Sem parceira Honda, Verstappen volta à estaca zero por sonho de título na Fórmula 1
Enquanto a Red Bull está na encruzilhada entre construir seu próprio motor ou voltar para os braços da antiga parceira, a Renault, Max Verstappen também tem pela frente nos próximos anos uma decisão que certamente vai influenciar nos rumos da sua carreira na Fórmula 1
Dois dias depois de ter completado 23 anos, Max Verstappen acordou na última sexta-feira (2) com a notícia da inesperada saída de cena da Honda como fornecedora de motores da Red Bull e da AlphaTauri ao fim de 2021 e do término do seu quarto ciclo na Fórmula 1. A decisão da fábrica de Sakura mexe diretamente com os anseios dos taurinos em fazer do holandês campeão mundial nos próximos anos, já que a montadora era vista pelo chefe, Christian Horner, como pilar fundamental para que a Red Bull pudesse bater a Mercedes na esteira da revolução prevista para 2022. Sem os japoneses, a confiança dá lugar à incerteza e, no caso de Verstappen, traz um ponto de interrogação do tamanho do Monte Fuji.
Antes de tudo, é preciso salientar a importância de Max para a Honda. Após longos anos sendo motivo de chacota na Fórmula 1, tendo como fundo do poço o episódio do ‘GP2 Engine’ protagonizado por Fernando Alonso no GP do Japão de 2016, a marca japonesa deu a volta por cima e se reconstruiu com resiliência e muito trabalho. E quatro anos e meio depois de voltar ao grid do Mundial, foi Verstappen quem resgatou a autoestima da Honda com a primeira das cinco vitórias logradas desde então (quatro com o holandês e uma com Pierre Gasly, de AlphaTauri, no inacreditável GP da Itália deste ano).
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Seis meses passados do primeiro triunfo da parceria Red Bull-Honda, com Verstappen no GP da Áustria de 2019, equipe e piloto anunciaram, nos primeiros dias de 2020, a renovação de contrato até 2023. Na ocasião do anúncio, Max ressaltou o quanto a fábrica nipônica era fundamental para assinar um vínculo de longa duração com os taurinos.
“A chegada da Honda e o progresso dos últimos 12 meses dão ainda mais motivação e crença de que podemos vencer juntos”, disse à época o dono do carro #33. “Respeito a maneira como a Red Bull e a Honda trabalham juntas e, todos os lados, todo mundo está fazendo o que pode para sermos bem sucedidos. Quero vencer com a Red Bull e a meta, claro, é lutar pelo título juntos”, completou.
Era com a Honda que Verstappen acreditava que seria possível bater a Mercedes e encerrar o reinado de Lewis Hamilton. Era com a Honda que Verstappen apostava todas as suas fichas para chegar ao Olimpo e finalmente ser campeão do mundo a partir de 2022. A decisão dos japoneses de bater em retirada representa um enorme revés nas pretensões do holandês, que agora volta à estaca zero.
Horner se apressou em dizer que não há cláusula que permita a Verstappen rescindir contrato em caso de mudança de fornecedor de motor. Ao mesmo tempo, nos bastidores, certamente o dirigente britânico tenta amansar a fera enquanto busca, ao lado de Helmut Marko e Dietrich Mateschitz, uma solução que dê mais segurança ao seu principal piloto em curto prazo.
“Não existe cláusula em seu contrato. Os contratos entre o piloto e a equipe são privados. Mas, definitivamente, não há cláusula relacionada ao motor no contrato de Max”, disse o chefe da Red Bull à emissora austríaca Servus TV.
Christian aproveitou para afagar o pupilo e entende que o holandês segue motivado na Red Bull para buscar seu grande objetivo: lutar pelo título. “Ele é competitivo, se sente muito à vontade com a equipe e acredita firmemente no programa Honda. No ano que vem, vamos dar mais um passo em frente. Ele está feliz, e ainda há um longo caminho a percorrer até 2022”, concluiu.
Mas está claro que o futuro de Verstappen passa por dois pontos fundamentais. O primeiro é sobre a decisão da Red Bull por uma nova fornecedora de motores, no caso, a Renault, ou, então, assumir a tecnologia ofertada pela Honda para construir as suas próprias unidades motrizes. Em um ano cheio de interrogações, com tudo novo e todas as possibilidades na mesa, Max precisa do melhor conjunto carro e motor para finalmente destronar a Mercedes e chegar lá.
O segundo ponto é a impaciência do piloto, que não esconde a aflição por ver o tempo passando enquanto o título não vem. Parece que foi ontem, mas desde que alcançou sua primeira vitória na F1, em maio de 2016, Verstappen assumiu a condição de futuro campeão do mundo. Condição que até então fica na promessa muito por conta dos anos de soberania da Mercedes e de Hamilton. As fichas estão todas depositadas em 2022, mas a luz do otimismo deu lugar à sombra da dúvida.
No fim das contas, a chave está mesmo em 2022. A Red Bull pode ser abençoada pelos céus e casar bem seu novo carro — desenhado pelo mago Adrian Newey — com um ótimo motor, seja ele da própria marca ou da Renault, e voltar ao topo da Fórmula 1. A própria categoria tem um exemplo não muito distante quando Ross Brawn, que comprou a equipe, veja só, da Honda, e encaixou naquele carro o motor Mercedes, surpreendeu o mundo do esporte e foi campeão do Mundial de Construtores e do Mundial de Pilotos, em 2009, com Jenson Button.
Mas se os taurinos continuarem a viver de parcas vitórias no começo desta nova era, dificilmente Verstappen vai aceitar assistir ao mesmo filme repetido dos últimos anos. E aí, certamente, a Red Bull ficará muito perto de perder a sua maior joia desde Sebastian Vettel.
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