5 coisas que aprendemos no eP de Misano, 6ª e 7ª etapas da Fórmula E 2024

O eP de Misano trouxe duas corridas fantásticas, a primeira vitória da Nissan na Fórmula E e uma nova declaração de força da Porsche. Confira cinco coisas que aprendemos na Itália

A Fórmula E passou por Misano neste fim de semana pela primeira em sua história, com duas corridas de pelotão que guardaram o segredo sobre os vencedores até os últimos instantes. No fim, Oliver Rowland herdou a vitória da corrida 1 após a desclassificação polêmica de António Félix da Costa, que cruzou a linha de chegada em primeiro, enquanto Pascal Wehrlein foi o grande vencedor da corrida 2.

O fim de semana acabou marcado por diversos assuntos além da pista, como as muitas multas dadas pela direção de prova, a desclassificação do português — que fez duas corridas fortíssimas e saiu zerado em pontos — e um problema bizarro da Nissan, que viu o painel de Rowland indicar incorretamente o número de voltas da corrida 2, o que fez o britânico ficar sem bateria em plena última volta — e enquanto liderava.

Ainda assim, a etapa italiana deixou boas lições. A Porsche segue fortíssima em ritmo de corrida devido a um trem de força extremamente eficiente, e Wehrlein, Da Costa e Jake Dennis — da cliente Andretti — comprovaram isso. Mais atrás, a Nissan encosta cada vez mais e dá sinais claro de que está, sim, na batalha pelo título. Não fosse o abandono, Rowland teria uma vantagem importante na liderança neste momento.

Nico Müller segue dando razão ao interesse da Porsche em seus serviços e fez novamente uma grande corrida no domingo (14), o que também vale para Sérgio Sette Câmara — que foi aos pontos nas duas provas, ainda que tenha sido punido na primeira e deixado o top-10 horas depois.

Diante deste cenário, o GRANDE PRÊMIO aponta cinco coisas que aprendemos na sexta e na sétima etapas da temporada da Fórmula E em 2024, em Misano:

Misano foi imprevisível do início ao fim (Foto: Fórmula E)

Porsche segue como força a ser temida

Que fim de semana da Porsche. Na pista, a equipe alemã cruzou a linha de chegada em primeiro duas vezes, mas saiu zerada da primeira prova depois da desclassificação de Da Costa. Ainda que a falta de alinhamento com a FIA continue, a montadora mostra que tem um trem de força extremamente eficiente e precisa estar sempre considerada entre as favoritas.

Da Costa cruzou em primeiro na corrida 1 depois de largar em 13º, enquanto Dennis, que também usa o motor alemão na Andretti, saiu de 18º e nono para chegar em segundo duas vezes. O time tomou a liderança do Mundial de Pilotos com Wehrlein e, não tivesse a desclassificação do português, teria também a ponta do Mundial de Equipes. Depois de ver a Jaguar dando as cartas no início do ano, a fabricante foi atrás e segue no páreo.

Jake Dennis busca bi na regularidade

Se conseguir conquistar o bicampeonato da Fórmula E ao fim da temporada, Jake Dennis terá o fim de semana do eP de Misano guardado em um lugar especial na trajetória. O britânico da Andretti teve um carro lento em todos os treinos livres e nas duas classificações, nas quais terminou em 18º e nono. Pois o piloto ignorou tudo isso e saiu da Itália com 36 pontos na bagagem, a maior pontuação entre todos os competidores.

Abusando da eficiência do trem de força Porsche, Dennis apostou tudo nas corridas e se deu bem. Mantendo-se longe de confusões, o inglês ganhou um número absurdo de posições ao longo das provas e se colocou entre os primeiros na reta final. Sofreu um pouco mais na segunda disputa com os pneus e a energia, mas segurou o segundo posto até o fim. Na base da regularidade, Jake já chega a três pódios consecutivos. É um dos mais consistentes do grid.

Dennis foi o maior pontuador do fim de semana de Misano (Foto: Fórmula E)

Buemi completamente perdido

Campeão da segunda teporada da história da Fórmula E, Sébastien Buemi simplesmente não aparece em 2024. O eP de Misano trouxe um novo ponto baixo para a temporada do suíço, em um ano inexplicável da atual campeã Envision — que nem sequer consegue se aproximar da fabricante Jaguar.

O veterano se colocou entre os primeiros na corrida 1 e deu sinais de que brigaria lá na frente, mas perdeu terreno rapidamente e sumiu no fim de semana. A segunda prova foi ainda pior, com Buemi se arrastando no fundo do grid ao longo de todo o tempo e abandonando no fim. Ano muito difícil, e é raro até ver o suíço aparecendo nas transmissões.

Abt Cupra em recuperação e Müller iluminado

A Abt Cupra cresce. Assim como em 2023, o time alemão supera sua fornecedora, a Mahindra, e mostra que está entre as que melhor operam na Fórmula E. É curioso imaginar o que o time de Lucas Di Grassi e Nico Müller faria com motores competentes, porque consegue extrair muito mais potencial do que a própria fabricante de seu trem de força de maneira regular. Fica a expectativa para saber como sua futura fornecedora, a Lola-Yamaha, chegará em 2025.

Atrás de Wehrlein e Dennis, Müller perdeu pódio para Cassidy na linha de chegada (Foto: Fórmula E)

E o que dizer de Müller? Levou a equipe ao mata-mata da classificação duas vezes e, em que pese não ter feito uma boa corrida 1, chegou simplesmente à última reta no pódio da corrida 2. Perdeu o terceiro lugar em cima da linha de chegada, por 0s050 para Nick Cassidy, porque a energia não aguentou. Mas justifica o interesse da Porsche e, assim como sua equipe, levanta dúvidas sobre o que poderia fazer em um conjunto melhor.

Corridas de pelotão entregam

Não tem jeito, as corridas de pelotão entregam emoção, caos e finais arrebatadores. A primeira parte da prova pode parecer que não vale nada, com carros tirando o pé e evitando liderar, mas é exatamente o oposto: trata-se do momento mais importante da disputa. Para vencer uma corrida de pelotão, não basta velocidade — também é preciso ser inteligente.

A estratégia é mais importante do que nunca, porque é necessário saber quando pisar fundo e quando aproveitar o vácuo. É algo parecido ao que se vê em alguns ovais, com pilotos guardando combustível para o momento certo, mas em uma versão elétrica e totalmente caótica. Além da eficiência, os competidores precisam evitar as batidas e prestar atenção em tudo que acontece ao redor.

É claro que não dá para a Fórmula E organizar uma temporada inteira de corridas assim, mas é muito importante que elas existam. Uma mescla entre provas mais tradicionais como Tóquio, Diriyah e Londres faz perfeito sentido em uma coexistência com maluquices como Misano, Portland e provavelmente Xangai. É diferente de tudo, imprevisível até o fim e absurdamente exigente. O público agradece.

Fórmula E retorna no dia 27 de abril, com a disputa da oitava etapa da temporada no eP de Mônaco — que tem todas as suas quatro atividades previstas para o sábado. O GRANDE PRÊMIO transmite a temporada completa AO VIVO COM IMAGENS no YouTube.

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