedir uma nova vitória e, mais do que isso, aproximá-lo do bicampeonato. De outro lado, está a Ferrari, que supostamente deveria oferecer alguma resistência. Só que, novamente, a escuderia revelou sua pior face, provando que não disputa nada na F1 2022

MAX VERSTAPPEN e a Red Bull não têm adversários na F1 2022. Essa conclusão poderia ter sido feita até antes deste GP da Bélgica, mas a vitória em Spa-Francorchamps encerrou qualquer discussão a esse respeito. Isso porque há uma excelência técnica e emocional que lembra muito os anos de supremacia do conjunto Mercedes-Lewis Hamilton. A Red Bull tem em suas garagens um piloto que sabe como desestabilizar a concorrência, e isso tem feito enorm diferença. É Verstappen quem torna o RB18 altamente competitivo. É ele quem interpreta melhor os sinais e tira a performance exata. E neste domingo, Max venceu de forma tão constrangedoramente fácil que chega a ser desonesto colocar Charles Leclerc, Carlos Sainz e a Ferrari como rivais. Porque simplesmente disputam campeonatos diferentes.

Ainda que a Red Bull tenha acertado precisamente a configuração do carro para o circuito belga, alcançando um equilíbrio delicado entre velocidade de reta e maior carga aerodinâmica, foi Verstappen quem deu o toque de magia. A pole que não foi pole por causa da punição deveria já ter acionado um alarme entre quem achava poderia vencê-lo. Afinal, colocar 0s6 em cima de um carro veloz como o da Ferrari é para se preocupar. De toda a forma, o que vale é o domingo. Largando de 14º e cuidando bem dos pneus, Max apenas precisou de cautela no início. Depois, fez o que faz de melhor: acelerou e não perdeu tempo.

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Verstappen ficou longe do caos da largada, aproveitou o safety-car inicial e, com apenas 12 voltas, se viu na ponta, quando o então líder Sainz parou. Como o holandês fez sua parte, a equipe não poderia faltar. A estratégia funcionou como um relógio: o dono do carro #1 esperou mais tempo para o primeiro pit-stop. Cinco giros após o espanhol visitar os boxes, foi a vez de Max. A partir daí, foi à caça, superou Sainz e nunca mais deixou o primeiro lugar. “O carro esteve incrível desde o primeiro treino”, afirmou o homem que leva o #1.

“Não esperávamos que fosse assim, mas é bom quando as coisas surpreendem positivamente. Foi difícil largar de 14º, porque é sempre agitado e vi toda a confusão na minha frente, mas quando tudo se acalmou, fui ultrapassando um carro a cada volta e quando vi que os macios estavam aguentando, sabia que havia uma boa possibilidade de vencermos”, completou.

Com o novo triunfo, Max soma agora 284 pontos e tem uma vantagem de mais de 90 para quem vem mais perto na tabela – no caso, o colega Sergio Pérez. Portanto, neste momento, é apenas uma questão de tempo para o bicampeonato, um título que vem maduro também. E se em 2021, a disputa foi altamente acirrada e o desfecho marcado por controvérsias, agora não há qualquer infortúnio. E é igualmente merecido. O chefe Christian Horner acertou quando disse que o holandês corre em “liga própria” neste ano, embora isso já aconteça há algum tempo. O ponto é que Verstappen chega a um momento em que está perto de estabelecer também as próprias regras. “Foi uma performance fenomenal”, descreveu o comandante dos rubro-taurinos. De fato, e isso fica evidente também no desempenho do companheiro mexicano.

“Max, desde que venceu o campeonato no ano passado, deu mais um passo à frente. De muitas maneiras, aquilo o liberou e ele está pilotando em um nível incrível. Está em total sintonia com o carro”, acrescentou. Outro fato importante.

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Max Verstappen está perto do bicampeonato mundial (Foto: Red Bull Content Pool)

São nove vitórias em 14 corridas até aqui, a maioria com forte desempenho, mesmo sem contar com o melhor conjunto em boa parte das provas. E dentro desse cenário, não tão louco pensar que Verstappen pode vencer todas as provas daqui até Abu Dhabi, reproduzindo a performance avassaladora de Sebastian Vettel em 2013.

