Red Bull perde mão em evolução do RB20 e já se vê em apuros sem Newey em 2025
Os lampejos frequentes do velho Max Verstappen não são por acaso. A Red Bull foi forçada a deixar a zona de conforto com o avanço contínuo e real da McLaren e expôs fraquezas na temporada 2024 da F1, e a saída de Adrian Newey é, sim, razão de sobra para se preocupar para o ano que vem
Talvez seja demais dizer que a Fórmula 1 2024 já vive o fim de uma era, como declarou Toto Wolff, mas é incontestável que a Red Bull não possui mais nas mãos o melhor equipamento do grid. Ainda que os números teimem em dizer o contrário — são 78 pontos de frente para Max Verstappen no Mundial de Pilotos, enquanto a vantagem para a McLaren no de Construtores é, embora menos confortável, de 44 —, os lampejos frequentes do velho Max nas pistas confirmam que as coisas em Milton Keynes já não são como nas duas últimas temporadas há tempos.
O curioso é que o início de 2024 foi exatamente como o final do arrasador 2023. Foram quatro vitórias efetivas em cinco corridas realizadas, só que o abandono de Verstappen na Austrália, terceira etapa do ano, após problema nos freios foi o primeiro sinal de que o roteiro traria reviravoltas. Sim, ainda era um carro vencedor nas mãos do melhor piloto da atualidade, porém falível.
Vieram as primeiras atualizações, mas, de repente, o RB20 foi perdendo o maior trunfo do seu antecessor, a versatilidade em diferentes tipos de pista. Em Ímola e na Hungria, por exemplo, o carro saía muito de frente. Já em outros momentos, em circuitos com uma combinação de média e alta velocidade, a dificuldade era com a traseira instável, situação que irritou Verstappen inúmeras vezes ao longo dos fins de semana.
Para completar, o avanço contínuo e real da McLaren começou a tirar os taurinos da zona de conforto. Se o carro não dava mais conta de todo o recado, Max precisava ser mais que perfeito para frear o ímpeto de Lando Norris e Oscar Piastri. Acontece que quanto mais você busca o limite, mais vulnerável ao erro se torna, e não é diferente na F1.
A Red Bull também sentiu o golpe. Os pit-stops tão cultuados começaram a ficar lentos — pior, erráticos! Nem mesmo a equipe de estratégia escapou do desastre, com o ápice do bate-cabeça na Hungria. Quem diria que a hexacampeã, outrora mestre em chamadas de boxes, tomaria undercut de Mercedes e Ferrari — este último, aliás, fez Max enlouquecer pelo rádio de tal forma que até Gianpiero Lambiase, o engenheiro pessoal, perdeu a paciência.
A sorte momentânea da Red Bull é que a rival direta, a McLaren, parece ainda não ter entendido que pode ditar o ritmo das próximas dez etapas que faltam. Mesmo assim, a situação dos austríacos é delicada, considerando que não há mais grandes novidades programadas daqui para frente. O último grande pacote foi justamente o levado para Hungaroring, que até deixou Verstappen otimista após os treinos livres, mas não culminou no que de fato se esperava.
E se o desfecho de 2024 indica uma Red Bull cada vez mais em função do brilhantismo de Verstappen, 2025 promete trazer cenário ainda mais preocupante, por mais que cada figura do alto escalão do corpo técnico jure de pé junto que a ausência de Adrian Newey não será sentida. O projeto que começou 2024 muito bem, obrigado, tem a assinatura dele.
Claro que apesar da concepção, hoje Newey é muito mais envolvido com o futuro hipercarro taurino do que com o que acontece em cada fim de semana da F1. Mas é inegável o valor de referência que a pessoa do lendário projetista representa para qualquer time. Não é por acaso que a briga para tê-lo a partir de 2025 continua acirrada.
Mas resta Pierre Waché, o diretor-técnico que também foi alvo de muito interesse no mercado desta temporada. Todo o corpo técnico sobrevivente, aliás, viu-se em meio a rumores de saída, principalmente por conta do abalo nas estruturas causado pela investigação lançada sobre Christian Horner por suposta conduta inapropriada com uma funcionária. A Red Bull, portanto, resiste ainda com armas potentes, mas os adversários já sabem exatamente onde e como atacar.
E é possível dizer que o ponto mais fraco hoje está em Sergio Pérez. Ainda que a permanência do mexicano sugira um fator muito mais pessoal relacionado à força que Horner ainda tem dentro da cúpula taurina, os fracos resultados do piloto anunciam que a derrota no Mundial de Construtores será questão de tempo — completamente avesso ao 2023 em que somente a ‘Verstappen Racing’ bastaria para a marca ‘que dá asas’.
A Fórmula 1 agora faz a tradicional pausa para as férias de verão na Europa e volta de 23 a 25 de agosto em Zandvoort, para a disputa do GP dos Países Baixos.
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