Explosão, incêndio e correria: o conturbado começo dos testes da Fórmula E em Valência

O início dos testes coletivos de pré-temporada da Fórmula E, em Valência, foi pego em cheio por um problema inesperado: um incêndio originado numa das baterias

É difícil imaginar como a temporada 2024 da Fórmula E poderia começar de maneira mais conturbada. Após a primeira sessão de testes coletivos de pré-temporada, no circuito de Valência, um incêndio aterrorizou a categoria a partir de uma das garagens e iniciou uma sequência de investigações que tirou qualquer átomo de normalidade possível para os trabalhos preparativos para o próximo campeonato.

Aconteceu na última terça-feira, dia 24 de outubro. A primeira das seis sessões de três horas, divididas por três dias, transcorreu normalmente. Mitch Evans colocou a Jaguar na liderança da tabela de tempos com uma volta nos últimos instantes, quase todos os pilotos deram ao menos 30 voltas — com direito a quatro passando das 50 — e nenhum grave incidente foi contabilizado. Apenas uma bandeira vermelha: quando Robert Shwartzman, que assumia o DS Penske do titular Stoffel Vandoorne, parou na pista após cerca de 2h15min de atividade.

Só que, passados 45 minutos do fim do treino — e quase uma hora e meia do problema de Shwartzman — a bateria do carro #2 estava em análise nos boxes da Williams Advanced Engineering (WAE), fornecedora única das baterias da Fórmula E. E foi dali que surgiu o incêndio que fez a região dos boxes ser evacuada.

De acordo com o site inglês The Race, Shwartzman travou na pista, como comumente acontece em testes coletivos, e não houve ordem da DS Penske para que parasse. Ao menos até aquele ponto, nada que pudesse apontar algo tão grave. O carro foi levado de volta aos boxes, enquanto a bateria foi para análise. De acordo com o veículo, durante a inspeção, deu para se ouvir uma explosão nos boxes da fornecedora. E, aí, fogo.

Bicampeão Jean-Éric Vergne estava no outro carro da DS Penske na terça-feira em Valência (Foto: LAT/Fórmula E)

Uma questão importante para ser entendida nos próximos dias está na resposta oferecida após o começo do incêndio. Embora a ação para conter o fogo tenha sido bastante veloz e efetiva, as críticas de quem estava no local estão apontadas para o sistema de evacuação do Autódromo Ricardo Tormo. O site inglês aponta que por pelo menos cinco minutos após o começo do incêndio não houve sinal auditivo no alarme de incêndio. O que fez com que a evacuação demorasse mais que o necessário. Algo grave num circuito fechado e estruturado como o valenciano.

No fim das contas, ninguém sofreu problemas graves de saúde: somente uma pessoa foi encaminhada ao hospital para checagens de precaução e logo foi liberada sem ter de realizar maiores exames.

Fato curioso de tudo isso é que, no momento do incêndio, chegou a se falar que os carros da Mahindra estavam na pista. Confusão momentânea vista a atividade nos boxes do time indiano e o fato da pista estar, sim, movimentada. Mas quem ocupava o traçado era a Porsche, que aproveitava o horário do almoço e a pista alugada para fazer imagens promocionais para a temporada. Imediatamente, a equipe avisou a António Félix da Costa e Pascal Wehrlein que completassem a volta e parassem os carros na saída do pit-lane, de acordo com o diretor-esportivo Florian Modlinger.

Além dos boxes da WAE, o da Mahindra, que fica logo ao lado, também sofreu danos. Especialmente na parte do sistema de TI da operação voltada a Nyck de Vries, que retorna à categoria após breve passagem pela F1. A equipe anunciou que participaria da retomada com apenas um dos carros, o de Edoardo Mortara, por conta de “danos extensos”.

Nyck de Vries saiu na pior após o incêndio ainda danificar o lado dele dos boxes da Mahindra (Foto: LAT/Fórmula E)

Após a contenção do fogo, FIA, Fórmula E e WAE passaram a investigar as origens e chegaram à bateria auxiliar de 12 volts, parte da unidade de bateria dos carros da Fórmula E — baterias auxiliar de 12 volts são bastante comuns em funcionamentos de baterias de íon lítio. É algo bastante relevante, uma vez que as baterias acabaram de passar por uma remodelagem por conta do gerenciamento de ciclo e vida útil das baterias no Gen3.

Apesar da WAE ser a responsável pelo projeto e montagem das baterias, as células eletroquímicas que geram a energia elétrica nela contida é produzida pela francesa TotalEnergies, que formata esse tipo de especificação atual para as baterias da Fórmula E desde 2021.

Embora outras categorias elétricas tenham sofrido com gravíssimos incêndios em suas origens, caso do Ralicross e da MotoE, a Fórmula E chegou a quase dez anos sem incidentes sérios. É a primeira vez que um incêndio realmente tira a Fórmula E do prumo.

Apesar da reposta de segurança ao incidente ter sido satisfatória do ponto de vista da categoria e da FIA, resta saber qual a possibilidade de algo assim voltar a acontecer num futuro breve. A Fórmula E, após adiar quatro sessões de testes consecutivas, concluiu, ao menos, que havia segurança para retomar os trabalhos na quinta-feira e seguir adiante com os preparativos para a temporada 2024.

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