Vettel supera acidente com Senna, estratégia e chuva para conquistar tri da F1. Button vence no Brasil

Sebastian Vettel conquistou o tricampeonato da F1 em uma corrida caótica em Interlagos. O piloto alemão terminou em sexto e garantiu matematicamente o título, já que Fernando Alonso foi apenas o segundo

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Juan Manuel Fangio, Michael Schumacher e agora Sebastian Vettel. A F1 tem um novo tricampeão consecutivo. Com a sexta posição, o alemão da Red Bull garantiu o título da temporada 2012 da principal categoria do automobilismo  mundial, mesmo com Fernando Alonso terminando o GP do Brasil em segundo, neste domingo (25). A vitória ficou co Jenson Button, que venceu sem maiores problemas.

Na terra de Senna e Piquet, Vettel carimbou seu passaporte no rol dos tricampeões da F1 (Foto: Red Bull/Getty Images)

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Embora agora esteja comemorando a conquista, Vettel quase colocou tudo a perder logo no começo. O piloto da Red Bull largou muito mal e perdeu uma série de posições. Depois, na hora de tangenciar a curva do Lago, acabou freando forte demais, fritando os pneus, o que assustou Bruno Senna. Assim, o contato entre os dois foi inevitável.

O brasileiro abandonou na hora, assim como Sergio Pérez, que acabou coletado no acidente. Para sorte do germânico, mesmo com uma rachadura entre o assoalho e o escapamento, ele pôde seguir em frente, rumo ao tricampeonato.

No final da prova, Button já detinha uma vantagem de cerca de 20s para Alonso, mas a vitória ficou garantida duas voltas antes do fim. No penúltimo giro, Paul Di Resta bateu na curva do Café, chamando o safety-car, o que garantiu o triunfo do inglês.

A segunda colocação em Interlagos ficou com Fernando Alonso, enquanto Felipe Massa foi o terceiro. O brasileiro, por sua vez, fez uma boa corrida e mesmo com todos os problemas por causa da instabilidade conseguiu se manter competitivo. Felipe foi bastante agressivo durante toda a prova, fazendo uma série de ultrapassagens e servindo como escudeiro de Fernando Alonso durante quase toda a disputa.

Mark Webber encerrou em quarto, seguido por Nico Hülkenberg. O piloto da Force India, aliás, foi o grande destaque da corrida. Mestre em Interlagos, o piloto optou por não parar no início, permanecendo com pneus para pista seca. Assim, se aproveitando do bom motor Mercedes, o germânico logo se mostrou o piloto mais rápido na pista, assumindo a liderança depois de ultrapassar Jenson Button, na volta 18.

Em um determinado momento, o germânico chegou a ter uma vantagem de 45s para o terceiro colocado. No entanto, um safety-car acabou com toda a diferença, obrigando o germânico a ir aos boxes. Mesmo assim, ele conseguiu manter a liderança no recomeço. O piloto ficou na ponta até a volta 49, quando escorregou no Laranjinha – ao melhor estilo drift  –, permitindo a ultrapassagem de Hamilton.

Depois, os dois voltaram a se encontrar na pista. Hulk foi tentar retomar a ponta da prova no S do Senna. O alemão, entretanto, incorporou o super-herói verde e resolveu esmagar o adversário. O piloto escorregou na pista e acabou tirando o adversário da prova em um acidente que quase resultou no abandono de ambos. Apesar disso, Hülk voltou à pista em segundo e começava a tirar a diferença para Button, quando foi  penalizado por ter causado o acidente inicial.

Sebastian Vettel terminou em sexto, garantindo o tricampeonato. O grupo dos dez primeiros ainda teve Michael Schumacher, Jean-Éric Vergne, Kamui Kobayashi e Kimi Räikkönen completaram o grupo dos dez primeiros. O finlandês, por fim, viveu um momento de volta ao Mundial de Rali, quando escapou no miolo da pista e, depois de andar pelo traçado antigo de Interlagos, precisou literalmente escalar um morro para retornar à prova.

Hamilton manteve a ponta da corrida na largada em Interlagos (Foto: Red Bull/Getty Images)

Saiba como foi o GP do Brasil de F1

Um ambiente de muita tensão cercou os instantes que antecederam o GP do Brasil. Além da própria decisão do título entre Alonso em Hamilton, a chuva estava rodeando a região do autódromo de Interlagos. Prenúncio de uma corrida épica e dramática no último ato da F1 em 2012, ganhando contornos semelhantes a 2008.

