F2 tem duelo justo entre Pourchaire e Vesti, mas encerra 2023 menor pelo que se esperava

Não dá para dizer que a disputa entre Théo Pourchaire e Frederik Vesti pelo título da F2 2023 foi injusta, mas foi um campeonato menor que 2022 pelo que se esperava dele

A Fórmula 2 viu Théo Pourchaire sair coroado de Abu Dhabi, numa decisão de título que ficou para a última corrida da última rodada. O francês acabou fazendo valer a vantagem construída graças à regularidade ímpar, mas o que poderia ter sido um duelo simplesmente tático — e que, de fato, teve os postulantes ao título escolhendo estratégias diferentes — trouxe um ferrenho embate entre ambos nas voltas finais. Um surpreendente encontro que não só valeu o ingresso como justificou na prática por que 2023 ficou entre os dois.

Foi uma temporada, aliás, cercada de expectativas e que prometia ser das mais equilibradas. De um lado, a talentosa safra da Fórmula 3 2022, que viu nada menos que sete pilotos chegarem à final com chances de título. Puxados por Victor Martins, Zane Maloney e companhia, os novatos estavam dispostos a incomodar bastante. Na outra ponta da corda, porém, o time também era forte: Jack Doohan, cotado até pela Alpine para a F1, além de Enzo Fittipaldi, na academia da Red Bull, e o próprio Pourchaire, pronto para exorcizar a perda anterior para Felipe Drugovich.

Prometia, pois, só que ficou devendo. Martins, por exemplo, realmente é o tipo de piloto que impressiona pelo velocidade, mas extrapolou nos erros. Maloney esbarrou no complicado carro da Carlin e também pagou em alguns momentos pela inexperiência. Oliver Bearman até deu um belo aperitivo do talento em Baku, mas a maturação ainda virá. E Isack Hadjar foi um total coadjuvante, frustrando até a Red Bull, por mais preferido de Helmut Marko que seja.

Contudo, não dá para dizer que foi uma disputa injusta. O título da temporada 2023 da Fórmula 2 ficou entre aquele que mais vezes venceu no ano (seis) e o que mais pódios acumulou (dez). Claro que Vesti só chegou em desvantagem por conta dos erros tanto dele quanto da Prema, só que o dinamarquês foi valente até a última volta. Até praticamente a última curva. Após vencer a sprint e assinalar o tento da volta mais rápida, foi em busca de ao menos ser terceiro. Era a chance mínima nas combinações, e ele conseguiu. Não foi suficiente, mas o fez deixar a pista “orgulhoso” do próprio desempenho.

Théo Pourchaire celebra com a ART conquista do título de pilotos e equipes da F2 2023 (Foto: F2)

Quanto a Pourchaire, foram os erros de 2022 que tiveram de ser deixados para trás. ‘De grão em grão’, obrigou o rival a ter de se virar para descontar 25 pontos em apenas 39 possíveis. Vencer, no final das contas, foi a parte mais fácil para Vesti. Difícil mesmo seria ver Théo ficar fora da zona de pontuação, por mais que estivesse largando apenas em 14º nas duas corridas.

Yas Marina está longe de ser uma pista digna de qualquer final de uma categoria de fórmula. Mesmo assim, quis o destino que uma das melhores disputas de corrida, senão a melhor, fosse nos Emirados Árabes. Nem Vesti esperava se encontrar com Pourchaire numa briga por posição por conta dos lugares de grid. Só que as táticas distintas fizeram com que o dinamarquês retornasse do pit-stop obrigatório imediatamente atrás do futuro algoz.

Na volta 25, o piloto da Prema mergulhou por dentro para passar de uma só fez Pourchaire e Kush Maini, que estava logo à frente fazendo apenas o dele. De olho somente em Théo, Vesti fez a ultrapassagem, mas o representante da ART não desgrudou, dando o bote na curva seguinte. Chegaram a dividir vários trechos da pista, enquanto a Prema bradava pelo rádio: “Vamos lá, nada a perder, confiança!”

Vesti sai de Abu Dhabi enorme, mesmo com a derrota final. Se fosse o campeão, seria ainda mais injusto não ter o nome em nenhum momento cotado para o grid da temporada 2024 da Fórmula 1. A Williams ainda insiste no suspense quanto ao futuro de Logan Sargeant, mas com um Drugovich ainda solto, é difícil acreditar que o integrante da academia da Mercedes ou mesmo o campeão Pourchaire seriam os primeiros da fila.

Pourchaire também merece dar sequência em sua carreira de forma digna. Talvez possa se dizer que mesmo consistente, não teve performances de encher os olhos em 2023. Mas Abu Dhabi também comprovou que o francês é destemido e sabe ser combativo quando necessário — características, aliás, que andam em falta em muitos pilotos que estão Fórmula 1 e simplesmente preferem aceitar derrotas iminentes sem mesmo lutar.

Em suma, 2023 trouxe um bom campeonato de Fórmula 2. Não menor que 2022, mas talvez menor pelo que se esperava dele próprio. E é por essa razão que as expectativas para o ano que vem já devem ser freadas, mesmo com Gabriel Bortoleto e Andrea Kimi Antonelli vindo por aí.

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