Guia Fórmula E 2025: Di Grassi mira belo epílogo, mas precisa construir Lola Yamaha
Último brasileiro da geração ex-Fórmula 1 que migrou para a Fórmula E e único representante do país no grid, Lucas Di Grassi chega para a temporada 2024/25 longe dos dias de glória. O piloto agora assume um papel de mentor junto de um jovem companheiro e um projeto novo em um ambiente já conhecido
O Brasil sempre foi bem representado na Fórmula E e encontrou muito sucesso nos monopostos elétricos. Desde Nelsinho Piquet vencendo o título inaugural até as jornadas de Bruno Senna, Felipe Nasr, Sérgio Sette Câmara, Felipe Massa e Lucas Di Grassi. Este último, inclusive, é o mais longevo da lista e o único brasileiro ainda nos monopostos elétricos, já que a saída de Sette Câmara da Kiro foi confirmada. Porém, os dias de glória não têm dado as caras e a presença de Di Grassi no grid desta temporada se deve, sobretudo, ao conhecimento que tem da tecnologia e a confiança da equipe com a qual tanto fez.
Mas o experiente piloto brasileiro chega em baixa para a primeira etapa da 11ª temporada, em São Paulo, e vive um momento de baixa em um carreira de sucesso na modalidade. Para 2024/25, Di Grassi não tem tantas ambições e assume o papel de mentor em um projeto novo, que tem ares de última grande etapa da carreira.
É a peça principal – e que traz muita experiência – do novo projeto da ABT, que adotou o trem de força Lola Yamaha para a nova temporada. A equipe, com isso, vem totalmente repaginada para 2024/25, com um novo motor e também com muitas ambições.
A Lola Yamaha já está comprometida a longo prazo com a Fórmula E. Antes mesmo de estrear na categoria, já renovou até a era Gen4 e garantiu permanência no grid até ao menos 2030. Ainda há incertezas quanto ao compromisso da Yamaha neste período, mas a Lola segue confiante no investimento no campeonato.
Quando ainda era ABT, Di Grassi foi o grande nome da história da marca na Fórmula E, tendo defendido a equipe de 2014/15 até 2020/21, quando era o time oficial da Audi. Neste período, conquistou o título do Mundial de Pilotos em 2016/17 e de Equipes em 2017/18. Por isso, está nas mãos do brasileiro a responsabilidade de construir o início da promissora jornada da Lola Yamaha nos monopostos elétricos.
Porém, como apontado anteriormente, a fase não é boa. Antes de voltar à ABT em 2023/24, o piloto defendeu a Venturi e a Mahindra de 2021 a 2023, em temporadas de algum sucesso, mas com pouco brilho e consistência.
No entanto, essa apatia em pista se intensificou na segunda passagem de Di Grassi pela ABT. No duelo entre companheiros de equipe na temporada passada, o brasileiro foi dominado por Nico Müller, que somou 52 dos 56 pontos do time. Lucas, por outro lado, fez somente quatro e admitiu que teve “a pior temporada da carreira”.
Ainda assim, o benefício da dúvida favoreceu Di Grassi, que se viu próximo dos pontos em várias ocasiões na última temporada e viveu muitos ‘quases’ ao acumular diversos 11º lugares. E ganhou sobrevida e foi mantido para 2024/25; Agora, busca um belo epílogo para encerrar a jornada na Fórmula E.
Outro fator favorável ao brasileiro foi a saída de Müller para a Andretti. Com isso, veio a renovação com a ABT para a primeira temporada sob o nome Lola Yamaha e os caminhos do piloto e da equipe se cruzaram mais uma vez. Di Grassi agora terá de guiar os primeiros passos da repaginada equipe em seu – possivelmente – último capítulo na modalidade.
Aos 40 anos, vai atuar ao lado de Zane Maloney, piloto de destaque da Fórmula 2 em 2024 e que tem apenas metade da idade do brasileiro. O barbadiano fará a temporada de estreia ao lado de alguém que terá de servir também como suporte.
Di Grassi tem 116 largadas, 13 vitórias e 40 pódios na Fórmula E, além do título de 2017. Nesta altura da carreira, esses números – que, de fato, impressionam em uma categoria tão jovem – servem mais para reforçar o papel de figura sênior do que para ilustrar as expectativas para a temporada que vem.
Há, porém, um contraponto. A pré-temporada da Lola Yamaha em Jarama, na Espanha, pode ser compreendida como animadora. A equipe foi a que menos andou ao longo dos dias de teste, mas apresentou um ritmo forte e até superior ao que o time estava andando na temporada anterior tendo a Mahindra como trem de força.
Lucas é um ás, mesmo em anos de dificuldade, pelo conhecimento da tecnologia elétrica e capacidade de desenvolver o carro. Para quem acompanhou de perto o ano passado, sabe que a velha velocidade apareceu, ainda que em forma de lampejos, em diferentes momentos. Quem sabe é a hora de reconciliar com as primeiras posições do grid, alçando a nova fabricante de trens de força a um patamar de destaque logo de saída.
Ainda assim, com o pouco tempo de pista e as inúmeras variáveis que envolvem um teste de pré-temporada, a Lola Yamaha ainda é uma incógnita para 2024/25. Mesmo se o carro for competitivo, Di Grassi terá de superar a própria fase negativa e a juvenilidade de um companheiro de equipe que tem tudo para ser tratado como o futuro da esquadra.
A Fórmula E abre a temporada neste fim de semana, entre os dias 6 e 7 de dezembro, em São Paulo. O GRANDE PRÊMIO faz cobertura completa e com presença IN LOCO no Anhembi com a presença da equipe de transmissão, Geferson Kern, Pedro Henrique Marum e JP Nascimento, bem como Daniel Balsa, Giovani Danjo, Grazielly Costa, Guilherme Bloisi, Pedro Luis Cuenca, Renato Ribeiro, Rodrigo Berton, Thiago Rocha e Victor Martins.
▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ LEIA TAMBÉM: GRANDE PRÊMIO mantém acordo para 2024/25 e transmite Fórmula E pelo 3º ano