RB se contenta com mínimo nas mãos de Tsunoda e Ricciardo e já vê Haas no retrovisor
Com uma dupla de pilotos que parece já ter atingido o teto, a RB permanece como grande incógnita e corre risco de perder para uma embalada Haas nas mãos de Nico Hülkenberg e Ayao Komatsu
De todas as dez equipes do atual grid da Fórmula 1, a RB é certamente a mais complexa de se ler. Claro que se pode dizer que o time evoluiu quando comparado às últimas duas temporadas, tanto que começou o ano consolidando-se como sexta força e na vice-liderança folgada da chamada ‘F1 B’, porém a partida para as férias com apenas 7 pontos de vantagem para a Haas no Mundial de Construtores dá a impressão de que ainda não vimos do que o VCARB 01 realmente é capaz.
Pode parecer expectativa demais afirmar isso quando se leva em conta que estamos falando de uma equipe que nunca almejou ser grande, pelo contrário. A RB, antes AlphaTauri (e antes Toro Rosso!) foi criada para servir de trampolim para o programa de pilotos da Red Bull, e o papel até foi cumprido por um bom tempo. Só que desde o instante em que os taurinos decidiram empacar a rotação da academia mantendo Yuki Tsunoda e resgatando Daniel Ricciardo, passou a ser natural a necessidade de ambicionar por mais.
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O primeiro passo para isso foi buscar um equipamento melhor, e deu certo no início da temporada, por mais que o estreitamento das relações com a matriz austríaca tenha despertado certa indignação de algumas rivais e rendido acusações de compartilhamento de informações técnicas. A questão era que o progresso já havia começado no final de 2023, portanto a RB virou o ano com uma base muito mais interessante para ser trabalhada.
De fato, houve um salto de performance que passou a vir consistentemente das mãos de Tsunoda, enquanto Ricciardo, tão defendido por Christian Horner, deparava-se com o fantasma da McLaren assombrando-o novamente ao não conseguir se acertar com o carro. Até o GP da Espanha, décima etapa do campeonato, eram apenas 9 pontos somados para o australiano contra 19 do japonês.
Mesmo assim, a RB se dava ao luxo de bater no peito e dizer sem medo que não tinha adversários naquele instante, já que Haas, Williams e Alpine dependiam de milagres para fazer alguma graça e pontuar, enquanto Sauber somente existia em sua interminável espera pela Audi.
O cenário, na verdade, não mudou tanto assim, só que não há mais comodidade em Faenza desde o pacote de atualizações introduzido em Barcelona. O insucesso foi muito inesperado e criou um anticlímax para a Racing Bulls. Se antes a projeção era avançar a ponto de brigar contra a Aston Martin, então 30 pontos à frente com um caminhão de corridas ainda por vir, o que se viu foi uma perda notável de desempenho que, de repente, colocou a Haas na cola do time italiano.
São, no momento, 34 pontos contra 27, mas há um tópico de debate importante que não pode ser ignorado: ora, Tsunoda e Ricciardo realmente tiraram o máximo que o carro pôde oferecer quando era melhor?
É uma indagação pertinente por conta do histórico. Vejamos, por exemplo, quando Ricciardo se acidentou no ano passado, nos Países Baixos, e foi substituído por cinco corridas seguidas por Liam Lawson. Já na terceira corrida, o neozelandês colocou o carro no Q3 e cruzou a linha de chegada em nono, resultado que foi até o GP da Cidade do México o melhor da AlphaTauri no ano. Sim, Tsunoda já havia pontuado, porém sem ir além do décimo posto.
Daniel, por sua vez, assinalou uma bela sétima colocação na corrida realizada no Autódromo Hermanos Rodríguez e também deixou no ar a sensação de que havia mais por vir. Este ano, até largou bem no Canadá, em quinto, e completou a corrida em oitavo. Depois foi nono na Áustria e parou por aí, tanto que o consultor da Red Bull, Helmut Marko, já bateu o martelo e disse que Ricciardo “não alcançou os critérios” para correr novamente ao lado de Max Verstappen.
Só que Tsunoda também não causa nenhum espanto. Pelas declarações vindas da cúpula de Milton Keynes, o que parece é que todos estão satisfeitos por Yuki ‘cumprir com a obrigação’. E isso não é absolutamente nada que justifique trocar seis por meia dúzia a essa altura do campeonato.
Por essa razão, é muito difícil não imaginar a Visa Cash App RB perdendo a queda de braço contra a nanica Haas, que ao contrário da rival italiana, tem um piloto que tira leite de pedra e um chefe ousado no comando que simplesmente trouxe um frescor que parecia perdido. Desse jeito, melhor seria para a RB então voltar às origens e se abrir de vez para os jovens que estão na academia, pois certamente não se contentariam com o mínimo para sobreviver à peneira do time dos energéticos.
Depois das férias de verão, a Fórmula 1 voltará às pistas entre os dias 23 e 25 de agosto para o GP dos Países Baixos, em Zandvoort.
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