Assim que as luzes vermelhas se apagaram em Interlagos, Hamilton pulou na ponta, mantendo a posição conquistada no sábado. Massa fez uma largada fantástica, pulando para a segunda colocação. Button era seguido por Webber e Alonso, outro que fez uma excepcional largada, bem diferente do seu oponente na luta do título, Vettel, que perdeu muitas posições nas primeiras curvas, caindo para sétimo.

Mas o pior para o alemão viria na Descida do Lago, um dos trechos mais úmidos em Interlagos, onde Kimi Räikkönen passou reto. O piloto da Red Bull foi tocado pela Williams de Bruno Senna e rodou, ficando na contramão de todo mundo naquele trecho. Vettel deu muita sorte e por pouco não foi acertado por outro carro, mas caiu para 22º e, naquela ocasião, último, porque Senna e Sergio Pérez, que também trombou na Williams de Bruno, também deixou a corrida, numa melancólica despedida da Sauber.

Neste momento, Alonso era o quinto colocado, atrás de Hamilton, o líder, Button, que superou Massa, e Webber, que também passou o brasileiro. Fernando conseguiu ultrapassar os dois e trouxe consigo seu companheiro de equipe, que passou a atuar como escudeiro, principalmente de Webber.

Vettel e seu momento de maior tensão em toda prova: abalroado por Senna na volta 1 (Foto: Red Bull/Getty Images)

Vettel deu início a mais uma corrida de recuperação, a exemplo do que aconteceu no GP de Abu Dhabi, mas tinha contra si um Alonso motivado e acreditando cada vez mais que sim, o título era muito possível em Interlagos. E para embaralhar ainda mais as cartas de uma decisão pra lá de imprevisível, a chuva finalmente deu suas caras no circuito, obrigando os pilotos a fazerem suas respectivas paradas.

Hamilton, então, teve dificuldade para manter seu bom ritmo e foi ultrapassado por Button. Só quem estava com grande ritmo e aparecia como o destaque da corrida era Nico Hülkenberg, que começou a crescer na corrida e a ganhar muitas posições, aparecendo em terceiro, logo atrás dos pilotos da McLaren. Alonso vinha em quarto, seguido por Massa.

Com a intensidade da chuva em Interlagos, praticamente todos os pilotos fizeram suas paradas para colocar pneus intermediários. Apenas dois optaram por seguir com os slicks: Button e Hülkenberg. Tudo mudou em Interlagos, e aí Vettel voltou a estar em condições de ganhar o título depois de ver tudo quase ir pelos ares.

Mas o asfalto de Interlagos secou relativamente rápido, o que se converteu em uma vantagem incrível para Button e Hülkenberg. Tudo porque os outros pilotos tiveram de voltar para novamente colocar pneus slicks, já que a diferença de rendimento era absurdamente grande.

Hülkenberg fazia mesmo uma corrida soberba em Interlagos e, andando bem mais rápido que Button, fez sua ultrapassagem sobre o britânico e assumiu, de maneira incrível, a liderança da prova na pista onde conquistou a pole-position em 2010, ainda pela Williams. A diferença de Nico e Button para o terceiro lugar, Hamilton, era de 47s8. Ter assumido o risco de andar com pneus slicks com a pista úmida acabou valendo a pena, mas só por alguns instantes.

O outro Nico, Rosberg, vinha discreto, apenas. E para piorar este fim de temporada, o alemão estava todo errado e teve o pneu traseiro direito furado, espalhando detritos do seu W03 na pista. A direção de prova acionou o safety-car, mudando novamente a ordem da corrida. Hülkenberg e Button ‘dançaram’, já que perderam toda a enorme vantagem que tinham, mas muitos outros pilotos passaram a nutrir esperanças de vitória no chove-para de São Paulo.

Sob bandeira amarela, a corrida tinha Hülkenberg na liderança, seguido por Button, Hamilton, Alonso e Vettel. Massa era o 11º colocado, quatro posições à frente de Michael Schumacher. Incrivelmente, durante o safety-car, na 27ª, a chuva voltou a apertar em Interlagos, algo percebido por Alonso na Descida do Lago.

Hülkenberg pintou como o grande nome da corrida em SP, mas errou e perdeu a chance de vencer (Foto: Red Bull/Getty Images)

O safety-car só deixou a pista e voltou para os boxes na abertura da 29ª volta. Hülkenberg se manteve tranquilo na ponta, seguido por Hamilton e Button. Alonso era o quarto colocado. Webber, Vettel e Kobayashi ficaram lado a lado antes do S do Senna e levou a melhor sobre a dupla taurina. Webber, para não bater no bicampeão, passou reto no trecho, enquanto Vettel seguiu, mas atrás do japonês.

