Retrospectiva 2020: Haas vive temporada terrível de novo e nem pode culpar pilotos

Sem Magnussen e Grosjean, a Haas se livrou dos maiores problemas? A temporada 2020 indica que não é assim e 2021 dará a palavra final

Se alguém te perguntar, leitor, qual a equipe mais bagunçada da Fórmula 1 contemporânea, o que você responderia? A Williams acabou de ser vendida, a Alfa Romeo encontrou novos donos e sólida estrutura, a Ferrari tem ao menos seus pilotos do futuro. Sobra a Haas. O time norte-americano pode não ser o pior em rendimento, embora esteja próximo, mas é o mais inapelável.

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Faremos, aqui, uma retrospectiva dentro da retrospectiva, espécie de inception analítica. Em 2019, ano seguinte ao melhor desempenho da então promissora Haas na Fórmula 1, a equipe surgiu com uma superatualização do carro para a perna europeia. Era uma desgraça. De tão ruim, fez a equipe usar o carro antigo com um dos pilotos e o carro novo com outro, até voltar de vez. Coisas imperdoáveis para uma equipe repleta de engenheiros.

Mesmo com o potente motor da Ferrari – até fora das regras permitidas pela FIA, como ficou claro mais tarde – a Haas não conseguia competir e despencou. Neste 2020, então, trocando o motor potente por outro deficitário, as coisas até pioraram. A Haas só pontuou em duas jogadas ousadas de estratégia, na Hungria com Kevin Magnussen e no GP de Eifel com Romain Grosjean.

A incompetência geral da Haas, porém, não pode ser caracterizada de maneira mais didática que os defeitos de freio. As dificuldades se somam há anos, mas jamais são solucionadas completamente. Vira e mexe, os freios traem e colocam os pilotos em perigo e a corrida a perder. É simplesmente inacreditável a incapacidade de resolver o problema mesmo trocando de fornecedora, de material utilizado, tudo.

Haas ficou apenas com a nona colocação no Mundial de Construtores (Foto: Haas)

Atrás de dinheiro após três anos caminhando com as próprias pernas, a Haas se meteu com uma parceria obscura que mais atrapalhou que ajudou em 2019, a Rich Energy. Sem ela em 2020, a equipe seguiu sem direção ou dinheiro.

É importante separar Magnussen e Grosjean de toda a bagunça por um momento. Com os dois, nos primeiros anos, a Haas cresceu. Fizeram o trabalho, alcançaram alguns resultados interessantes. São dois pilotos de sequência: durante os bons ventos, são interessantes; quando a brisa sopra na direção errada, parecem pilotos quebrados. Mas até a Haas se desmanchar, faziam um trabalho médio, por vezes até bom. Conseguiram colocar a equipe para duelar com a muito mais rica em poderosa Renault em 2018, por exemplo.

A argumentação é parte de uma defesa de que ambos deveriam seguir na Fórmula 1? Não. O tempo passou para Grosjean e Magnussen no grid e que sejam felizes em outra parte, mas apontá-los como causa das mazelas da equipe mais desorganizada da F1 é bastante injusto.

Mas a falta de dinheiro gritou mais e mais forte em 2020 e obrigou a Haas a olhar para seus bolsos. Se o chefe Guenther Steiner passou anos falando que gostaria de contar apenas com pilotos experientes, agora mudou a abordagem. Trouxe uma dupla de novatos. Mick Schumacher chega carimbado pela Ferrari, como fora com Esteban Gutiérrez em 2016, mas também com a chancela de atual campeão da Fórmula 2.

Mick Schumacher foi um dos participantes do teste (ex) de jovens em Abu Dhabi (Foto: Haas)

Nikita Mazepin vem com a carteira cheia de moedas de ouro a oferecer, parte do verdadeiro império do pai, Dimitry Mazepin, um dos donos da mineradora russa Uralkali. Com o dinheiro dos Mazepin, os problemas. Nikita traz muitos, o último deles já após ser anunciado. Lembram, não é? O novo piloto da Haas divulgou ele mesmo, nas próprias redes sociais, um vídeo onde cometia assédio.

“A Haas não tolera o comportamento de Nikita Mazepin no vídeo recentemente postado em sua rede social. Ainda, o fato de que a gravação foi colocada em seu perfil também é abominável para o time. A questão está sendo lidada internamente”, comentou a Haas.

Não fosse os muitos dólares que carrega consigo, teria sido demitido logo de cara. Mas não será assim. A longa lista de problemas continuará na F1.

De qualquer maneira, a ver qual o controle que a família Mazepin passará a ter no time de Gene Haas. O que se sabe, no entanto, é que precisará evoluir muito em 2021, o que é improvável, para evitar que Magnussen e Grosjean sejam inocentados. A dificuldade dos últimos dois anos de ambos foi mais consequência que causa.

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