Retrospectiva 2024: Hadjar oferece resistência real e engrandece título de Bortoleto na F2

Isack Hadjar andou muito mais que o carro da Campos e proporcionou um excelente prólogo da final na rodada do Catar, ao deixar Lusail apenas 0,5 ponto atrás de Gabriel Bortoleto

Verdade seja dita: se o título da Fórmula 2 2024 tivesse ficado nas mãos de Isack Hadjar, teria sido tão merecido quanto a conquista de Gabriel Bortoleto, e é exatamente essa constatação que engrandece o feito do brasileiro. Em uma temporada cercada de expectativas não apenas pela estreia da nova geração e carros, mas também pela presença de nomes como Andrea Kimi Antonelli — e todo o frenesi gerado pela chance de ser o substituto de Lewis Hamilton na F1 —, foi mais que justo ver a disputa ficar entre dois dos melhores pilotos da atual geração.

Hadjar, aliás, só não conseguiu fazer mais no ano de estreia na categoria, em 2023, porque esbarrou nos inúmeros problemas com o carro da Hitech. Foi, então, para a Campos junto com o forte apoio da Red Bull, mas precisou de paciência até engrenar de vez na competição.

Coincidentemente, a Hitech deu salto significativo de performance com o novo regulamento, enquanto a escuderia espanhola sofreu bastante com o ritmo oscilante, além dos problemas de confiabilidade que tiraram o franco-argelino das duas corridas da rodada da Arábia Saudita. Só que a história começou a mudar para valer na Austrália.

Primeiro, na corrida sprint, a confusão na largada colocou o piloto na mira dos comissários, que o consideraram culpado pelo incidente que causou ainda abandonos de Josep María Martí e Bortoleto. Hadjar seguiu e venceu, mas tomou 10s de punição e caiu para sexto. Chegou, claro, ao domingo mordido, e nem mesmo o oitavo lugar no grid o tirou da lista de favoritos.

Bortoleto no pódio da corrida 2 da Bélgica com Hadjar: cena se repetiu algumas vezes em 2024 (Foto: Red Bull Content Pool)

Hadjar subiu ao degrau mais altodo pódio pela segunda vez em Melbourne, agora para valer, e demonstrou na prática a razão de tanto zelo dos taurinos em torno dele. Veio, então, a rodada da Emília-Romanha, no clássico circuito de Ímola, e ele precisou de braço para segurar Gabriel na briga pela vitória. Cruzou mais uma vez a linha de chegada em primeiro, mas disse que a disputa exigiu “foco que nunca tinha abordado”.

Do lado de Bortoleto, a velocidade de Isack foi igualmente reconhecida, e ele também admitiu que, até aquele instante, havia sido a corrida “mais disputada e difícil da vida”. A rivalidade, ainda que velada, estava instaurada dali para frente.

Ímola também ajudou Hadjar a entrar no top-3 — que logo virou top-2 até que, na Inglaterra, em mais uma vitória em corrida principal, assumiu a liderança, já abrindo 16 pontos de frente para Paul Aron. Só que, paralelo a isso, Bortoleto também crescia, e numa regularidade maior que a dele, ainda precisando tirar leite de pedra para se manter no topo.

Hadjar venceu mais uma corrida no ano, na Bélgica, em mais um duelo acirrado contra Bortoleto, mas a impressão era de que não seria complicado administrar dali em diante. E talvez não fosse, se a Campos novamente não tivesse o deixado na mão.

Na Itália, palco da performance arrebatadora de Bortoleto, Isack brigou muito com o ritmo ruim do carro no veloz circuito de Monza. Largando em segundo na corrida de domingo, poderia facilmente ter aberto boa distância para o rival, que partiu somente da última posição nas duas corridas depois de errar na classificação. Pois aconteceu exatamente o contrário: ele apanhou para pontuar, e Gabriel deixou a rodada italiana embalado pela surpreendente vitória.

A liderança, todavia, ainda estava nas mãos de Hadjar, e Baku era uma etapa preocupante para o brasileiro pela natureza do circuito — urbano, com trechos bem sinuosos e uma longa reta que exige bastante equilíbrio aerodinâmico dos carros. Foi quando um problema nos freios de Isack abriu a oportunidade perfeita para Bortoleto assumir a ponta, ele sabiamente não desperdiçou.

Só que Hadjar vendeu caro a liderança e proporcionou um prólogo da final perfeito no Catar. Em um circuito totalmente novo para a categoria, tirou ponto a ponto até ficar a mísero 0,5 de Gabriel — que empatara com Dennis Hauger em oitavo na sprint da Itália, daí a pontuação quebrada. E eram inúmeros os cenários que poderiam decidir o título por tal diferença risível.

A falha na largada da corrida 2, em Abu Dhabi, transformou a final em um completo anticlímax, mas não apagou tudo o que Hadjar fez ao longo do ano. Foi, sem dúvida, das melhores temporadas da Fórmula 2 em tempos, e certamente não teria sido assim não fosse pelos protagonistas do espetáculo.

Fórmula 2 volta a acelerar no próximo ano, entre os dias 15 e 16 de março de 2025, com a abertura da temporada em Melbourne, na rodada da Austrália.

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