‘Terra da oportunidade’, Azerbaijão deixa Ferrari reluzir. Mercedes e Red Bull que lutem

O Azerbaijão trata de chance. Não é segredo algum que a traiçoeira pista urbana reserva perigos e aproveitar as oportunidades é fundamental. Hoje, foi a vez da Ferrari. E de Lewis Hamilton. Ambos foram recompensados por uma ótima posição de largada. Mas a Red Bull segue viva, embora agora amargue o revés

Ter uma pista como a do Azerbaijão no calendário é a certeza de quase sempre presenciar dramas com consequências imprevisíveis. Isso porque o circuito formado pelas ruas de Baku é uma combinação única de velocidade e downforce, com pitadas de curvas bem ardilosas. Daí não é surpresa nenhuma acompanhar uma sucessão de bandeiras vermelhas e incidentes, asas quebradas e muitos reparos em um lugar que até possui áreas de escape, como um grande deboche aos pilotos. Portanto, todos esses elementos misturados ajudaram a criar um cenário de oportunidades neste sábado (8). E quem melhor aproveitou essa chance foi a Ferrari. Charles Leclerc mais do que todos – o jovem salta da pole neste domingo.

A verdade é que a classificação em Baku provou que, além de técnica e alguma sorte, é preciso também saber se antecipar ao caos numa Fórmula 1 cada vez mais equilibrada. Desde os treinos, estava claro que a direção de prova trabalharia com certa agitação neste fim de semana, então prever interrupções era fundamental. Esse foi o primeiro grande acerto dos italianos, que mandaram Leclerc e o colega Carlos Sainz à pista, especialmente na parte final da sessão, no momento correto, sem perder tempo. E mais importante, com caminho livre. Dessa forma, o tempo ficou assegurado – e foi fundamental na sequência, com a bandeira vermelha.

O monegasco ainda aproveitou do vácuo para cravar o melhor tempo do Q3 na primeira tentativa – a ‘carona’ veio de Lewis Hamilton, inclusive. Só que a performance ferrarista também se deve a uma melhora significativa da SF21. O carro vermelho é eficiente, traciona bem e possui uma admirável aderência mecânica. Outro ponto foi a configuração aerodinâmica: a Ferrari escolheu a velocidade e tirou asa. Mas talvez o maior trunfo dos homens de Maranello, e isso na comparação direta com a Mercedes, seja mesmo o melhor aquecimento de pneus. A equipe italiana não sofre e é capaz de atingir mais rapidamente a temperatura ideal.

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YUKI TSUNODA; CARLOS SAINZ; ACIDENTE; Q3; BAKU; AZERBAIJÃO;
Yuki Tsunoda e Carlos Sainz batem e provocam anticlímax em Baku (Foto: F1/Twitter)

A única questão que fica, e isso só será desvendado na tarde de domingo no Azerbaijão, tem a ver com o desempenho ao longo da corrida. A Ferrari não tem o mesmo ritmo de Red Bull e Mercedes, mas larga na frente com Leclerc e tem Sainz na quinta posição, em um circuito que permite a ultrapassagem. A estratégia e a sobrevivência às eventuais paralisações vão colocar todos na escuderia à prova. Só que isso também abre uma nova janela de oportunidades. E o time de Mattia Binotto parece muito atento e preparado para isso. Não dá para descartar a chance de triunfo.

“Estou muito feliz com o desempenho que tivemos durante todo o fim de semana. Ficamos bastante surpresos. Definitivamente, não esperávamos esse tipo de performance. Acho que vai ser difícil manter esses dois (Hamilton e Max Verstappen) atrás amanhã”, confessou Charles.

“No TL2 ontem, não éramos tão fortes quanto a Red Bull ou a Mercedes, então precisamos continuar trabalhando e pressionando para amanhã, mas não será uma corrida fácil.”

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Leclerc tem razão em se preocupar. A Mercedes obteve uma pequena vitória neste sábado, depois de uma sexta-feira em que terminou o dia dizendo que havia “algo fundamentalmente errado” com o W12. O carro preto tem dificuldades para aquecer os pneus, por isso Hamilton e Valtteri Bottas precisam de mais voltas para conseguir a temperatura correta. A performance em uma única volta era uma questão para o grupo comandado por Toto Wolff. E essa é uma das razões pelas quais os engenheiros decidiram por um acerto diferente para os dois carros.

