Verstappen lidera dia, mas ordem de forças é inconclusiva em Spa de condições mistas
Max Verstappen cravou o melhor tempo desta sexta-feira (27) em Spa-Francorchamps, mas o clima instável torna a análise das performances mais complexa. Até aqui, Red Bull e Mercedes apostam em configurações opostas para a etapa belga, que marca o retorno da temporada da Fórmula 1
Como é tradição, a Fórmula 1 retomou as atividades para a segunda parte da temporada no majestoso circuito de Spa-Francorchamps. Rápido e manhoso, o traçado belga exige do acerto, porque, apesar dos trechos de alta velocidade, é importante também pensar no equilíbrio aerodinâmico e na aderência mecânica nos setores de freadas fortes e curvas fechadas. Portanto, é um ajuste delicado para a maior pista do calendário. Além disso, as condições do tempo representam um desafio extra e, nesta sexta-feira (27), o clima desempenhou um papel fundamental para a análise do desempenho das equipes, mas, principalmente, daqueles envolvidos na disputa do título. Até o momento, o cenário é inclusivo e ainda não é possível apontar favoritos claros para o fim de semana do GP da Bélgica, apesar da liderança inicial de Max Verstappen.
Isso porque as duas sessões de treinos foram marcadas por uma chuva intermitente, que forçou pilotos e equipes a usarem pneus intermediários no início de ambas as atividades. O asfalto refletiu essas condições e tornou mais difícil entender o comportamento dos compostos escolhidos pela Pirelli para a etapa em Spa. De todo o modo, as primeiras simulações revelaram que há uma diferença de 0s5 entre os macios (C4) e os médios (C3). E aproximadamente 0s6 entre o amarelo e o duro (C2), de acordo com a fornecedora de pneus.
Acontece que todo esse trabalho pode ser em vão. A previsão do tempo aponta uma enorme chance de chuva para a classificação de sábado e a corrida de domingo, e isso vai obrigar os engenheiros a uma decisão quanto ao acerto do carro em um circuito também manhoso e pouco previsível. Lewis Hamilton foi quem primeiro falou sobre isso: “Todo mundo continua nos dizendo coisas diferentes [sobre o clima]. Se chover, precisaremos de mais downforce. Mas, se não chover, seremos um alvo fácil nas retas”.
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A explicação para a preocupação do britânico está no fato de que os dois postulantes ao título optaram por configurações bem diferentes para esse fim de semana. A Mercedes preferiu um ajuste com maior downforce, ao menos no carro de Hamilton, enquanto a Red Bull foi pelo caminho oposto, com Max. Só que o que acha atenção aqui é que o desempenho em termos de tempo de volta não foi tão distinto, o que só serve para embaralhar qualquer previsão. Mas há um elemento: o motor. De acordo com Helmut Marko, ainda há o que tirar em termos de potência, uma vez que a Red Bull não utilizou a configuração máxima nos treinos. E Verstappen já está no terceiro motor.
Ainda assim, a diferença entre Verstappen, líder do TL2, e Hamilton, terceiro, foi apenas 0s072 com pista seca. Mas há uma ressalva: foi interessante perceber que Lewis e Valtteri não foram capazes de superar a marca de Max na parte final do segundo treino, mesmo andando com pneus macios – os carros pretos parecem enfrentar alguma dificuldade no aquecimento correto dos pneus. Mesmo após a batida que tirou o holandês nos minutos finais, a dupla da equipe alemã teve mesmo de se contentar com as posições complementares.
Então, o dia foi agitado. O heptacampeão passou grande parte da primeira sessão testando os ajustes de asa. A opção foi por um acerto de maior pressão aerodinâmica, tentando um equilíbrio maior em curvas, mas também pensando na possibilidade de chuva. Daí a decisão da Mercedes de revisar esse ajuste no treino da tarde. Bottas andou com menos asa, como forma de tentar neutralizar o impacto da perda de posições no grid – punição pelo acidente na Hungria. “É um circuito extremamente desafiador e estamos tentando encontrar equilíbrio. Esta manhã fomos por um caminho [com o acerto], mudamos para o TL2 e aconteceu a mesma coisa. Fui mais rápido em um setor e mais lento no meio. Por isso, tentar encontrar o equilíbrio é complicado”, disse Lewis.
“Por isso, temos de ser muito, muito cautelosos com relação às mudanças e o acerto, porque isso terá um grande efeito no resultado aqui”, completou.
A equipe austríaca, por sua vez, levou para a Bélgica um conceito que já havia testado em provas anteriores – nos treinos do Azerbaijão. Quer dizer, o RB16B de Verstappen ganhou uma asa traseira mais extrema, com o objetivo de voar nos trechos mais rápidos de Spa-Francorchamps: setores 1 e 3. Só que a questão toda aí, de fato, é a chance de chuva para o restante da etapa, por isso Sergio Pérez foi chamado a andar com maior carga aerodinâmica.
“É claro que mudamos algumas coisas de ajuste do carro do TL1 para TL2, mas no geral estamos muito felizes. Acho definitivamente é um começo muito positivo. Também não mudei nada em termos de configuração de asa, fiquei satisfeito com o que tinha. Mas é claro que vamos ter de levar algumas coisas em consideração com relação ao clima”, explicou o holandês, que, apesar do acidente, terminou o dia com o melhor tempo em 1min44s472.
O revés sofrido por Verstappen aconteceu logo depois do início da simulação de classificação. O piloto escapou na saída da Malmedy, que gerou um choque com a barreira de proteção. Nada muito preocupante, porém.
De toda a forma, a F1 encerra essa sexta-feira ainda procurando respostas para o tempo e para o acerto correto. “A pista permaneceu complicada durante todo o dia e os pilotos tiveram de brigar por tempos de voltas consistentes nessas condições mistas. Portanto, é muito difícil ter uma ideia do real desempenho no momento”, avaliou Mario Isola, chefão da Pirelli.
A Fórmula 1 retoma os trabalhos de pista neste sábado com o treino livre 3, a partir de 7h (de Brasília), enquanto a classificação está marcada para 10h. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades de pista do GP da Bélgica AO VIVO e em TEMPO REAL. Siga tudo aqui.
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