Quem dera largada fosse único problema: Bottas de 2020 regride ao nível de 2018

Valtteri Bottas teve um GP da Itália sofrível, escancarando uma temporada 2020 cada vez pior. O finlandês repete os mesmos problemas vistos em 2018

Valtteri Bottas é um piloto que sofre pela apatia. Mesmo em 2019, quando fez aquela que pode ser considerada sua melhor campanha na Fórmula 1, perdeu brilho no meio do caminho e se tornou burocrático. O tempo passou, estamos em 2020, e o problema parece ter se agravado: a atuação absolutamente opaca no GP da Itália já indica um Bottas que regride aos vícios tornaram sua temporada 2018 tão horrenda.

Quem viu o GP da Itália há de lembrar que a corrida agitada começou com uma largada em que Bottas fez tudo errado. O finlandês partiu mal da segunda posição e chegou à primeira chicane já em terceiro, atrás de Carlos Sainz Jr. Na segunda, foi surpreendido por um ataque de Lando Norris e caiu para quarto. Na segunda Lesmo, errou o traçado e permitiu passagem de Sergio Pérez. Sem velocidade na reta, também viu Daniel Ricciardo passando. Por uma série de erros, o piloto do melhor carro do grid caiu para sexto. Ficou ainda mais patético quando tentou argumentar que tinha um pneu furado, o que era balela.

Uma análise mais superficial pode nos levar a crer que foi isso que levou Bottas a terminar em quinto. Apenas a largada ruim. Só que o buraco é mais fundo: o finlandês foi hesitante na corrida inteira e desperdiçou a chance de ir ao pódio após a bandeira vermelha. Foram voltas e mais voltas preso atrás de Norris. Enquanto isso, Lewis Hamilton caiu para 15° após punição e subiu para sétimo no fim da prova, fazendo ultrapassagens cirúrgicas contra carros mais lentos.

Valtteri Bottas tem o melhor carro do grid, mas não faz bom proveito (Foto: AFP)

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Em outras palavras, Bottas não soube aproveitar um carro superior. Isso já era observado em corridas anteriores, quando completou uma série de quatro GPs preso atrás de Max Verstappen e o carro não muito afinado da Red Bull.

Foi exatamente essa postura que tornou 2018 em um ano tão ruim. Enquanto Hamilton venceu 11 corridas, Bottas não conseguiu nenhuma – em que pese a ordem de equipe para deixar Lewis no alto do pódio no GP da Rússia. A Mercedes tinha o melhor carro do grid e Valtteri nunca terminou duas provas no pódio, enquanto o companheiro encaixou sequência de nove. Muito se fala dos erros de Sebastian Vettel naquele ano, mas o escudeiro da Mercedes fez um trabalho pior em todos os aspectos. Não há desculpa para ser quinto no Mundial de Pilotos com o melhor carro.

Você poderia argumentar que comparar 2018 com 2020 é forçar a barra. Afinal, Bottas é vice-líder no campeonato vigente. Sim, verdade, mas com um porém: a Mercedes sobra e domina. Mesmo assim, Valtteri está suando para superar Verstappen. Dois anos atrás, a F1 tinha nitidamente um pelotão ‘A’ com as três grandes equipes. Daqueles seis pilotos, o do #77 foi quinto melhor.

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Valtteri Bottas sofre até mesmo para ser vice-campeão (Foto: Mercedes)

Se a Mercedes fosse mais desafiada por Red Bull, McLaren e Racing Point, é provável que Bottas mal teria pódios em 2020. As únicas atuações verdadeiramente boas foram nos GPs da Áustria e dos 70 Anos. Nas outras seis corridas, não é exagero algum dizer que o carro dominante garantiu um banho de champanhe.

Para a F1, é uma situação frustrante. Corridas loucas como a da Itália não vão acontecer o tempo todo, e a tendência é de que em Mugello voltemos a ter a Mercedes sobrando. Se Bottas estivesse no nível do começo de 2019, dava para acreditar em briga direta com Hamilton. Só que, do jeito que a carruagem anda, veremos Lewis novamente disparando, enquanto Valtteri volta a sofrer com Verstappen. Quer dizer, isso se não despencar para sexto na primeira volta.

Bottas tem contrato com a Mercedes para 2021, ano que tem tudo para ser o último antes de abrir caminho para George Russell. É um conforto, mas pequeno: já passou da hora de Valtteri realmente provar seu valor na F1. E ainda não o fez.

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