Revés em Mônaco mostra que Mercedes W13 tem problemas, mas ainda vale investimento

As ruas de Mônaco se tornaram um pesadelo para a Mercedes, especialmente depois do melhor rendimento apresentado em Barcelona. As curvas de baixa velocidade foram um problema, mas não o único. Apesar disso, ainda é preciso dar quilometragem ao ‘novo’ W13

O fim de semana da Mercedes na Espanha abriu a possibilidade de um salto de desempenho na temporada 2022 da F1. Isso porque a equipe alemã promoveu uma série de atualizações no W13. A ideia foi tentar neutralizar o crônico porpoising para ser capaz de imprimir velocidade e se aproximar das duas ponteiras do campeonato. Os engenheiros trabalharam em várias frentes e conseguiram minimizar o efeito dos saltos, ao menos em reta, além de um gerenciamento melhor dos pneus. O carro ganhou novo assoalho, asas dianteiras e traseiras, soluções que aprimoraram a eficiência aerodinâmica. Só que, menos de uma semana depois, a esquadra se viu novamente em um retrocesso. Nas ruas do Principado de Mônaco, todo esse esforço pareceu em vão. Mas há uma razão e que explica em partes a decisão acertada do time em não abandonar o atual projeto – ao menos não por enquanto.

O caso é que já havia uma expectativa dentro das garagens prateadas de que o carro realmente sofreria um pouco mais em Monte Carlo. Essa questão, inclusive, foi observada na própria Catalunha. O terceiro setor por lá foi um problema. Quer dizer, a Mercedes encontra mais dificuldade de equilíbrio em curvas de baixa velocidade. E isso também torna os quiques mais acentuados. Então, não foi uma surpresa entender que esse contratempo voltou a assombrar os engenheiros em Mônaco.

O W13, uma vez mais, mostrou-se difícil. Os trechos de baixa velocidade acabaram sendo determinantes para a perda de rendimento em um circuito travado e sem uma reta propriamente dita. Também contribuiu o fato de que o asfalto estava terrivelmente ondulado. E não ajudou em nada a obrigatoriedade em reduzir a altura do solo, acompanhando o acerto da suspensão. “Aqui [Mônaco] foi o pior que senti até agora em relação aos quiques. Meus dentes, minha mandíbula estavam batendo o tempo todo, estou cansado de chacoalhar. O nosso [carro] é tão rígido que a suspensão acaba o levando de volta ao chão”, contou Lewis Hamilton após a corrida monegasca.

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Lewis Hamilton se queixou dos saltos constantes em Mônaco (Foto: Mercedes)

Ainda assim, a Mercedes se manteve como terceira força do grid. Mas os problemas em Mônaco afastaram a equipe dos líderes: George Russell foi o sexto na classificação, com um déficit de 0s7 para o pole Charles Leclerc, além de uma diferença menos de 0s3 para a McLaren de Lando Norris, o quinto. Hamilton largou duas posições atrás do colega, mas com uma desvantagem de quase 0s5 para o companheiro de equipe. Com relação à Ferrari, foi mais de 1s. E essa perda de rendimento foi amplificada na corrida, apesar das condições instáveis da prova no Principado, marcada pela intempérie, safety-car e bandeira vermelha.

“Acima de tudo, precisamos de mais downforce. As curvas lentas são o nosso ponto mais sensível. Estávamos bem na frente em Barcelona nas curvas rápidas e nas retas. Mas não podemos nos dar ao luxo de ter uma McLaren ou uma Alpine na nossa frente”, explicou Russell.

“Sem dúvida, temos muitos pontos positivos a serem tirados da corrida [Mônaco]. Acho que, de pneus duros, antes da segunda bandeira vermelha, nós éramos os mais rápidos da pista, e isso é bom”, completou.

Há sinais positivos, de fato. O ritmo de prova foi mais competitivo, além do próprio gerenciamento da borracha – nada que se compare aos líderes, mas, sim, dentro do segundo pelotão e diante das limitações da etapa monegasca. Foram situações também notadas na Espanha. No entanto, é justo dizer que ainda existem muitas perguntas sobre esse projeto da Mercedes que não puderam ser respondidas em Mônaco. “O problema é que podemos dizer: ‘Bem, esta é uma pista em que estamos um pouco melhor. Foi assim em Barcelona. Ou, há também pistas onde o carro está pior, como em Mônaco'”, afirmou o chefe Toto Wolff.

“Somos a terceira equipe. Não somos o segundo e não somos o quarto. Temos dois pilotos extremamente fortes, mas é um grande aborrecimento para todos nós essa diferença. Se você está olhando com otimismo, são cinco décimos [para Ferrari e Red Bull]. Se você está olha com pessimismo, são mais oito décimos. Para todos nós da Mercedes, isso não é aceitável”, disse o austríaco.

Chefe da Mercedes, Toto Wolff conversa com engenheiro James Vowles (Foto: Mercedes/Steve Etherington)

Portanto, o W13 precisa maturar e ser colocado a teste em circuitos de naturezas diferentes – uma vez que Monte Carlo é realmente um traçado muito singular. As próximas duas etapas serão valiosas nesse sentido. O circuito de Baku, no Azerbaijão, possui uma enorme reta e trechos rápidos, ainda que tenha curvas bem fechadas. Já o Canadá pode ajudar mais: é uma pista de média para alta velocidade.

“Estou ansioso por mais pistas abertas e estou rezando para que a próxima corrida não seja tão instável quanto aqui. Se for, podemos ter dificuldades nas curvas de baixa velocidade, mas veremos”, alertou o heptacampeão.

De toda a forma, a Mercedes parece estar no caminho para resolver uma de suas maiores equações. Quer dizer, já sabe como destravar a performance do W13 e quais são os pontos que precisam de atenção, dependendo do traçado e das condições. E isso já é um enorme passo. Wolff tem razão, ainda é cedo para descartar o atual projeto e o investimento vale a pena, não só pelo campeonato 2022, mas especialmente para 2023. “Se você quiser mudar o conceito, precisa entender o que fará um novo conceito ser mais rápido que o atual. Se soubéssemos, já teríamos trabalhado nessa direção [para este ano]”, falou o chefão da Mercedes ao site francês Motorsport-Total.

“No momento, ainda acredito no que nossa equipe nos diz, que é para continuar trazendo atualizações e entender melhor nosso carro. Sem isso, não faz sentido começar a trabalhar no W14”, seguiu.

“Num certo momento, se mesmo assim não conseguirmos diminuir a desvantagem, temos de tomar decisões para o ano que vem. Qualquer coisa que não possa ser modificada no carro atual, que seja da parte de arquitetura ou aerodinâmica e nos atrapalha, precisa ser revisada. Mas ainda não estamos neste ponto, porque nem tudo foi identificado”, concluiu o dirigente.

A Fórmula 1 volta às pistas neste fim de semana, com o GP do Azerbaijão, nas ruas de Baku. O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO e em TEMPO REAL.

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