A corrida era incrível, épica, mesmo. Hülkenberg cada vez mais se firmava na ponta da corrida, abrindo boa vantagem — 2s6 — para Hamilton, que conseguiu ultrapassar Button, mas tinha ritmo bem inferior ao do surpreendente alemão da Force India. Alonso era o quarto colocado, à frente de Kobayashi e de Massa, que também conseguiu ultrapassar um Vettel conservador, que lutava para garantir o tricampeonato. Mas ainda faltava muita corrida: 35 voltas para o fim.

A corrida se estabilizou um pouco depois que a chuva cessou, ao menos, momentaneamente. Havia um trilho seco na pista, e isso facilitava muito as coisas. Mas muita gente ainda sofria com o asfalto úmido, como Webber, que rodou na subida da junção, mas conseguiu voltar para a prova. Lá na frente, Hülkenberg continuava na frente, com 1s2 de vantagem para Hamilton. Alonso era o quarto e Vettel, o sétimo.

Aí Hülkenberg foi traído pela pista úmida. O alemão errou na saída do Laranjinha e perdeu a chance de brigar pela vitória, ao menos naquele momento. Hamilton assumiu a liderança na volta 49, ficando muito perto de fechar sua gloriosa carreira na McLaren com mais uma vitória, que seria a 22ª. Button seguia em terceiro, 2s7 atrás de Hülkenberg. Até que a chuva apertou de novo em Interlagos.

Quem nada tinha a perder preferiu arriscar e colocar novamente os pneus intermediários, como Rosberg, Daniel Ricciardo e Narain Karthileyan. Vettel também foi aos boxes, mas colocou novamente os compostos macios, caindo para décimo. Alonso seguia na pista, em quarto. Só que tudo mudou e, mais uma vez, a sorte parecia sorrir para o espanhol

Com o asfalto cada vez mais molhado, Hülkenberg vinha bem mais rápido que Lewis e tentou ultrapassá-lo na volta 54, com um carro da Caterham próximo. Mas o alemão se atrapalhou com a pista molhada, perdeu a traseira e acertou a suspensão dianteira direita do carro de Hamilton, acabando com sua prova. Chegava ao fim a trajetória do azarado Hamilton na McLaren, que foi abraçado e aplaudido por todos na equipe após sua chegada aos boxes.

Button assumiu a ponta, mas Hülkenberg conseguiu permanecer em segundo. Massa, em uma grande corrida, era o terceiro, logo à frente de Alonso, e não hesitaria em ceder sua posição para o companheiro de equipe, que vinha 5s8 atrás. Os pilotos da Ferrari ganharam uma posição com a parada de Hülkenberg, que finalmente colocou os pneus intermediários na 58ª volta. Vettel, por sua vez, vinha em sétimo.

Faltando dez voltas para o fim de uma corrida histórica, a chuva apertava de vez em Interlagos, tornando o desfecho do GP do Brasil cada vez mais imprevisível. Button liderava soberano, e Massa era o segundo. Segundo que virou terceiro, depois de ser ultrapassado por Alonso na reta dos boxes, repetindo 2007, quando ajudou Kimi a conquistar o título, também no Brasil. Fernando, então, ficava a apenas um ponto de Vettel, que estava em sétimo, 2s à frente de Kobayashi. Mas, em seguida, o alemão ganhou uma posição com o pit-stop do piloto da Sauber.

Button fechou a temporada do jeito que começou: vencendo (Foto: McLaren)

A chuva era tão intensa em alguns pontos que tudo, absolutamente tudo poderia acontecer. Só que Alonso e Vettel não costumam cometer erros. Ainda mais em uma situação tão extrema e caótica, ambos adotaram uma condução muito conservadora. Quem errava era Kobayashi. No seu adeus à Sauber, Kobayashi forçou uma ultrapassagem para cima de Schumacher na Descida do Lago e rodou.

E quem errou também foi Paul di Resta. Na curva do Café, o escocês rodou e bateu forte. A direção de prova acionou o safety-car, o que, na prática, acabou com as parcas chances de Alonso. Button cruzou lentamente a linha de chegada, com Alonso em segundo e Felipe Massa chegando ao pódio pela segunda vez em 2012. Brigador, o espanhol ficou muito perto do título, mas sucumbiu diante de uma equipe mais eficiente ao longo da temporada. No Brasil, Sebastian Vettel se tornou o tricampeão mais jovem da história da F1.

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