Williams sai de férias em contagem regressiva para voltar a ter direito de sonhar na F1
Por mais que a Williams traga alguma novidade depois das férias, dificilmente o cenário de 2024 mudará. Resta, portanto, esperar a chegada de Carlos Sainz para ao menos tentar recuperar a glória cada vez mais distante da realidade
Se há uma equipe hoje no grid da Fórmula 1 que só quer o fim do GP de Abu Dhabi, lá em 8 de dezembro, essa é a Williams. Até houve no ano passado momentos otimistas, principalmente do GP do Canadá em diante — coincidentemente depois que o mundo contemplou com os próprios olhos a materialização do termo ‘obsoleto’ através da descoberta do famigerado assoalho —, mas a realidade voltou a bater sem dó na esquadra capitaneada por James Vowles, lembrando que não se tira um atraso de 20 anos do dia para a noite.
Os tempos são outros, e há tempos! A Williams de hoje vive da glória de um passado cada vez mais distante e com o qual ela mesma não possui mais nenhuma ligação. Na temporada 2024, só tem mais pontos que a Sauber — que não tem ponto nenhum, diga-se —, e parece sem forças para fazer cócegas até mesmo em uma Alpine outrora em ruínas. Dificilmente fechará o campeonato em uma posição melhor, e os problemas que trazem essa certeza já são velhos conhecidos de todos.
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De bom mesmo, Alexander Albon, só que nem o tailandês está conseguindo tirar leite de pedra este ano. O FW46 continua sendo um carro refém de milagres ou de pistas de alta, mas ainda muito longe do progresso almejado por Vowles e também por Albon, pelo contrário. E mesmo que as prometidas atualizações pós-férias surtam o efeito desejado, o que se verá é uma Williams somente buscando a zona de pontos com mais regularidade.
Já é uma vitória se isso acontecer, por sinal, não ficar mais à mercê de circunstâncias, e é urgente que as novidades funcionem, pois não há muito de onde se esperar considerando as pistas que ainda faltam. Monza e Las Vegas, por exemplo, podem ser locais favoráveis ao carro azul, assim como Baku e sua longa reta, mas é pouco levando em conta que somente um piloto hoje é capaz de apresentar algum desempenho.
Agora, que fique claro que, lado técnico à parte, Grove também paga o preço da insistência em Logan Sargeant. Desde a decisão de mantê-lo, o time veio para 2024 ciente de que seria mais uma batalha ingrata e desigual nas costas de Albon, portanto há de se dizer que os 4 pontos no Mundial de Construtores são bastante realistas com o que a Williams conseguiu entregar nas mãos de um único competidor.
Não tem jeito: Sargeant definitivamente foi uma das escolhas mais equivocadas dos últimos anos da F1. Ano passado, havia certo benefício da dúvida pela estreia, mas já era nítida a subida precoce da Fórmula 2 para o degrau final. Claro, não sejamos de todo injustos, pois houve idas esporádicas ao Q2, além do fato de ter largado à frente de Sergio Pérez em algumas ocasiões — aqui por total demérito do mexicano. Só que a presença do #2 ali é basicamente uma súplica a todos os credos para que, no mínimo, não haja tantos prejuízos financeiros em escapadas, rodadas e incidentes.
O martírio, todavia, tem data para terminar, ao menos é o que se imagina, e ainda é surpreendente ter sido a Williams a ficar com Carlos Sainz. Independentemente dos desdobramentos nas demais rivais, chamou muita atenção a ousadia de Vowles de pôr em prática o velho bordão ‘o não você já tem’ e colocar diante do atual piloto da Ferrari proposta para 2025.
Ora, e o que se teria a perder naquele momento? James muito bem frisou que seria tolice não ir atrás do espanhol, assim como também foi atrás de Adrian Newey — esse, sim, capaz de operar um milagre bíblico em Grove caso tivesse aceitado tal oferta. E a contratação de Sainz, de certa forma, simboliza esse recomeço que a Williams tanto busca desde a chegada do ex-Mercedes ao comando.
É um projeto, aliás, que realmente exige muito mais fé do que qualquer outro do grid, e isso porque se trata de algo a médio e longo prazo. Só que o palpite é que os ingleses podem, sim, viver um renascimento tal qual a McLaren, que, pouco a pouco, colocou-se em pé de igualdade contra a Red Bull a ponto de ameaçar o sétimo título de Construtores da rival taurina.
Claro que ninguém espera o mesmo em 2025 com a Williams, muito menos os que lá estão. Estes, inclusive, têm total conhecimento do quanto de trabalho ainda precisa ser feito até que tal cenário se torne realidade. Há, contudo, a esperança de que, ao final de 2024, Grove enfim possa voltar a sonhar na Fórmula 1.
A Fórmula 1 voltará às pistas após as férias de verão entre os dias 23 e 25 de agosto para o GP dos Países Baixos, em Zandvoort.
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