Enquanto Bottas foi à pista com um carro com maior pressão aerodinâmica, numa tentativa de obter mais desempenho no seletivo setor 2 do circuito azeri, o heptacampeão tem uma configuração de pouco downforce, para ganhar velocidade nos trechos mais rápidos da pista. Inclusive, coube ao finlandês ‘puxar’ o companheiro de equipe. Essa tática, na verdade, garantiu o segundo tempo ao inglês na classificação. A ideia era melhorar na segunda tentativa do Q3, mas a bandeira vermelha final, no acidente de Yuki Tsunoda, anulou qualquer investida nesse sentido. Bom para Lewis, que sai numa primeira fila inesperada, mas fruto do fato de ter tirado proveito do melhor momento na pista. Ruim para Bottas, que larga mais atrás.

Lewis Hamilton largará em segundo no GP do Azerbaijão (Foto: Mercedes)

“Basicamente, chegamos aqui e os primeiros treinos foram praticamente um desastre. Fizemos algumas mudanças durante a noite que não corrigiram o problema de hoje. Então, tentamos algumas coisas diferentes na terceira sessão, mas foi só no fim da classificação que desbloqueamos um pouco o nosso potencial e conseguimos fazer os pneus funcionarem. Entendemos que precisamos de mais voltas e foi o que aconteceu”, explicou Hamilton.

“De novo, um pouco antes da sessão, dez minutos, um pouco antes, ainda estávamos fazendo pequenas mudanças e apenas tínhamos de encontrar uma solução e ir em frente. É uma sensação incrível. Acho que temos o equilíbrio certo com a asa. Temos a asa perfeita? Tenho certeza de que você sempre pode dizer que poderia ter um equilíbrio um pouco melhor, mas funcionou hoje. Acho que, em ritmo de corrida, não somos tão rápidos quanto os carros da Red Bull, mas estávamos ali, então amanhã devemos estar perto desses caras, espero”, completou o britânico, que vê se abrir uma chance para golpear o adversário.

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Só que, de fato, os taurinos têm uma performance mais consistente em desempenho de prova. A sexta-feira mostrou que Max Verstappen e Sergio Pérez têm menos problemas de desgaste e um ritmo que é melhor que os rivais. O holandês parte em terceiro e amaldiçoou a bandeira vermelha final, principalmente. O incidente tirou a chance de Max de tentar a pole. É bem verdade que a primeira tentativa de tempo foi desperdiçada – o líder do campeonato não conseguiu aproveitar o vácuo do colega Pérez. Depois, não houve tempo. Pela segunda vez na temporada, um acidente no fim tirou Verstappen do páreo.

“Eu estava muito confiante de que definitivamente poderíamos lutar pela pole”, reconheceu o piloto do carro #33. “Só que as bandeiras vermelhas não facilitaram a vida de ninguém. Mas a volta em si foi, na verdade, muito decente. Basicamente, eu também gostaria de um vácuo até a linha de chegada. Foi um pouco lento, mas as coisas são o que são”, acrescentou.

Max Verstappen não conseguiu anotar a pole-position nas ruas de Baku. Holandês larga na terceira posição (Foto: Red Bull Pool Content/ Getty Images)

“De toda a forma, acho que temos um bom carro para corrida e por aqui se trata muito de pneus, de gerenciar e outras coisas. Estamos bem deste ponto de vista, então estou ansioso para amanhã. Espero ter uma largada limpa e ver o que acontece a partir daí”, emendou o holandês.

Diante das forças e fraquezas dos principais envolvidos na luta pela vitória, parte do GP do Azerbaijão será definido pela estratégia – a Pirelli fala em uma única parada -, porém, dadas as circunstâncias, também é muito provável que se torne uma corrida de sobrevivência. Além do cuidado com os pneus, será preciso um bom senso de oportunidade.

Os três largam na mesma tática e iniciam a corrida em cima dos pneus macios vermelhos. “Esta certamente foi uma das sessões de classificação mais agitadas e imprevisíveis de que nos lembramos. A maioria dos pilotos usou o pneu macio ao longo da definição do grid, já que, com margens tão próximas em uma volta tão longa, era a opção mais segura para ter certeza de passar de fase: especialmente com o grande risco de interrupções. Isso significa que todos os dez primeiros vão iniciar a corrida com o composto macio amanhã, o que provavelmente leva para uma estratégia de um pit-stop, macio-duro: também porque esperamos altas temperaturas da pista novamente para a prova e, como a classificação mostrou, tudo pode acontecer”, explicou o chefe da Pirelli, Mario Isola.

As cartas estão na mesa.

A largada da corrida, sexta etapa da temporada 2021 da Fórmula 1, está marcada para 9h (de Brasília) deste domingo. O GP segue tudo AO VIVO e em TEMPO REAL.

Leclerc surpreende e é pole: assista aos melhores momentos da classificação da F1 no Azerbaijão (GRANDE PRÊMIO com Reuters)
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