Também não é maluco vislumbrar essa possibilidade porque não há uma ameaça ou uma força minimamente equivalente no grid. Como dito antes, a Ferrari, Leclerc ou Sainz não são rivais. A fábrica italiana se transformou em um arremedo de equipe na Fórmula 1 em 2022. Nem as férias parecem ter sido capazes de mudar a forma de trabalho nas garagens vermelhas. Os erros e as trapalhadas seguiram firme, garantindo o entretenimento, diriam os maldosos, mas que tem lá um fundo de verdade.

Apesar de um projeto forte e que evoluiu bem ao longo da temporada, os italianos falham miseravelmente na tentativa de vencer. E se antes, os erros eram alternados entre time e piloto, agora vêm associados. Em Spa, a Ferrari também optou pela troca de componentes no carro do monegasco, o que o jogou para a parte final do grid. Charles largou apenas uma posição atrás de Max, enquanto Sainz saltou da pole. Quer dizer, a escuderia partiu para duas corridas bem diferentes na Bélgica, mas fracassou em ambas.

O espanhol sofreu com o desgaste de pneus durante toda a corrida e não houve uma explicação para isso. A equipe havia decidido por um acerto em que priorizou a maior carga aerodinâmica, justamente para trabalhar melhor com a degradação. Não deu nada certo. E Carlos chegou a ser ameaçado por uma Mercedes que se mostrou capenga em Spa. Ainda, os quase 27s de diferença para Max se tornam mais representativos quando se olha para o grid antes da corrida e se verifica a posição de cada um. E esse foi o melhor carro vermelho na prova…

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Carlos Sainz liderou a corrida por algum tempo, mas nunca teve resposta para a Red Bull (Foto: Ferrari)

Aí tem Leclerc. O dono da Ferrari #16 tinha como objeto conduzir uma prova de recuperação. Embora não tenha sido capaz de impor uma remontada como a de Verstappen, Charles foi muito atrapalhado pela Ferrari. Isso porque a equipe não sabe o que fazer: por vezes, foi possível acompanhar uma discussão entre piloto e pit-wall. É muito verdade que é interessante perceber o competidor passando informações e até questionando aquilo que vê do ponto de vista de quem está dentro do carro. Porém, o que acontece no rádio ferrarista vai bem além disso. E não inspira qualquer confiança. É um bate-cabeça sem fim.

Mas o pior veio na parte derradeira do GP belga. Os estrategistas chamaram Charles para um pit extra, a fim de conquistar o ponto da melhor volta. O monegasco imediatamente fez o alerta. “Eu não arriscaria isso dessa vez”, aconselhou Charles. “Mas se vocês realmente quiserem tentar. Mas eu não arriscaria”, repetiu. Foi ignorado. Não havia chance para uma melhor volta, tanto pelas condições naquele momento da prova quanto pelo déficit de velocidade da F1-75 – a classificação mostrou bem essa desvantagem.

Nada deu certo, claro. Além do posicionamento em pista não ser o ideal, a parada jogou Leclerc em uma disputa com Fernando Alonso. O piloto precisou superar o espanhol da Alpine e sequer teve meios para tentar o melhor giro. Como se não bastasse, ainda foi punido por excesso de velocidade nos pits e caiu para o sexto posto.

Pois bem. Acerca de todos esses problemas, chama a atenção a condescendência do chefe Mattia Binotto, que insiste que não há nada errado. “Não há razão para repensarmos nossos processos estratégicos. Claro que sempre analisamos nossas decisões depois. Mas quando olho para a temporada, não foi tão ruim quanto é visto de fora.”

E neste ponto, não há mais defesa. Há erros e erros, porém a Ferrari vai além em todas as oportunidades. O campeonato é finito. E para Maranello, também é merecido que seja assim.

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