Opinião GP: Nem caos é páreo para “intocável” Verstappen. E o resto que lute na F1 2023

Nada realmente parece capaz de parar Max Verstappen. O GP da Holanda se mostrou um desafio e tentou testar o piloto da casa. Fracassou miseravelmente. O bicampeão driblou com maestria todo o caos que desabou sobre Zandvoort e seguiu firme e forte rumo ao tricampeonato. De quebra, ainda igualou Sebastian Vettel e mandou um novo recado à concorrência: é preciso fazer mais

ESTÁ CADA VEZ MAIS difícil encontrar as palavras corretas para definir Max Verstappen. Nunca houve realmente dúvida sobre seu talento e habilidade, mas o que ele faz na Fórmula 1 2023 vai além. Parece que quanto mais complicada a situação se apresenta, melhor ele se sai. O GP da Holanda tentou desafiá-lo de todas as formas neste domingo (27), mas fracassou terrivelmente. Quer dizer, nem mesmo o pandemônio que tomou conta de Zandvoort foi capaz de tirar o dono do carro #1 do caminho da vitória. E assim como Lando Norris no sábado, a expectativa era de, ao menos, um vacilo, que jamais aconteceu. Uma vez mais, Max provou do que é feito e deu aula.

Acontece que a prova holandesa teve de um tudo: chuva, sol, acidentes, lambanças de toda a ordem e até bandeira vermelha. Ou seja, a chance de um erro ou uma má decisão na hora errada eram enormes — e até certo ponto compreensíveis. E de fato, muita gente caiu nessa armadilha, mas não Verstappen. O bicampeão guiou com uma frieza atroz e não se permitiu qualquer deslize, nem mesmo quando se viu no meio do pelotão quando um aguaceiro invadiu a prova.

Verstappen saltou bem da pole e não deu chances a ninguém, só que, ainda na primeira volta, uma forte chuva atingiu a pista. Muitos pilotos foram atrás dos pneus intermediários ao fim do giro inicial, mas o holandês permaneceu à frente e só foi aos boxes na volta seguinte, o que o fez cair para a oitava colocação, enquanto o companheiro de equipe, Sergio Pérez, que parara logo de cara, assumiu a ponta. A distância entre eles era de pouco mais de 15s. Então, Max começou uma série de ultrapassagens e foi cortando a vantagem do mexicano volta a volta, sem qualquer nervosismo, apenas velocidade. Em determinado momento, chegou a ser 4s mais veloz que o colega.

A ultrapassagem acabou sendo nos boxes. A pista secou, e a Red Bull chamou Verstappen antes para o undercut. Na real, mesmo que tivesse parado após Pérez, a liderança era uma questão de tempo. E uma vez na frente, o neerlandês de 25 anos tratou de acelerar. Nem mesmo o safety-car por conta da batida de Logan Sargeant, ainda na primeira parte da prova, ameaçou a ponta. E a concorrência ainda teria mais uma chance: perto do fim da corrida, a chuva voltou forte, o que acabou provocando um acidente com Guanyu Zhou.

Em num cenário caótico, em que todo mundo buscou os pits, a direção de prova achou por bem lançar mão da bandeira vermelha. 40 minutos depois, o GP da Holanda foi retomado atrás do carro de segurança. Quando foi para valer, Fernando Alonso, então segundo, tentou pressionar o líder, mas não fez nem cócegas.

Verstappen cruzou a linha de chegada em primeiro pela nona vez consecutiva em 2023, o que o fez igualar Sebastian Vettel — em 2013, o alemão venceu nove vezes com a mesma Red Bull, estabelecendo um novo recorde. “Max está num período da carreira em que é simplesmente intocável e não creio que qualquer outro piloto do grid seria capaz de atingir as coisas que ele atinge neste carro”, disse um entusiasmado Christian Horner após a prova.

Max Verstappen já tem 138 pontos na liderança do Mundial de Pilotos (Foto: Red Bull Content Pool)

“Ser companheiro de equipe dele é, provavelmente, uma das coisas menos invejáveis possíveis, porque o sarrafo fica muito no alto. É muito difícil. Estamos testemunhando um piloto geracional. O feeling, a confiança e o comprometimento são incríveis de ver e ser parte.”

O chefão da Red Bull tem toda a razão. Além da conhecida destreza em chuva e da velocidade habitual, Verstappen apresenta em 2023 uma capacidade ímpar de se adaptar a todo tipo de condição, sem errar ou perder concentração. No sábado da classificação, o piloto construiu o desempenho aos poucos, uma parte de cada vez, até a fase decisiva, quando acabou com os oponentes. Neste domingo, agiu exatamente da mesma maneira. Nada parece incomodá-lo, seja o caos absoluto ou os mais de 100 mil torcedores nas arquibancadas.

Enquanto todos ao seu redor cometeram erros e vacilos — e aqui dá para citar Pérez e a trabalhada nos boxes, além dos erros estratégicos de Mercedes e McLaren, a lambança da Aston Martin, passando por mais uma corrida equivocada da Ferrari e por aí vai —, o quase tricampeão seguiu firme e com uma fome voraz não apenas por vitórias, mas também por ser o melhor.

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E, na verdade, talvez seja Alonso quem melhor entenda o que Verstappen faz. “Às vezes, é subestimado o que Max vem conquistando. Vencer de maneira tão dominante em qualquer esporte profissional é muito complicado. Você precisa entrar em um estado de conexão com o carro. Hoje senti que estava no meu melhor, dei 100% da minha capacidade. Mas talvez em Spa eu não estivesse nesse nível ou na Áustria ou em qualquer outro lugar. Daí você sempre sente que há espaço para melhorar e não está 100% feliz consigo mesmo como estou hoje, por exemplo”, explicou o espanhol.

“Mas acredito que Max está conseguindo isso 100% mais vezes do que nós ou qualquer outro piloto no momento e é por isso que está dominando.”

Portanto, a concorrência que lute.

Fórmula 1 retorna na semana que vem, entre os dias 1 e 3 de setembro, com o GP da Itália, em Monza, 14ª etapa da temporada 2023.

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