Drugovich tem caminho tortuoso rumo à F1 mesmo se brigar pelo título da F2 em 2021

Felipe Drugovich abriu a temporada 2021 como a grande esperança do Brasil para conquistar um título importante nas categorias de base e dar o passo definitivo rumo à F1. Entretanto, mesmo que levante a taça, o caminho rumo ao Mundial se desenha muito complicado e até injusto

Assista aos melhores momentos do GP da Emília-Romanha de F1 (Vídeo: GRANDE PRÊMIO com Reuters)

A Fórmula 2 quebra um hiato de quase um mês sem atividades neste fim de semana. Barcelona, que também é o palco de testes intertemporada da Fórmula 3, vai receber três dias de sessão da principal categoria de acesso à F1 entre sexta-feira e domingo. Entre os pilotos em ação no circuito catalão aparecem os brasileiros Gianluca Petecof, Guilherme Samaia e Felipe Drugovich. Dos três, o paranaense de Maringá é quem tem as maiores chances de título: seja pela referência mais recente, que é o grande trabalho que demonstrou na temporada passada, seja pelo fato de estar em uma das melhores equipes do grid, a UNI-Virtuosi.

Felipe tem dois desafios gigantes pela frente. O primeiro, claro, é chegar ao título. E mesmo que consiga triunfar em disputa direta com outros grandes pilotos, como o companheiro de equipe Guanyu Zhou e demais candidatos à taça como Robert Shwartzman, Jüri Vips, Liam Lawson, Jehan Daruvala, Dan Ticktum ou o prodígio Oscar Piastri, a missão de chegar à F1 é ainda mais espinhosa e hercúlea.

Diferente de Drugovich, todos os citados têm relação direta com alguma equipe da F1: Zhou e Piastri fazem parte do programa de desenvolvimento da Alpine, enquanto Shartzman é membro da Academia de Pilotos da Ferrari. Vips, Lawson e Daruvala integram o Red Bull Junior Team e Ticktum é vinculado à Williams. No fim das contas, trata-se de uma grande desvantagem para ‘Drugo’, que não ostenta tamanho privilégio.

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FELIPE DRUGOVICH; F2; FÓRMULA 2; UNI-VIRTUOSI;
Felipe Drugovich saiu sem pontos da rodada tripla que abriu a temporada no Bahrein (Foto: Fórmula 2)

Mesmo que seja campeão da Fórmula 2, Drugovich terá adiante um degrau ainda maior para alcançar a Fórmula 1. Chegar lá não é algo que dependa exclusivamente dos seus esforços.

A Fórmula 2 é o principal celeiro de talentos promovidos ao grid da Fórmula 1 nos últimos anos. Desde 2019, sete pilotos saíram da classe de acesso rumo ao Mundial.

No entanto, todos eles chegaram à principal das categorias do esporte a motor por meio de programas de desenvolvimento de equipes ou montadoras — como George Russell (Mercedes), Lando Norris (McLaren), Alexander Albon (Red Bull) e, nesta temporada, Yuki Tsunoda (Red Bull) e Mick Schumacher (Ferrari) — ou então pelas mãos (e pelos bolsos) de pais bilionários — Nicholas Latifi e, em 2021, Nikita Mazepin. E ao menos por enquanto, Felipe não se encaixa em nenhuma dessas opções.

FELIPE DRUGOVICH; FÓRMULA 2; BAHREIN;
Felipe Drugovich tem grandes adversários na luta pelo título da F2 (Foto: Dutch Photo Agency)

Ou seja, Drugovich tem de pilotar muito e sobressair em meio a um grid muito bom e forte para chamar a atenção de alguma equipe da Fórmula 1 e chegar lá. Novamente, o caminho não é fácil e é até injusto. Mazepin é um claro exemplo de piloto que está no grid da F1 não pela sua (baixa) qualidade técnica, mas sim pelo dinheiro quase infinito investido pelo pai, Dimitry, na combalida Haas.

‘Drugo’, portanto, precisa fazer uma temporada irretocável, quase perfeita, neste seu segundo ano de Fórmula 2. O paranaense tem talento de sobra e, se ano passado era um franco atirador correndo por uma equipe média, desta vez tem um carro de ponta e onde sentou no ano passado o vice-campeão da categoria, Callum Ilott — vinculado à Academia da Ferrari e reserva da equipe de Maranello na F1. Chances maiores, responsabilidades maiores, pressão maior também.

O começo da trajetória de Drugovich na temporada 2021, no Bahrein, não foi dos mais fáceis, como ele mesmo reconhece. Dos 2 pontos somados na terceira e principal corrida da rodada tripla em Sakhir — o piloto foi 16º na primeira prova e 14º na segunda —, Felipe entende que poderia ter saído com mais de 30 naquele fim de semana, cenário que lhe daria a segunda colocação no campeonato.

“Foi um final de semana complicado demais”, disse. “Acho que fizemos tudo certo, mas fatores externos e vários problemas complicaram tudo. Nas duas primeiras provas, não consegui desviar de manobras bruscas e, na terceira, nossa estratégia no uso dos pneus se mostrou equivocada, tanto que todos os que usaram tal estratégia acabaram ficando mais atrás”.

FELIPE DRUGOVICH; FÓRMULA 2; BAHREIN;
Caminho rumo à F1 é tortuoso e não depende apenas de um eventual título na F2 (Foto: Dutch Photo Agency)

“Marquei apenas 2 pontos em um fim de semana em que era possível marcar pelo menos 30, mas, mesmo depois de uma jornada assim, tenho confiança de que vamos brigar por muitos pódios nesta temporada”, declarou Felipe.

Tirando Shwartzman, que teve uma jornada pavorosa com o carro da Prema, campeã da temporada passada, outros cinco candidatos ao título somaram os chamados ‘big points’. Zhou teve um fim de semana consistente, saiu com a vitória na corrida principal e com a liderança do campeonato com 41 tentos. Lawson acumulou dois pódios, sendo um deles a vitória na primeira prova da temporada.

Daruvala não foi tão brilhante, mas foi o único piloto a pontuar em todas as três corridas e foi ao pódio na primeira disputa. O novato Piastri impressionou, venceu a corrida 2 e quase beliscou um pódio na terceira, enquanto Ticktum foi segundo colocado na prova dominical em Sakhir. Felipe, como ele mesmo mencionou, perdeu a chance de pontuar bem na corrida principal da rodada em razão de uma estratégia errada de pneus escolhida pela equipe britânica.

‘Drugo’ tem os testes deste fim de semana e pouco menos de um mês para ‘lamber as feridas’, recuperar as forças e dar a volta por cima entre 21 e 22 de maio, em Mônaco. O calendário tem mais 21 corridas, ou seja, tempo de sobra para o brasileiro brilhar e lutar pelo título. O que vem depois é outra história.

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